11 - O Passar dos Anos

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Terça-feira, 15 de junho de 1970

Duas semanas passaram tão depressa como dois minutos, nesta maravilhosa estância balnear que é Havanna.

Acabei por descobrir que o quarto de Lance Stewart é no mesmo corredor do meu, o que nos levou a passarmos os restantes dias das minhas férias juntos.

Se o fizemos? Não.

Não aconteceu absolutamente nada entre mim e Lance. Ele era o tipo de homem que sabe que não se pode aproveitar da primeira mulher que vê.

Mulher que por acaso é do seu planeta.

Dessa forma, o Professor de Intrusos foi deixar-me ao aeroporto, pois estava a passar o ano inteiro naquele hotel

— Bem, foi um gosto conhecê-la, Elizabeth — Lance estende-me a mão para um cumprimento.

Ignoro o seu movimento, e atiro os meus braços para os seus ombros, num abraço reconfortante, que me dá esperança.

— Veja se um dia me vai visitar a Hoboken, sim? — pisco-lhe o olho e esmurro levemente o seu ombro.

Ele acena levemente que sim. Uma voz feminina por entre as colunas no aeroporto indica que é a última chamada do voo de Havanna para Nova Iorque.

Lanço-lhe um leve sorriso, e com a minha mala das recordações que comprei no hotel, vou imediatamente para a porta de embarque.

Ao percorrer a manga do avião, oiço grandes e pesados paços a aproximarem-se. Era Lance.

O que quer ele?

O homem que me acompanhou nestas férias olha para mim ofegantemente, e depois de colocar a sua mão por detrás do meu pescoço, dá-me um beijo. Um beijo quente que me deixou sem folgo. Um beijo reconfortante como já não experienciava há muito tempo.

— Obrigada — sorrio eu, mesmo antes de mais um abraço, vendo mais uma vez a nossa significativa diferença de alturas.

— Eu é que agradeço — pega na minha mão, ação que rapidamente precisa de ser alterada, pois tenho que entrar a tempo no meu voo para casa.

*

Aceno alegremente para a beira da estrada para chamar um táxi.

— Sunrise Street, 1700 Hoboken, por favor — refiro ao taxista a morada da minha casa.

Esta vai ser uma longa viagem, pois teremos que atravessar a ilha de Manhattan apenas para chegar a minha casa.

*

Ao chegar a casa suspiro fortemente, por me relembrar rapidamente da morte do meu antigo patrão no sofá mesmo à minha frente

Dirijo-me à cozinha.

Antes de mandar a minha nave para os meus sobrinhos a reverem, retirei dela o painel touch screen, depois de saber que era apto para realizar vídeo chamadas.

Dessa forma, decido realizar uma videochamada com os filhos da minha falecida irmã.

— Olá tia — responde-me o meu sobrinho mais velho. Dum ponto de vista verameriano, ele até é bem jeitoso.

— Olá, meu querido. Então, como vai a reparação?

— Muito lenta. Esta nave é mesmo muito antiga. Tens a certeza que não queres que invadamos o governo e arranjemos uma recente para ti?

— Claro que tenho. Para fazerem isso apenas podem-no fazer com a minha ajuda, caso contrário ficariam presos até à morte — respondo — Sabes que mais? Acabei de me lembrar. Há um homem, já muito idoso, meu conhecido, e que tinha acesso à fabrica de naves do governo. Podem falar com ele, e talvez vos arranje as peças que faltam. Digam só que são meus sobrinhos.

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