25 - Eduardo - Lara (ok)

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Final - Parte 1


Eduardo

Quando você acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas. Mais do que nunca me vi nessa frase, pois é exatamente o que está acontecendo comigo nesse momento. Estou prestes a encarar uma parte bem presente do meu passado e não sei como agir.

— Edu, vou deixar vocês conversando. Qualquer coisa é só me chamar. — Lara falou comigo e me virei para olhar na direção da porta onde ela e o Isaac estavam parados.

Assenti em resposta com um movimento de cabeça e ela pediu ao Isaac para entrar e ficar a vontade. Ele se aproximou, e sentou numa poltrona que fica do lado do sofá principal.

— Oi Eduardo, você queria falar comigo? — Ele me perguntou com a voz um pouco receosa.

— Sim, primeiramente quero te pedir desculpas pelo modo que falei com vocês lá no shopping.

— Não tem problema, Lara é sua namorada, é normal  você ter ciúmes dela. Mas que fique claro que vejo a Lara somente como amiga.

— Eu sei, ela já me explicou tudo.

— Ok, a Lara me disse que te falou do nosso pai, como você se sente em relação a isso?

— Falou sim, e não vou dizer que estou feliz pela descoberta, porque seria mentira. Você não tem ideia de como foi ruim crescer sem o amor de um pai, mas tanto eu como o Heitor já superamos isso.

— Está certo, não vou te julgar se depois dessa conversa você não quiser mais saber de nós.

—  Sinceramente não sei o que pensar, ainda estou meio confuso.

— Eu também fiquei assim quando soube de vocês.

— E como o Otávio é com você? Ele sempre te tratou bem?

— Sim, mas não pense que ele é aquele tipo de pai brincalhão, amoroso etc. Seu Otávio sempre foi seco e direto, a primeira vez que o vi chorando foi enquanto ele assistia o vídeo da sua formatura.

— Imaginei mesmo que ele fosse assim, pois seria bem mais cruel aceitar o que ele fez se você me dissesse que o Otávio é um paizão.

— Eu compreendo seu ponto de vista.

— E sua mãe como é?

— Minha mãe é incrível, sempre presente, amorosa ao extremo.  Ela quer muito conhecer você e o Heitor, acho que ela está se sentindo um pouco culpada pelo que o nosso pai fez com vocês.

— Que bom, então sua mãe se parece muito com a minha.
Diga a ela que não precisa se preocupar, pelo que vocês me falaram ela não teve culpa. O melhor é esquecer tudo isso que passou e focar no agora.

— Vou falar com ela, mas já fique sabendo que dona Flávia não vai sossegar, ela vai querer mimar vocês assim como faz comigo.
Na verdade, antes mesmo de os conhecer ela já adotou vocês como meus irmãos.
Sorri e continuei a conversa.

— E quanto a você, também nos aceitou como seus irmãos ou só está com a consciência pesada por saber que fomos abandonados pelo seu pai?

— Eu já falei para a Lara e vou repetir para você: A única coisa boa que nosso pai fez na história com a sua mãe, foram você e o Heitor. Eu sempre quis ter um irmão, mas minha mãe não pôde mais ter filhos. E agora tenho vocês dois... sei que talvez não seremos nem amigos, mas gosto da sensação de ter irmãos.

—  Já eu não gostei muito de saber disso, eu curtia minha posição de irmão mais velho. — Respondi e de repente ambos caímos na risada. — Mas nesse caso acho que quem vai curtir menos ainda é o Heitor porquê agora são dois irmãos mais velhos para pegar no pé dele. — Acrescentei.

—  É, mas ele é um garoto legal vai entender. — Isaac respondeu.

— Você já conhece o Heitor?

— Pessoalmente não, mas se ele for parecido com você, deve ser gente boa.

— Ele é sim, um garoto de ouro.

— Que bom, posso te pedir uma coisa, Eduardo?

— Até pode, mas se for algo sobre nosso pai ainda não estou pronto para dar esse passo.

— Fica sossegado não tem nada a ver com ele. Só quero te pedir um abraço de irmão.

— Bom, isso é fácil. — Respondi e me levantei. Isaac fez o mesmo e trocamos um abraço fraterno.

O passado embora tenha sido doloroso, trouxe uma pessoa legal para a minha vida.

— Está faltando o irmão mais bonito da família aí nesse abraço.
Ouvimos a voz do Heitor e o encarei espantado.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntei.

— Lalá me ligou e me contou tudo o que estava acontecendo, além de cunhada ela é minha melhor amiga, esqueceu?

Eu deveria imaginar que ela faria isso mesmo, eles se gostam muito e a Lalá sabe o quanto é importante para mim o Heitor estar aqui nesse momento.

— Isaac, esse exibido é o Heitor, nosso irmão caçula.

Isaac sorriu e Heitor se juntou a nós. Sempre admirei a capacidade do meu irmão em lidar com a nossa história. Acredito que por ser mais novo e não se lembrar muito do nosso pai foi mais fácil para ele. Tanto que está aqui encarando a novidade numa boa.

— Se você já sabe de tudo Heitor, não ficou chateado ou algo do tipo? — Isaac perguntou para ele.

— Eu não, a vida é assim, de vez em quando dá umas reviravoltas meio doidas e somente depois de um tempo é que entendemos os motivos e tudo passa a fazer sentido. O jeito é seguir em frente sem se preocupar com o que passou. E agora chega de abraços, as meninas estão na cozinha esperando por nós. Por falar nisso Isaac, já conheci a sua namorada ela é muito simpática.

— A Francine está aqui? — Isaac perguntou admirado.

— Sim, Lara a chamou para vir também.

— Não ouvimos vocês chegando. — Comentei.

— Entramos pela casa dos avós da Lara, para não atrapalhar a conversa de vocês.

Assenti e fomos até a cozinha, as meninas estavam conversando e assim que entramos ficaram quietas.

— O que foi? Por que pararam de conversar? Estavam fazendo fofoca, não é? — Heitor falou com elas.

— Claro que não, cara de fuinha. É que vocês apareceram do nada. Está tudo bem? — Mia perguntou.

— Tudo ótimo cunhadinha. — Respondi.

—  Hum, que bom. Aliás olhando para vocês três juntos, essa coisa de beleza é de família mesmo, porquê o Isaac também é um gato.
— Mia falou séria nos analisando e arrancou risadas de todos.

— Não liga Isaac, essa é a Mia sendo Mia. — Heitor falou e ri da careta que ele fez para ela. Mas a Mia nem ligou, foi até ele e apertou a bochecha do namorado. Esses dois realmente foram feitos um para o outro!

Lara se aproximou e abraçou minha cintura encostando a cabeça no meu peito, acariciei os cabelos dela e ficamos alguns segundos assim pertinhos curtindo nosso momento, que só foi interrompido quando o papo entre todos recomeçou. As meninas queriam saber tudo o que conversamos e até meus sogros vieram participar da reunião de família mais inesperada e incomum que poderia acontecer na casa deles.

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Escrever finais é tão ruim e difícil rsrs 😐

Beijos ♡

Opostos E Tão IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora