"I do care about you"

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Acho que vocês que pediram capítulo grande, se arrependerão, mas espero que não. ;)

Se tiverem energia, comentem, please.
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Quanto mais ele sorria, mais eu queria odiá-lo, e no entanto era esse o motivo pelo qual odiá-lo era impossível. - Belo Desastre

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Niall's pov

"Eu tenho medo de ser tocada." Foi a última coisa que ela disse antes de subir as escadas correndo e bater a porta de seu quarto com força. Minha mente ainda não conseguiu processar suas palavras, não importa quanto tempo se repitam em meu pensamento. Estou sentado enquanto Zayn caminha incessantemente de um lado para o outro. Vejo que está claramente abalado, e não tenho certeza se devo fazer perguntas, que é tudo o que me vêm à cabeça.

"Não é porque ela quer, Niall." Ele finalmente quebra o silêncio.

"Desculpe, Z. Estou vendo que não é um assunto fácil, e sinto muito por ter colocado isso em questão. Mas, eu não entendo, e não estou pedindo explicações, mas..."

"Afefobia." Ele me interrompe.

"O quê?"

"Foi o diagnóstico dado na única vez em que consultou um psicólogo. É uma espécie de fobia ao toque." Ele responde sentando-se ao meu lado.

"Eu nunca ouvi falar a respeito. Isso é algo realmente sério? Ela não gosta de ser tocada?" não tenho certeza se é algo válido a ser questionado, mas saber que existe alguém que não gosta de ser tocado me parece surreal. À todo momento somos obrigados pelo meio em que vivemos a estar em contato com alguém. Seja em um show, no corredor da escola quando é quase impossível não esbarrar nos demais, ou até mesmo em um simples ato de emprestar algo a alguém ou cumprimentando com um aperto de mãos.

"Não é questão de gostar, Niall. É questão de conseguir. Ela simplesmente não consegue sem antes ter uma crise de pânico, por exemplo. Não estou falando de abraços apertados ou amassos, estou falando de um toque de mãos ou braços sendo encostados." Eu estou definitivamente sem reação. Isso é completamente estranho para mim, mas ao mesmo tempo faz alguns momentos começarem a fazer sentido.

"Tá, mas e aquele dia do assalto? Eu a abracei e ela se acalmou."

"Aquele foi um dia em exceção. Ela meio que já estava em crise e depositou muita confiança em você. Mais confiança do que ela consegue depositar em qualquer outra pessoa, além de mim. E mesmo sendo irmão, às vezes ela ainda se retrai um pouco... é complicado, cara. Não quero falar sobre isso agora, okay?"

"Okay." Respondo enquanto ele se levanta em direção a cozinha, então volta a olhar para mim, e conclui:

"Niall?" encontro seu olhar " Não a olhe como se ela fosse alguma aberração ou algo do tipo. E lembre-se, Trice prefere ódio do que pena." Eu não precisava que ele me pedisse, jamais a diminuiria a isso, mas não sei como fazer para demonstrar. Desde que a conheci, em meio às vontades de irritá-la, sabia que precisava ajuda-la com algo que não estava certo, porém eu jamais esperei que fosse algo assim.

Pego meu celular em busca de mais informações sobre sua condição, mas são escassas e continuo no escuro em relação ao que acontece com Beatrice. Sei que nossa relação, mesmo após quase um mês, ainda não é das melhores, mas não quero que venhamos a regredir. Eu acabei sendo um idiota, mesmo que sem querer, e quero pedir desculpas, mas não sei como agir. Temo que uma única expressão errada possa acabar transformando nossas conversas em nada além de formalidade, e não suportaria sentir como se estivéssemos sempre em um campo minado, onde qualquer palavra mal interpretada afetará o pouco de civilidade que estabelecemos até aqui.

Defenceless (Afefobia)Onde histórias criam vida. Descubra agora