21 - É como eu me sinto

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Vergonha.

Era isso que predominava no pequeno corpo recém-lavado e vestido nas mesmas roupas de antes.

Louis não tinha noção alguma de quanto tempo tinha ficado preso naquele banheiro.

Ele chorou... Chorou, chorou e chorou. Soluçou até não aguentar mais e assistiu tudo isso no espelho do banheiro em que se encontrava. Seu estado era deplorável e sua mente ia de repassar toda a angústia anteriormente sentida para ter noção do presente e de como Harry o viu naquela situação lamentável.

Harry... O alfa que ele tinha expulsado de seu apartamento, logo após expulsar seu melhor amigo. Amigo esse que ele queria socar, e depois pedir desculpas, e então socar e gritar, enquanto é abraçado. Mas diferente de Zayn, Harry não o obedeceu.

Louis conseguia sentir sua presença no apartamento. Sem contar as vezes em que o alfa veio bater delicadamente na porta, provavelmente para se certificar de que o ômega ainda estava vivo, e para tentar persuadi-lo à sair do banheiro.

Harry batia delicadamente duas vezes na madeira da porta, que era tão fraca que ele conseguiria arrombar sem problemas, e então com sua voz mansa ele chamava Louis. Perguntava se estava tudo bem, e obviamente era uma pergunta retórica, até porque era óbvio que não estava tudo bem, há muito tempo – como Zayn mesmo alertou – todavia Harry se colava na porta e podia sentir pela distância pequena que Louis não estava se machucando e isso era tudo que ele precisava saber.

O deixava em paz por algum momento, só para mais tarde novamente bater na porta e tentar convencê-lo a sair. No começo Louis gritava, seguido repetidamente por sussurros fracos, o mantra: "Vá embora. Me deixe em paz.". Mas depois ele se calou e apenas estava envergonhado demais para sair dali e enfrentar o alfa.

Harry tinha preparado o café da manhã. A tão esperada panqueca, acompanhada de mais um monte de coisas gostosas cujo cheiro fazia a barriga de Tomlinson roncar e imaginar o quão bom seria esse momento de café da manhã se não fosse numa manhã após a noite conturbada que tiveram.

Ele tinha tomado banho e tentado seu melhor para parecer apresentável. Mas o rosto não desincharia tão rápido após tanto choro, e de qualquer forma tentar fingir que estava bem era besteira. Harry já tinha lhe visto em seu pior estado. E sinceramente, depois de tudo que foi dito e das milhares de vezes que o ômega lhe mandou embora, Louis não conseguia entender o porquê de Harry ainda estar ali.

Fazendo seu café e o tratando carinhosamente. Como sempre.

Porque aparentemente, não importava o quão fodido fosse o seu passado - ou sua aparência e atitude - Harry continuaria ali. Sendo gentil.

O que era uma coisa boa, mas fazia Louis se sentir um merda.

E ele ainda pensava em Zayn e seu olhar chateado ao ser expulso. Ele mereceu, não mereceu? Louis nem sabia mais. Sua raiva parecia se esvair quando pensava que em anos de amizade aquela foi a primeira vez que brigaram.

Niall e Zayn eram tudo que Louis tinha.

Os dois o acolheram quase como um filho, o que era estranho para o ômega, que não estava acostumado a receber gentilezas.

Ele achava que era a magia de Londres. A terra das oportunidades.

Quando se viu livre do orfanato Louis logo deu um jeito de sumir daquela cidadezinha medíocre na qual os habitantes pareciam isolados do mundo real. Ele não tinha certeza do que encontraria em Londres, mas qualquer coisa seria melhor do que aquele orfanato. Conseguir dinheiro para chegar até seu destino foi uma batalha. Ele tinha medo de demorar muito no caminho e ser pego por alfas, mas para quem já estava fodido mais cicatrizes não fariam diferença. Essa parte de sua vida era outra parte conturbada que preferia esquecer.

Originals ⚜ abo ⚜ l.s. {incompleta}Onde histórias criam vida. Descubra agora