Transferência - Capítulo 1

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-Tô te escutando Dave - Falei fechando a porta do táxi. 
Subi na calçada e olhei pro relógio no pulso.

9:52 da manhã e as ruas de Manhattan não poderiam estar mais movimentadas.

Eu deveria ter ido de táxi até a porta da delegacia mas não, decidi ficar na entrada do quarteirão, o que me faria andar pela Houston Street por uns 5 minutos e isso me atrasaria.

- Faith eles são espertos - Havia esqueçido que Dave estava na linha e ri de repente enquanto passava apressada pelas pessoas.  - A Narcóticos está dizendo que o assunto é deles mas vai além disso, eu sinto que sim.

Revirei os olhos.
O Dave era meu chefe,  ele comandava o departamento de investigação em Washington e sempre fui a investigadora favorita dele, benefício esse por ter posto na cadeia mais de 22 assassinos cretinos ou apenas por ter um par de peitos.

- Se você sente . - Olhei para os dois lados para atravessar.  Manhattan e Pullman ( onde eu vivia) tinha essa enorme diferença, as pessoas sempre estão correndo em grandes cidades e aquilo me frustrava, afinal,  pra quê tanta pressa? Chegar atrasado uma vez ou outra não era o fim do mundo
( Só pensei aquilo porque estava prestes a me atrasar, pode crer) - Siga seu instinto.  - Aconselhei aumentando o ritimo. - Faro de policial raramente está errado.

Podia até ver o sorriso nele.
E também o visualizava em seu escritório.
As pernas longas cruzadas sobre a mesa e enrolando o fio do telefone com o dedo indicador.
Típico dele.

- Falou a moça que prendeu os Irmãos Canibais há uma semana - Riu - Você foi a única que deduziu serem dois assassinos, não apenas um como a perícia havia indicado.

- Gêmeos completamente iguais não era minha melhor teoria - Atravessei mais uma rua avistando a entrada da delegacia pouco a frente - Mas quando encontramos o Trevor ,o Trant estava lá e mesmo com toda a mentirada deles eu perçebi que uma pessoa só não esconderia 24 corpos em uma fábrica abandonada . - Soltei a respiração assim que passei pela porta principal da delegacia - Eles mereçem a cadeira elétrica, sinceramente espero que o juíz decrete isso .

- Eu também.  - Meus saltos estavam fazendo aquele som irritante contra o mármore do piso.  Eu odeio salto alto e tive que usar pra pareçer formal diante do principal delegado da cidade. - Faith?

- Que é?  - Entrei no elevador e me escorei nos fundos. Me sentia exausta.  Na noite anterior reçebi o telefonema do delegado me dizendo que às 6 da manhã um helicóptero iria me pegar no terraço do meu prédio.  Ele tinha algo grave pra me dizer , só podia ser. 

-Você poderia me ajudar a convençer os caras da Narcóticos a liberarem os dados pessoais dos traficantes pra mim? - Franzi o cenho pronta pra negar a proposta mas ele foi mais rápido - Posso compensar depois.

- Compensar ?- Sorri irônica - Dave , eu trabalho pra você esperei ouvir a palavra "aumento" não um possível drink depois de um dia desgraçado na delegacia. 

Ele riu.
Sabia que não me convenceria.

- Sabe que só estou palpitando não é? - Perguntou voltando ao tom formal - Aqueles caras não traficam só as porcarias das drogas,  aqueles corpos de crianças sem os órgãos tenho quase certeza que eles estão envolvidos.

- Os corpos foram encontrados num terreno baldio em Seattle pode me dizer porque se envolveu com algo tão distânte?- Retruquei. Mesmo sabendo que o departamento em que trabalhava ia além de Pullman e Washington,  nós serviamos a América portanto torçi que fosse o patriotismo dele e não uma rixa antiga com Coniland Peperfield, o nome do cara já era uma droga e o cara em si era o diabo em pessoa,  traficante,  estuprador... Uma lista extensa e Dave sismou que os corpos e Coniland tinham uma ligação.

Faith Forbs - Investigação CriminalOnde histórias criam vida. Descubra agora