Capítulo 1 (editado)

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Era uma noite escura e fria, numa grande floresta. Naquele lugar as árvores eram secas e altas, que pareciam tocar no céu negro sem estrelas e sem luz. Jack Frost passeava sozinho na floresta, naquele terreno de terra batida, onde as finas raízes se entrelaçavam umas nas outras. Não se ouvia nada para além do vento que chocava contra os ramos. Porém, as árvores eram tão altas, que a certo ponto, se parecia levantar um grande nevoeiro, o que impedia de ver o seu topo. Jack, como estava sozinho num local desconhecido, contava em encontrar o Homem da Lua, para que ao menos lhe dissesse onde estava e o que lá fazia. Mas não havia sinal dele.  De repente, vindo do nada, uma faísca de fogo saiu da sua mão, por onde deveria sair gelo e incendiou o seu bastão, este largou-o logo, que pouco tempo depois converteu-se em cinzas. Estava desarmado e confuso, mas como estava sozinho não havia problema. Pensava ele. Até se virar e deparar-se com um Lobo negro saído detrás de uma árvore, que lhe rosnava ferozmente com tais dentes afiados, olhos vermelhos, umas garras enormes, ao peito um pendente dourado com minúsculos diamantes pretos e no centro dele um estranho símbolo vermelho mas ao mesmo tempo familiar. De facto era o mesmo símbolo que se encontrava no teste do pavimento de Rowena em Hogwarts, igualmente como aquele que apareceu no céu, no dia em que os TBF abriram o portal para a Cidade das Sombras. O animal parecia estar decidido em atacar com o pelo eriçado, não lhe tirava os olhos de cima de modo algum. Jack poderia tentar defender-se, mas como? Sem o bastão não tinha nada com que lutar, incluindo a varinha que também se encontrava nele, então aconteceu, o Lobo saltou-lhe para cima.
O rapaz acordou num sítio ao qual parecia ser uma sala de trono, num castelo negro com efeitos sombrios. Tentou-se soltar para escapar, mas estava acorrentado pelos pulsos e tornozelos, sem qualquer contacto com o chão ou parede, apesar de estar ao fundo da sala. Precisamente nesse lugar, encontrava-se uma porta com tal escuridão que dava a ideia de ser feita de sombras. De lá apareceu uma mulher de aspeto familiar a Jack. Tinha um vestido comprido e negro até aos pés, com um decote do ventre até aos ombros juntamente com uma gola alta, fina, que lhe chegava até metade da cabeça. Tinha também umas mangas compridas e na ponta, largas, tendo características de um manto, tal como o uniforme que Jack usava em Hogwarts. O seu cabelo era preto e longo, onde á frente era-lhe desbastado e penteando para trás, com uma curta madeixa no meio da testa. Continha nas mãos, umas unhas mais afiadas que navalhas e uns lábios negros como o carvão. Esta olhava para Jack mantendo um ar de um estranho prazer, com tais olhos amarelos.
Fez sinal com um simples gesto de mãos.

Ela: "Podes entrar".

Uma rapariga muito parecida a ele, entrou. Continha as mesmas roupas que Jack, tirando as calças que em vez disso eram calções, mas sem a transformação que o "Homem da Lua" lhe deu quando lhe devolveu os poderes, depois da batalha. Ela tinha olhos vermelhos, e muitas parecenças com a mulher que se encontrava ao lado dela, pelo menos em termos de escuridão. O seu bastão tinha as mesmas cores que a sua roupa e cabelo, negro, com espinhos, que o admirava que não lhe doesse ao pegar. Esta aproximou-se de Jack sorrindo-lhe. Ele não conseguia evitar expressar o seu medo pois era demasiado forte. O rapaz tentava encontrar o Chamariz que Emma lhe dera, mas não o tinha, estava em pânico. A rapariga continha também longos cabelos e o seu mesmo penteado, era tudo muito parecido e familiar, mas ao mesmo tempo muito confuso. Não conseguia compreender por muito que tentasse. A rapariga sorriu-lhe e mostrou nesse mesmo, dois afiados caninos, algo invulgar, mas semelhante aos de um devorador. Mas de quê? Assim que estava suficientemente próximo dele, espetou-lhe sem qualquer piedade, um dos espinhos do bastão na zona do ventre.
Jack Frost acordou num grito, a meio da noite no seu quarto. A transpirar por todo o corpo, com a respiração acelerada. Não parava de fixar o lençol por o qual se tapava, pois quase tinha apanhado um susto de morte com aquele pesadelo...outra vez. Por causa daquele acontecimento Kaila e Snowdrop acordaram num sobressalto. Enquanto a serpente dormia na sua cama junto á sua mesa-de-cabeceira, a coruja dormia ao pé da porta de entrada para a enorme varanda, que ele tinha no quarto de gelo. Este não era muito grande, mas também Jack não precisava de muito espaço. Tudo o que lá havia, era feito de gelo. Até mesmo a enorme claraboia que tinha por cima da cabeça. De dia não passava de um simples teto de gelo. Mas de noite, tornava-se tão fina, semelhante a um vidro, que o permitia observar o céu estrelado e as Auroras Boreais, não tornando o ambiente mais frio. Ele dormia numa cama de rede, a uma boa distância do chão. Esta era branca, larga e comprida, mas bastante confortável. Por fim acalmou-se.

Kaila: "Outra vez o mesmo pesadelo?"
Jack: É sempre o mesmo, Kaila!! Ainda não consegui perceber porque é que os tenho... todas as noites!! Não faz sentido! - suspirando, com a mão na testa - Eu... acho que vou apanhar um pouco de ar lá fora.
Kaila: "Queres que vá contigo?" - ainda um pouco preocupada.
Jack: Não...vocês precisam de descansar. Eu volto já.

Saltou da cama de rede, pegou no bastão que se encontrava á porta do seu Quarto, abriu-a e saiu. Podia muito bem ir á varanda, mas queria estar realmente sozinho. Desceu as escadas em espiral, que também as transformava de vez em quando em escorrega, para descer mais rápido. E foi até á cozinha. Retirou uma maçã da cesta e continuou a desce-las, pois a cozinha era só um pequeno desvio na escadaria. O quarto de Jack ficava na torre mais alta do castelo, já que ele gostava tanto de altitudes, decidiu construí-lo ali. Por fim, deparou-se com a sala de estar. Era grande e acolhedora, continha dois enormes sofás, uma lareira que estava geralmente apagada, uma minúscula janela, alguns ratos de brincar que Kaila usava para se entreter, e um enorme tapete felpudo.
O seu Castelo não continha qualquer luz artificial, e o rapaz não era muito fã de tochas. Parece estúpido colocar fogo num castelo de gelo, mas Jack lançou o mesmo feitiço que lançara á caixa que dera a Katrine, portanto não poderia derreter. Em vez de tudo isso, usava outra coisa. Graças á Lua, o gelo que criara pode refletir a sua luz e iluminar todo o Castelo, juntamente com o Sol que fazia o mesmo trabalho de dia, e assim não precisava de nada daquilo. Jack caminhava pelos corredores, mas como ele vivia dentro de uma montanha eram mais considerados túneis. O rapaz tinha muitas salas incluindo a Sala da Neve, onde gostava de fazer guerras de bolas de neve com Kaila. A técnica do "gelo refletor" era usada especialmente na Sala dos Espelhos, situada do outro lado do castelo, e considerada também a mais iluminada.
Finalmente chegara ao Salão, uma sala enorme, a maior de todo o Castelo, principalmente, porque era a que sobressaia mais á vista de fora. Continha pilares em todos os oito cantos, mas estes tapavam-nos tão bem, que quase parecia um círculo perfeito, o chão era um autêntico Floco de Neve e o teto criava um cone, mais arredondado nas bases e mais estreito no bico, de onde saia um maravilhoso candelabro coberto de cristais de gelo até á ponta, o que era também uma das coisas que mais iluminava o Salão. De dia o teto fechava-se em gelo, mas de noite transparecia tal como a claraboia de Jack, e mostrava as mais lindas constelações.
Tinha arranjado uma janela secreta, escondida num dos cantos da base do cone, por onde saia, caso quisesse ficar sozinho um pouco. Sentava-se nas bermas do teto do Salão, encostado ao gelo do cone. De capuz metido lá se encontrava ele, já contra tudo e todos á sua volta.

Jack: Sei que provavelmente não me vais responder! - aí virou a cara para Ele e continuo - Mas...podias dizer-me ao menos...porque é que os tenho? Porque é que sofro com todos estes pesadelos? De onde vêm? - nada lhe disse - Não me parece que custe realmente! Eu não tenho as respostas pra tudo! Posso ser um Guardião-Feiticeiro mas isso não quer dizer nada! - continuou em silêncio - Sabes...ás vezes acredito mesmo que esteja a falar sozinho! Apesar de saber que estou a falar contigo! - e suspirou - Foste a primeira... pessoa que me apoiou! A primeira pessoa que falou comigo...e que esteve lá quando eu mais precisei. Volta a ser essa pessoa! Sei que para ti um simples pesadelo não é nada comparado com a ajuda que me deste no passado, mas...não deixa de ser. Por favor, não fiques em silêncio - e pausou, por um longo período - Não te estou a pedir muito. Só quero uma resposta, uma pista, até pode ser um enigma! Qualquer coisa!! - ele fez uma pausa e num momento olhou para a Lua - Qualquer coisa...- e esperou.
Homem da Lua: "Não te posso responder ás perguntas que me questionas, Jack Frost - num tom alto, mas ouvinte - O que procuras está mais perto do que pensas! Incluindo aquele ao qual te deves questionar".
Jack: Ela...! - para si.
Homem da Lua: "É com esse que te deves focar agora. E procurar o que anseias. Não é comigo que jazem as respostas" - Jack baixou a cabeça.

Fez-se uma pausa entre os dois até Jack continuar.

Jack: Então...isso quer dizer que não me vais dizer o que isto significa? - nada disse - É só isso que tens a dizer? Que não sabes nada? - não respondeu - Então... estás a insinuar que se eu precisar mais da tua ajuda me vais deixar-me á deriva?! - não passou de silêncio - Ah...! - com um tom desprezível - Obrigado, então!

Jack Frost levantou-se pegou no bastão e voltou para dentro. Voltou a deitar-se na cama de rede e adormeceu. Sem ter mais pesadelos o resto da noite. Teve apenas "uma noite em branco".

Primeiro Capítulo de uma nova história. Espero que gostem.😘😘😋😋

Immortal Guardians: The Big Four e o Portal da Dimensão ParalelaOnde histórias criam vida. Descubra agora