17- Lara (ok)

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A noite foi perfeita ao lado das pessoas que amo, estava tudo muito lindo, tudo especial... Até eu abrir minha boca e falar sobre os planos de talvez estudar em outra cidade e meu namorado se chatear comigo.

Nunca imaginei que o Edu teria essa reação, mas nem o culpo porquê eu não tinha comentado sobre meus planos antes. Na verdade, eu não quero estudar fora, mas vou prestar vestibular em algumas faculdades que considero boas e que ficam um pouco distantes de casa. Embora aqui tenha ótimas faculdades também, e tudo depende de onde vou passar.

— Edu, eu não te falei porquê não é uma certeza, apenas irei prestar o vestibular em várias faculdades.

— E se você passar numa faculdade longe? Como será? — Ele perguntou sem me olhar.

— Ainda não sei, como falei é uma das alternativas, mas não é o que eu quero!

— Tudo bem Lara, conversamos outra hora sobre esse assunto. Ele encerrou a conversa e não falou mais nada até chegarmos em frente a minha casa.

— Obrigada por me trazer Edu. — Agradeci e desci do carro e ele continuo mudo, não respondeu nem meu boa noite.

Entrei em casa chateada, nós nunca discutimos e muito menos ficamos sem nos falar ainda mais por algo que é apenas uma suposição.

A chorona que vive dentro de mim deu o ar da graça e estava andando de cabeça baixa e enxugando as lágrimas quando quase trombei na minha mãe.

— Aí que susto Lalá. — Mamãe falou alto.

— Me desculpa mãe, por que a senhora ainda não foi dormir?

— Não estou com sono, vou fazer um lanchinho na cozinha, quer me acompanhar? — Assenti e fui com ela em silêncio.

— Enquanto eu preparo nossos lanches você vai me contando o que te fez chorar depois de uma noite tão especial?

— Mãe eu comentei a respeito da faculdade e o Edu não gostou.

— Não gostou? Por quê?

— Porque ele não quer que eu vá estudar longe.

— Isso é normal Lalá, ele não quer ficar sem você por perto, mas pode ter certeza de que ele vai te apoiar em qualquer que seja a sua decisão.

— Sei não mãe, ele ficou muito chateado.

— Vocês já tinham conversado sobre esse assunto alguma vez?

— Da faculdade sim, mas de estudar fora não.

— Então esse foi o grande problema mocinha, quando estamos em um relacionamento temos que compartilhar todos nossos planos.

— Será que se eu tivesse falado ele não estaria chateado?

— Provavelmente não, mas deixa ele refletir um pouco e depois vocês conversam novamente. E vamos comer que barriga cheia melhora o humor consideravelmente.

Sorri e dei uma mordida no lanche que ela me entregou, encerrando o assunto.

(...)

A primeira coisa que fiz no dia seguinte foi enviar uma mensagem para o Edu perguntando como ele estava.
Ele respondeu minutos depois dizendo que estava bem, perguntei se ele viria em minha casa e a resposta foi não. Ok, entendi tudo. Mesmo parecendo estar normal ele ainda quer me ignorar.

Resolvi mudar de tática, mandei mensagem para o Heitor e perguntei se o Edu tinha comentado alguma coisa com ele. Heitor me ligou em seguida e conversamos por vários minutos.
Munida de informações, me arrumei e pedi para minha mãe me levar até a casa do Edu.
Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé.

Mamãe me deixou no portão da casa dele e foi embora, e nem precisei apertar a campainha, encontrei quem estava procurando no jardim e antes de chamá-lo fiquei o observando por alguns segundos.

Ele está sem camiseta pintando a fachada da casa, Edu não é do tipo que vive em academia, mas ele tem um corpo muito bonito. Sem fazer muita propaganda, mas meu namorado é um gato!

— Espero que não tenham passado muitas mulheres por aqui hoje. Eu odiaria saber que elas ficaram olhando para você. — Falei em voz alta chamando a atenção dele.

— Lara, você por aqui. — Ele falou vindo ao meu encontro

— Vim te ajudar, um passarinho verde me contou que você estava pintando a casa.

— Sei, e esse passarinho que te contou é bem preguiçoso, me ajudou um pouco aqui e caiu fora alegando estar com dor de cabeça. — Ele falou sorrindo e me deu um selinho.

— Por isso ele fez tanta questão que eu viesse... Mas falando sério agora, tem mesmo que pintar a casa assim?

— Assim como? — Ele perguntou se fazendo de desentendido.

— Sem camiseta e com esse cabelo arrepiado.

— Não vai me dizer que você está com ciúmes Lalá? — Me chamou pelo apelido, é um bom sinal.

— Claro, quem passa lá fora te vê perfeitamente aqui dentro.

— Eu nem tinha me tocado desse detalhe. Mas foi até bom porquê adoro ver minha namorada com ciúmes.

— Espertinho, e aí vai me deixar te ajudar ou não?

— Melhor só me fazer companhia...

— Eu vim preparada para me sujar de tinta. Não estrague minha diversão, por favor, namorado.

— Ok, vou te mostrar como fazer.
Ele me ensinou rapidamente e minutos depois estávamos pintando juntos.

— Edu, você me desculpa por ontem? — Perguntei meio receosa, mas tenho que entrar nesse assunto, afinal foi isso que causou nosso desentendimento.

— Para falar a verdade sou eu que tenho que me desculpar contigo. Eu fiquei apavorado com a ideia de você estudar longe, ainda mais medicina que são tantos anos de estudos. Mas sei que você vai optar pelo que for melhor e estarei ao seu lado te apoiando da mesma forma que você tem feito comigo nesses meses que estamos juntos.

— Edu, você é um príncipe, obrigada por entender. Prometo que farei realmente o que for melhor para mim, mas ao mesmo tempo também estarei pensando no que vai ser melhor pra nós.

— Eu sei disso, fiquei também com um pouco de ciúmes, só de pensar em ficar vários dias sem te ver, saber que você está conhecendo outras pessoas... foi inevitável não ficar apreensivo.

— Não precisava, compreendo que estamos em fases diferentes da vida. Você está se formando e eu começando, mas se tivermos paciência um com o outro podemos fazer dar tudo certo.

— Claro que sim, a gente vai passar por tudo isso juntos e daqui a alguns anos vamos rir ao lembrar dos nossos temores.

— Combinado, mas já podemos começar rir agora, não é? — Falei e passei tinta no nariz dele.

— Então a futura médica gosta de sujar os outros com tinta. É bom saber disso. — Ele respondeu e fez o mesmo comigo, me arrancando risadas.

— Podem parar de brincar crianças, a mãe está chamando vocês para almoçar. — Heitor falou vindo até nós.

— Edu, você não acha que o passarinho verde ficaria bonitinho pintado de branco?

— Com certeza meu amor. — Ele falou e fomos de encontro ao Heitor. Ele percebendo a nossa intenção saiu correndo e gritando pedindo socorro para a mãe. E nós dois tivemos que sentar no chão de tanto que rimos do meu cunhado.

Dessa vez a gente se entendeu e espero que daqui para frente seja sempre assim, que possamos dividir tudo mesmo, inclusive os nossos sorrisos que trazem calma para o meu coração.

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Opostos E Tão IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora