24 - Beijos são bem-vindos

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Louis estava cansado. Morto, por dentro e por fora. O dia tinha sido longo, e o jeito que sua mente não parava quieta o fazia pensar, repensar e sofrer, tanto por antecipação quanto por tudo que já havia acontecido. E ainda, provavelmente, havia muito o que acontecer. Não de positivo, porque sua vida parecia uma bola de neve que apenas desce descontroladamente uma montanha e fica cada vez maior pelo caminho. Sem possibilidade de pausa. Sem um recomeço. Apenas descendo e descendo, e o fim era inevitavelmente ruim.

Ele sabia que seu chefe, o amável Senhor Collins, estava desapontado. Não era sua culpa, no entanto, Tomlinson era apenas um ômega que trabalhava sozinho em um estabelecimento pouco frequentado. Qualquer um poderia entrar ali e causar uma bagunça se quisesse e ele não conseguiria impedir. Isso só lhe reforçava o sentimento de impotência. De qualquer forma, seu chefe não contestou sua explicação, ficou um pouco chocado e talvez tenha reconsiderado mentalmente a ideia de deixar um ômega tomando conta de seu negócio, mas ele não tocou no assunto demissão.

Ainda seria mais seguro começar a procurar um novo emprego. Louis podia ver nos olhos castanhos do velho que em pouco tempo ele lhe olharia da mesma forma e diria "eu não preciso mais de seus serviços". E aí sim Louis estaria na merda, com a vida toda ferrada e duro, totalmente duro.

E como para ignorar o possível e provável desemprego, Louis fumou. Cinco cigarros seguidos. Seus cotovelos chegaram a ficar avermelhados e doloridos pelo tempo em que foram forçados contra o batente da janela. E como continuação do ritual de ignorar os problemas, o ômega tomou um banho longo e tão quente que ele poderia fazer um chá de si mesmo. Quando saiu da sauna que o pequeno banheiro se tornou estava vermelho por completo.

Se jogou em sua cama ainda enrolado na toalha branca fofinha, com preguiça demais para se agasalhar e com o corpo ainda muito aquecido para queixar-se de frio. Era irresponsabilidade, e até mesmo burrice, arriscar adoecer quando as coisas já estavam tão complicadas. Louis podia sofrer sem ter a garganta arranhando e o nariz escorrendo.

Mas no momento ele nem estava pensando, era apenas seu corpo ali, encolhido sobre a cama como um bichinho indefeso, tentando se manter quentinho e seguro apenas com a toalha.

Sua respiração era o único barulho ouvido ali, e o esforço para esvaziar a mente era grande. Mas um bip do celular lhe tirou da onda de calmaria.

Harry tinha mandado uma mensagem. Ele só estava perguntando se o ômega estava bem e o mesmo fitou a mensagem por bons trinta segundos antes de responder e começar uma conversa leve.

Tomlinson nem percebeu, mas em seu rosto constava um sorriso pequeno e sincero. Ele não tinha tido muito de Harry naquele dia e conversar sobre coisas leves e engraçadas era exatamente o que ele precisava para esquecer da bola de neve em crescimento que sua vida era.

Apenas ignorar e rir. Era o que ele precisava no momento.

E Harry também não tinha tido o suficiente do ômega naquele dia. Na verdade ele achava que a mensagem não daria em nada, apenas uma troca de boa noite sem graça e o sentimento de distância se manteria. Pois o ômega estava distante de manhã e mesmo que Harry saiba que ele precisa de um tempo para si mesmo, o alfa não é bom em se afastar. Seu lado controlador e protetor requer contato direto, o máximo possível. O tempo todo.

E seu dia estava chato com um Louis em modo de auto isolamento. Sem contar que Harry fora obrigado a prestar atenção em outras coisas que não envolvem um garoto lindo de olhos azuis. Des o lembrou na hora do almoço que aquela segunda-feira seria o primeiro dia do filho na empresa. E Anne, como para garantir que o filho não sumiria novamente à noite, propôs um jantar especial em comemoração ao primeiro dia de trabalho do filho caçula.

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