Capítulo 4

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Vou continuar postando uma vez por semana, mas mudei os dias das postagens para o sábado, e como amanhã eu viajo, estou adiantando o de sábado também. ;) É, eu não sou muito boa em cumprir os dias que eu fixo, mas pretendo fazer isso a partir dos próximos. E feliz páscoa!

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Capítulo 4

Como assim???

De: Laís Rodrigues (Laís.rodrigues@msn.com

Para: Jaqueline Pandolfo (jackepanda@hotmail.com)

Que gato? Que coisa importante? Vou ter que esperar até segunda-feira???? Quem você viu???? Quer me matar de curiosidade?


Re: Como assim???

De: Jaqueline Pandolfo (jackepanda@hotmail.com)

Para : Laís Rodrigues (Laís.rodrigues@msn.com)

Amiga... Tô péssima... Sábado fez 4 meses que a minha mãe morreu... Acordei de madrugada e logo me lembrei da data... Fiquei tão mal que não consegui dormir...

Meu apartamento fica tão silencioso de madrugada manhã... Minha mãe sempre deixava a pia da cozinha meio aberta, com a água batendo contra o inox a noite inteira até que eu me indignava e me levantava para fechar. Nessa noite fiquei meio nostálgica e fiz a mesma coisa, deixei a torneira aberta de propósito. Mesmo com a água batendo, o sono não veio e eu comecei a chorar. Quero a minha mãe!

Me diz, sou muito velha para querer colo?

Abri a janela do meu quarto e fiquei olhando para a rua deserta. Eu queria ser guarda noturno ou algo do gênero para trabalhar nessa hora. O silêncio da noite me acalma. Não havia vento, nem balançar das árvores, nem adultos bêbados gritando, nem carros cantando os pneus. Nada. Apenas o silêncio da escuridão. Como se a rua estivesse calada velando minha mãe comigo.

Fiquei com a cabeça apoiada nos cotovelos com um olhar perdido. Acho que passou uns dez minutos sem que eu reparasse que estava olhando para um tronco de árvore. E foi então que a bola de pelo se roçou nos meus pés. O gato. Tinha me esquecido totalmente dele. Estava sem forças para mandá-lo embora sábado e continuo me sentindo assim. Falando nisso, domingo eu me rendi e dei um banho no Jack na pia e descobri que ele é branco e não cinza.

Ai... Que desabafo! Como a minha única amiga vai me aguentar se eu descarregar o meu mundo sobre ela? Não repara, acho que estou meio poética hoje. Me sinto sozinha e carente. Nem o Léo me liga mais.

Sabe, sempre sonhei em ter uma família grande. Em ter pais, irmãos e avós. Nunca tive irmãos, apesar de ter esperanças em ter algum irmão perdido que um dia descobriria a minha existência e me procuraria. Então ele me abraçaria quando esbarrasse comigo no meio da rua e me rodopiaria pelo ar como nas cenas dos filmes de romances. Esse era meu sonho preferido de menina. Doce ilusão. Hoje sei que meu pai não teve filhos e que eu não tenho irmãos. E se ele nunca quis ter filhos? E se ele odiava a minha mãe? E se ele me odiar também?

Meu pai é rico, eu poderia exigir uma pensão. Mulheres solteiras de 25 anos têm direito a pensão? Mas eu não quero o seu dinheiro, quero o seu amor.

Ai, amiga, vou te mandar esse e-mail agora antes que eu comece a chorar no meio do escritório. E tudo isso porque eu vi o meu pai sexta-feira... Ele estava de costas, saindo do prédio. E ele não sabe quem sou eu. Senti vontade de correr atrás dele e de me apresentar.

O mundo de Jacke (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora