17 - Sexta-feira

11.7K 989 813
                                    


Louis costumava gostar quando o sebo tinha clientes.

Afinal, ali era tão parado e mesmo que ele usasse seu tempo para estudar, ler algum dos livros ou tentar escrever alguma música, ainda assim tinha momentos em que ele se pegava olhando para o teto no maior tédio, sem conseguir pensar em nada. Se sentindo num vazio idiota que só lhe fazia refletir sobre besteiras.

Mas naquela sexta-feira sua tarde foi diferente. Já fazia umas duas horas que estava trabalhando – ou melhor, olhando para o teto – quando o sino que anuncia a chegada de clientes ecoou no ambiente, tirando-lhe dos devaneios.

Eram dois meninos, que deviam ter por volta dos doze anos, dois alfinhas.

Louis sorriu simpático ainda atrás do balcão, lembrando-se da última vez que tivera clientes jovens, ainda naquela mesma semana. Pensou que os dois meninos de agora seriam amantes de literatura como Amy, Tristan e Emma eram, ou talvez estivessem ali para caçar algum livro raro para um trabalho de escola.

"Boa tarde! Como posso ajuda-los?" se manifestou chamando atenção dos dois pirralhos que só o viram depois de ouvi-lo. O balcão ficava numa parte da loja afastada da porta de entrada, de modo de que as milhares de estantes lotadas de livros poderia te fazer perder a visão do garoto de olhos azuis trabalhando quietinho ali.

O menino mais alto tinha uma das mãos já postas sobre algum dos livros, e ele trocou um olhar travesso com o mais baixo antes de fazer um sinal com cabeça e simplesmente empurrar todos os livros da prateleira no chão.

O movimento e o barulho brusco fez Louis arregalar os olhos, surpreso com o que o aquele moleque tinha feito. De propósito. E então o mais baixo fez o mesmo com outra prateleira, e os dois pirralhos derrubaram o máximo de livros possíveis, até que Louis saiu de trás no balcão indo na direção dos dois e gritando para que parassem com aquilo.

"Mas que porra vocês pensam que estão fazendo? Parem com isso!" Os dois moleques começaram a correr no ambiente pequeno e chutar tudo. Louis estava vermelho de raiva e tentou pegar um dos garotos.

"Corre, corre!" o mais alto gritava enquanto chutava os livros caídos no chão.

"Te peguei, sua peste!" Tomlinson gritou irritado pegando o pirralho mais baixo pela braço. "Você vai arrumar tudo!" empurrou o garoto para o chão, querendo faze-lo recolher os livros que foram derrubados ali, mas o garoto apenas se debatia tentando se soltar e gritando. O outro pirralho, mais alto e que também era mais velho, gritou com sua "voz alfa" para que Louis soltasse seu amigo. Louis apenas revirou o olho inconformado com aquela situação patética.

Ele continuava segurando o garoto. "Arruma logo isso, seu pirralho dos infernos!". E o menino menor continuava tentando se soltar, repetindo vários "Não! Me larga! Eu não vou arrumar nada!". E Louis o apertava mais contra o chão.

Ele era maior que o garoto, e tudo bem, eram crianças, mas ele estava tomado de raiva pelo que eles estavam aprontando e Louis sabia bem que, crianças ou não, tem gente que é ruim desde sempre. E então Louis pressionava com força o corpo do garoto no chão, para machucar mesmo.

E o garoto gritava, e Louis gritava, e o outro garoto gritava e derrubava mais livros. E tudo era uma baita confusão até o menino mais alto empurrar uma estante na direção de Louis e do amigo que estava tentando se levantar do chão e se soltar do aperto do ômega. Fazendo com que Louis fosse para trás para evitar que a madeira pesada caísse sobre si, e o garoto que estava no chão pudesse se levantar e correr.

Em meio ao barulho alto da estante se encontrando com o chão e os livros já derrubados, Louis só conseguiu ver poeira e os dois pirralhos correndo para fora da loja.

Originals ⚜ abo ⚜ l.s. {incompleta}Onde histórias criam vida. Descubra agora