Seis anos depois
A grama era verde. Não tão verde para parecer animadora, ou entusiasmante. Era um verde não tão comum; parecia escuro. Na verdade era. Um escuro não tão escuro assim, era meio claro. Um meio-termo, para ser sincero. Enfim, era um verde que transmitia a sensação de fim de guerra, e que os tempos de paz haviam chegado. Seis anos do fim da tempestade, e sempre no término de uma, há a calmaria. Ele ainda estava aprendendo a superar, a fazer seu próprio caminho, a tocar a vida adiante.
Mas isso não importava. Nada, ou nenhum desses detalhes importava. Pelo menos, não para Newt. Ele só queria se fazer presente naquela situação, e assim como queria, o fez.
O som dos seus calçados no mato era abafado. Apenas o farfalhar de folhas sendo esmagadas com leveza poderia ser ouvido ao longe, se não fosse o vento cantando nos ouvidos do loiro. A brisa batia em sua camisa social branco-azulada, e ele sentia o tecido agitar-se em sua pele, assim como sua calça de pano marrom, como se os mesmos tivessem vida e desejassem serem carregados pelas forças da natureza.
Ele estava perto. Sabia disso, pois as árvores estavam se tornando cada vez mais distante uma das outras até simplesmente desaparecerem. E a subida estava começando. A cada passo, estaria mais próximo. O ponto mais afastado da cidade. A colina mais alta. O ambiente mais deserto, vazio, tão inóspito e ao mesmo tempo, tão acolhedor e cheio de vida.
O cemitério de Fresno.
Seus olhos batiam rápidos em cada túmulo, não dando muita atenção ao nome de cada falecido, as datas de nascimento e óbito, muito menos as flores que estavam em cima dos mesmos.
Para ele, só importava um daqueles.
O mais isolado de todos. Foi a família que pediu assim, e assim foi feito.
O túmulo de Thomas era o que estava longe dos outros, assim como a própria pessoa. Newt riu quando reparou nesse detalhe pela primeira vez.
Deu dois passos à frente, limpando a poeira seca que agora se encontrava molhada devido ao sereno, e depois sentou-se na pedra negra de mármore que formava o túmulo.
E era ali que estava Thomas.
"THOMAS 'STEPHEN' SUMMERS"
☆ 26/10/1996 - ✝ 05/04/2014
"Aqui jaz um jovem. Um jovem cheio de sonhos, e almejos para o seu próprio progresso, no entanto, que fora carregado pelas mazelas do mundo, das tristezas, e das dores que infelizmente, ele não pôde suportar. Em memória de todos aqueles que não conseguem lidar com suas próprias tribulações. E por um futuro próximo cheio de paz e esperança."
Newt não gostava daquele texto. Era complicado, mas ele não sabia definir o porquê. Ele simplesmente não gostava. Ele achava que aquilo mascarava a verdade por trás dos fatos.
—Acho que faz um bom tempo que nós não nos vemos, não é?— sorriu ele, de voz trêmula, deslizando a ponta do seu dedo indicador sobre o vidro que protegia a foto que foi colocada como um retrato na tumba. Thomas aparecia sorridente e feliz ali. Um excelente registro do rapaz. Newt se permitiu deixar uma singela lágrima cair do rosto, enquanto sorria. O loiro pegou uma das rosas -murchas, envelhecidas e secas pelas ações do tempo voraz - que foram deixadas pela família do seu namorado e a jogou longe.
—Malditos— praguejou ele. —Nunca se preocuparam com você, e agora querem dar pêsames.— ele ainda guardava ressentimentos pelos Summers, afinal, a família do falecido era rude e culpava o rapaz por aquilo tudo, acusando o mesmo de ter forçado uma overdose em Thomas. Mas Newt soube se provar que aquilo não era sua culpa. Ou talvez não totalmente dele.
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Nirvana // Newtmas
Fiksi Penggemar(nir.va.na) s.m. (substantivo masculino) 1. No budismo, estado de felicidade plena, obtido pela meditação. E se aquilo era verdade, Newt não queria aceitar. Numa relação turbulenta e cheia de altos e baixos, onde estará a paz? Thomas era s...