Opostos E Tão Iguais

8- Eduardo (ok)

Estou tentando manter um dialógo normal com meu irmão, mas ele disparou a falar sem parar quando comentei sobre o beijo que dei na Lara semana passada.

— Você está me dizendo que beijou a Lara, ela te beijou de volta e faz uma semana que vocês não se falam. Como assim?

— Sim, isso mesmo. Eu a beijei, depois ela me beijou e estamos sem nos falar. Que parte disso você não entendeu?

—  Mano, isso é muito doido ainda mais agora que vocês se encontram todos os dias na empresa.

— A gente se cumprimenta normal, mas nossas conversas não rolaram mais.

— Tenho notado que a Lara está mais quieta que de costume esses dias, achei que era por causa das nossas provas, mas não, foi o seu beijo que deixou ela estranha. Deve ter sido bem ruim pelo jeito. — Heitor falou rindo.

— Nossa como você é engraçadinho. Não sei porquê ainda te conto minhas coisas.

— Mas eu sei, porque sou seu único irmão e amigo da garota que você gosta.

— E é convencido demais também!

— Sou nada, mas voltando ao assunto acho que você deveria conversar com a Lara.

— Não sei, foi ela que se afastou. Será que achou muito atrevimento da minha parte ter a beijado?

— Não deve ser isso, a Lalá é um pouco tímida, ela pode ter ficado sem jeito e está com vergonha de você.

— E ela vai continuar sem falar comigo por causa disso até quando?

— Sei lá, mas você está em vantagem, porque ao invés dela ter te dado um belo tapa na cara por roubar um beijo, ela te deu outro beijo, o que significa que ela gostou.

— Nisso eu concordo com você, porém não sei o que fazer para me reaproximar dela.

— Sugiro que pense em uma solução rápida ou saia de casa e volte só daqui umas três horas. A Mia e a Lara estão vindo para cá, já faz tempo que elas querem conhecer a mamãe e como temos um trabalho do colégio para terminar resolvi fazer aqui em casa para aproveitar e apresentar a mãe para elas.

— E você só me avisa isso agora?

— Quem mandou demorar para me contar que beijou minha amiga, agora se vira.

— Seu mala sem alça, vou estar no meu quarto atualizando minhas séries enquanto vocês estudam.

— Ok, mas quando elas chegarem vá até a sala cumprimentá-las, seja educado com as minhas amigas.

— Pode deixar.

— Ótimo, estamos combinados. Até daqui a pouco conquistador de meia tigela. — Ele falou rindo e saiu do quarto.

Deitei na cama e me peguei relembrando pela vigésima vez da Lara e dos nossos beijos. A iniciativa partiu de mim e ela mesmo assustada com minha atitude inesperada retribuiu o beijo com vontade. E o melhor de tudo foi ver a sua reação depois de ser beijada, rostinho corado, tímida... Pensei até que a Lara sairia correndo do carro, mas não, ela me olhou, abaixou os olhos e quando levantou o olhar novamente em minha direção ela se aproximou de mim, sem que eu esperasse e me beijou de volta.
E não foi um beijo calmo, foi urgente, possessivo e muito bom!
Pena que depois disso ela tomou um chá de silêncio e passou a me evitar.
Queria saber o que ela tem pensado sobre nós, mas é difícil descobrir, ainda mais com esse gelo que ela está me dando.

Ouvi a campainha tocar e logo em seguida risos ecoaram pela casa. Cogitei a ideia de continuar no quarto, mas lembrei de algo importante. É a Lara que está na sala e minha mãe sabe do que sinto por ela e para ela abrir a boca e falar tudo não custa nada. Calcei o chinelo e saí praticamente correndo do quarto. Cheguei na sala e encontrei apenas o Heitor e as meninas sentados no sofá conversando.