Defenceless (Afefobia)

"We're on the right way."

Que tal votinhos e comentários? Estou torcendo  que sim.

Boa leitura!

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"Apenas seja forte, pois você sabe que estou aqui por você." - Avril Lavigne

Niall's pov

"Acho que vou agradecer Beatrice para sempre por ter me dado a sua visita como presente." Digo encostado ao meu pai.

"É uma boa garota, não é?" Ele sorri. "Você me disse que ela é meio tímida, então fiquei muito surpreso quando recebi a ligação."

"É mesmo? E como foi isso, aliás? Ela não me contou."

"No início ela parecia um pouco nervosa. Disse que o nome era Bea, corrigiu para Beatrice, corrigiu novamente ao dizer que era sua amiga, até finalmente falar que é sua namorada." Meu pai dá risada lembrando-se do momento.

"Consigo imaginar perfeitamente a cena."

"Depois que a tranquilizei afirmando que havia entendido, a conversa fluiu muito naturalmente. Ainda um pouco acanhada, ela me explicou que queria que o seu presente de natal fosse algo especial, mesmo que não chegasse exatamente no natal."

"E você aceitou assim de cara?"

"Eu também estava com saudades, meu filho. De você e de Greg também, que está passando mais tempo aqui do que eu imaginei. Meus dias estão muito parados sem Theo correndo pela casa durante as visitas do fim de tarde." Posso ter um vislumbre de seu semblante sempre bondoso. "Além disso, a menina realmente gosta de você. Percebi pelo modo como ela pareceu animada para lhe dar a chance de me ter por perto por um pouquinho. Disse até que se eu não me sentisse confortável ficando aqui, poderia me hospedar na casa dela, apesar de já ter combinado com Maura antes de me fazer o convite."

"Ela é mesmo adorável."

"Pelo visto o seu encanto por ela está ainda maior do que da última vez em que te vi." Ele diz satisfeito. "Mas há algo a mais no seu rosto. O que está acontecendo?"

"Eu só queria deixar as coisas melhores para ela, pai."

"A sua avó continua atrapalhando?"

"Ela está cada vez pior. Eu simplesmente não consigo acreditar que seja sua mãe. Quero dizer, você é uma pessoa gentil, bondosa e nunca o vi julgando ninguém."

"Eu definitivamente não sou a pessoa mais orgulhosa da sua avó, meu garoto. Eu tive a sorte de ter passado boa parte da minha vida sendo criado pelos meus tios, que viviam na casa ao lado. Eu gostaria que houvesse algo a fazer para mudar tudo isso, mas ela já passou dos sessenta anos, e acho difícil que mude. Eu sinto muito por ter deixado que ela afetasse tanto assim na sua vida, eu só não fazia ideia de que pudesse piorar tanto."

"A culpa não é sua, pai. Eu sempre soube que ela possuía alguns desvios de conduta, mas jamais imaginei que pudesse chegar a esse ponto. Apesar de tudo, eu sempre a amei. Estou muito decepcionado. De onde vem tudo isso? Não é apenas religião, não pode ser. Existe algo além do que eu sei?"

"Nada que realmente justifique ser uma pessoa cruel."

"Tá, mas até aí nada nunca justifica crueldade. Existe ou não algo a mais?"

"A minha família sempre foi religiosa, ainda mais por terem sido os precursores do presbiterianismo na Irlanda. As gerações que me antecederam, inclusive a da sua avó tinham como exigência a perfeição nos modos e atitudes, para servirem como modelos. Você já comprovou que existe toda a sociedade tradicional religiosa." Confirmo sem entender aonde ele quer chegar. "Durante a adolescência da sua avó, ela e a irmã, Lucy, eram melhores amigas, e por isso estavam sempre juntas. Durante um verão no interior irlandês as duas conheceram dois amigos que também estavam a passeio. Pelo que sei foi um desses amores avassaladores e instantâneos. Estava tudo indo bem, até a família descobrir que os dois garotos eram muçulmanos. Foi uma confusão enorme, e elas voltaram imediatamente para Dublin. Havia um plano de fuga, mas minha mãe não sucumbiu porque a tradição e a família eram mais importantes do que qualquer coisa. Lucy, por outro lado, não pensou duas vezes. Talvez tivesse sido mais fácil se as coisas tivessem dado errado, mas a verdade é que a minha tia deixou o país e foi bem sucedida, teve até filhos muçulmanos. Sua avó nunca realmente superou ter perdido não somente o amor que mais mexeu com ela, como também a melhor amiga e irmã. Na realidade ela passou a ter que praticamente carregar a família nas costas com todas as outras regras que foram impostas."