Capítulo 7

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Dentro do Vale Negro, ocorriam outras coisas, com outras personagens. Era um vale escuro, desértico e frio por assim dizer. As árvores eram altas, de troncos estreitos e ocos. O terreno era húmido, mas pouco moldável em relação á terra. O tempo, já por natureza, permanecia sempre nublado, não se sabia bem porquê, mas ali, não entrava um único raio de sol, há décadas.

Darkness permanecia em pé junto da janela do seu quarto. Era alta, com a forma de um arco, bicudo no topo. Os vidros permaneciam abertos e deixavam entrar o ar frio daquela tarde, fazendo esvoaçar as cortinas rasgadas. O quarto era alto e extenso. No entanto, todo o seu Castelo se concentrava apenas na cor da sombra e das trevas, sem variar muito. Olhava o horizonte solarengo, que se estendia para lá do vale. As árvores eram verdes e o céu azul. Não se avistava nuvens para aqueles lados, mas já não se podia dizer o mesmo em relação a este. Parecia uma barreira que separava o vale de tudo o resto. Uma barreira, que quando os The Big Four a ultrapassassem, ficariam vulneráveis.

Existia um silêncio tremendo naquela divisão do castelo. Darkness apenas se limitava a olhar para o lado de fora, focada no objetivo que tinha em mente e nada mais. Mas no seu pensamento, para o cumprir, teria de esperar pelo momento certo. Sabia que os TBF viriam ao seu encontro, daí não precisar fazer nada. Breu surgiu das sombras de um dos cantos do quarto. Serio e silencioso, vendo a sua versão ali parada com os cabelos negros esvoaçando:

Breu: Então é isso...? - perguntou num tom sombrio - Vais ficar á espera, que aqueles quatro Feiticeiros venham ao nosso encontro...?
Darkness: Oito - no mesmo tom.
Breu: Como queiras - e pausou - Deves estar muito confiante daquilo que vais fazer, para ficares aí parada a olhar para ontem!
Darkness: Tenho planeado isto há anos, Breu. Creio que sei o que estou a fazer.
Breu: Mas...tens consciência com quem estamos a lidar, não tens?

Nada disse.

Breu: Eles são os The Big Four, minha cara versão.
Darkness: E? O que é que tem?
Breu: O que tem...é que eu acho...que já esperámos o suficiente durante a nossa imortalidade. Todos aqueles anos, a planear, a esperar...para no final...perdermos tudo. Sabes isso tão bem quanto eu. Por isso...creio que chegou o momento de agir, e parar de esperar.
Darkness: E o que pretendes com isso?
Breu: Estou a tentar dizer-te...Darkness, que os The Big Four são poderosos. E nós bem sabemos disso. Se quatro já eram um problema, então imagina oito. Somos só dois, e ficar aqui parado é que não fico. A força é a sua união. Mas...se dividir-mos essa força...ou pelo menos, causar-mos uma discórdia entre ela...já não fica tão forte.
Ela virou-se para Breu lentamente com um longo sorriso na cara, e perguntou-lhe com a maior calma:

Darkness: O que é que tens em mente?
Breu: Oh, nada de muito complexo. Aliás...nem temos sequer de fazer muito. Basta...alimentar a razão de alguém, para que essa mesma pessoa faça aquilo que queremos.
Darkness: E como fazemos tal coisa?
Breu: Creio que...existe alguém...que o pode fazer por nós.
Darkness: Ficar-lhe-íamos em dívida!
Breu: Sabes bem...que poderemos pagar mais tarde com aquilo que iremos criar! Eles só aceitam isso por agora! E nós...já estamos um passo à frente nesse assunto!
Darkness: Hum. Está bem. Nesse caso...já que é assim...vamos jogar.

A longa tarde já se estendia em horas. Porém o sol ainda se mantinha longe de descansar no horizonte. Enquanto não ultrapassavam a fronteira do Vale Negro aproveitavam para recolher alguma comida das árvores e por vezes fazer aparecer com as suas varinhas. Os TBF conversavam em conjunto e ainda soltavam umas boas gargalhadas. Recordavam momentos e tiravam curiosidades sobre o que tinha acontecido ás versões, depois da Linha Dimensional ter sido quebrada. Afinal, tudo tinha-se alterado totalmente. Os seus Guardiões, também faziam o mesmo. Pulavam para aqui e para ali, corriam por entre as pernas dos Feiticeiros, e treinavam movimentos que pareciam de combate. Mas não se afastavam muito dos donos. Não se fossem perder. Kaila estava decidida a ficar em cima do ombro de Jack, mas por os amigos estarem a insistir tanto, acabou por saltar dali. Existiam momentos, em que todos iam silenciosos, por ouvirem algo suspeito. Mas acabava sempre por ser algo inofensivo. Jack lá puxava conversa ou entrava numas quantas quando queria discutir algo. No entanto preferiu ficar calado mais tempo. Observava Jane que ia maioritariamente á frente deles, olhando sempre aquilo que os rodeava. Quase não conversava com os outros. Era um silencio infernal por parte dela. A Ângela lá a puxava para as piadas, mas ela pouco participava. Jack não conseguia sequer imaginar-se a conversar com ela, assim, sem mais nem menos. Tinha tantas duvidas acerca de Jane. A história deles até que era bem convincente. Mas Jack não conseguia tirar da cabeça a imagem negra dela a sorrir-lhe com tais olhos vermelhos. A Marca, o Vale Negro, não usar magia. É um pouco demais, só para encontrar um simples espírito. Se é que existia mesmo. A certeza de que Jane talvez lhes estivesse a mentir, ou planear algo para os entregar ao Lado Negro ainda pairava no ar. A História dos Demónios, o Pesadelo. Será que...era verdade? Ou estaria a exagerar? Olhava em volta, e já se tinha silenciado há algum tempo. Os pássaros esvoaçam em volta deles, enquanto Pendraana e Pendragon saltavam e corriam atrás deles, com as garras para fora.

Immortal Guardians: The Big Four e o Portal da Dimensão ParalelaOnde histórias criam vida. Descubra agora