A Rush of Blood to the Head

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 Numa quarta-feira, às 1 da manhã, Newt recebeu uma ligação.

 Seu corpo ainda estava entorpecido de sono, e ele amaldiçoou quem quer que estivesse ligando para ele em altas horas da noite. Estava tomando calmantes para que talvez pudesse descansar, e em uma semana, aquele era seu primeiro cochilo. O chamado no telefone persistia. Newt gemeu, nervoso. Encobriu sua cabeça com o cobertor e desejou desmaiar só para que não pudesse mais ouvir o som irritante martelando seus tímpanos.

 E esperou. Até que o aparelho calou-se, como se compreendesse a necessidade que o loiro havia de dormir. No entanto, ele não conseguiu. Agora, aquilo perseguia sua cabeça como um pesadelo vívido. Aliás, todos os dias eram um pesadelo. Ver Thomas naquele estado era uma tortura, uma espécie de suícidio mental. E Newt tentava evitar, e por mais que ele quisesse, aquilo não o largava nunca. Ele nunca descansaria enquanto Thomas, seu grande amor, estivesse bem. 

 E era onde Newt se agarrava: na esperança de que seu Tommy ficaria bem. Vívido, sorridente, animado e até pervertido. Era na falta daquilo tudo que Newt percebia o quanto amava cada detalhe daquele garoto. Eram nos bons momentos e nos bons detalhes que ele encontrava uma parte da sua paz.

Quando estava prestes a adormecer novamente, o telefone persistiu por mais uma vez. Furioso, Newt agarrou o dispositivo do seu gancho, que ficava situado no criado-mudo:

—Escute, são uma da manhã! Não existe outro horário para ligar, não?

 A voz respondeu, automática, do outro lado.

—O quê?— Newt gaguejou. —Mas o que houve? Eu, não... Tudo bem, eu estou indo para aí agora. Eu sei, depressa. Já estou indo.

Levantou num salto, o coração batendo depressa. Não haviam lhe contado o que era, e a voz na linha era imparcial: não se podia definir se era algo bom ou ruim.

Tudo que se sabia é que havia algo relacionado ao estado de Thomas.

 O táxi rugia nas ruas noturnas da cidade, como se o silêncio devido ao repouso noturno das pessoas fosse rasgado pelo véu da velocidade e da pressa em chegar ao destino.
—No Mount Sinai, por favor. —disse Newt ao motorista. O homem virou à direita, passando por uma rua tão aberta como uma avenida. Os muros do prédio eram de pedra, algo semelhante a uma muralha, e algumas árvores enveredavam o portão sempre aberto. E metros dentro do local, estava ele. O Hospital. 

 Assim que desceu do veículo, um relâmpago clareou os céus, deixando tudo num tom dramático, tenso e talvez depressivo. E então, suspirando, Newt caminhou até o lugar. Seus passos eram com fraqueza, como se ele sentisse receio de chegar ao seu destino, ou até o mesmo o evitasse. Era uma fusão de sentimentos complicada, e tudo que ele sabia era simplesmente nada. 

 Adentrou o lugar, e assim que o fez, um trovão assolou no ar, o estalar da chuva logo vindo adiante. Sentiu o corpo gelar. Pudera, o ambiente também não ajudava: o hospital estava tão sombrio que todas as pessoas ali não pareciam vivas, apenas espectros. Quanto mais andava, mais sua mente elaborava hipóteses, algumas esperançosas, outras descrentes. Por fim, ele sentiu um toque nos ombros. Era alguma médica que agora o guiava até onde seria o quarto de Thomas. Ele estava nervoso. As veias fervendo. A adrenalina à mil em seu sangue. O que estaria acontecendo? 

Chegaram na porta do quarto. Um senhor loiro, o que deveria ser outro médico, estava estacado na porta do mesmo, semelhante a um guarda que protege os portões de seu castelo de alguma ameaça externa.

—Deixe-me vê-lo. —disse Newt, em voz baixa, quase que mudo. Estava desencorajado até a falar.
O homem engoliu seco, como se algum pesar lhe tirasse as forças para se expressar:
— Escute, é complicado - ele suspirou.—Você precisa...

Nirvana // NewtmasOnde histórias criam vida. Descubra agora