1 - A Chegada

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Segunda-feira, 14 de janeiro de 1895

Após ter carregado no botão de como queria que a nave fosse para o destino proposto, as grandes portas abertas fecharam-se repentinamente e no grande painel touch screen (Sim, apesar de ter sido há 120 anos a nossa comunidade já tinha disto) surgiram letras: "Próximo destino: Manhattan, Nova Iorque, Estados Unidos da América". Aparentemente a minha nave tinha aterrado numa grande montanha de um país da Europa. Durante a viagem, um papel saiu por debaixo do volante, com a casa onde eu iria ficar e algum dinheiro terrestre para me ajudar a encontrar alguém para me alimentar. Claro que não vou fazer isso, prefiro morrer num planeta que não é meu do que alimentar-me de pessoas inocentes, especialmente porque agora não sinto fome.

A viagem demorou cerca de 10 minutos. Quando estava quase a chegar ao destino proposto, a mulher robótica avisou que iria aterrar brevemente. Aterrámos num parque. Um grande parque que estava rodeado de edifícios. A minha nave aterrou calmamente na relva verde e bem cuidada do parque, usando os jatos que tem na sua base para propulsionar uma melhor aterragem. Saí da nave, e toda a gente que estava lá afastou-se do veículo, fazendo um circulo a toda a sua volta. As pessoas usavam fatiotas engraçadas; tudo à base de castanho e preto, os senhores fumavam e tinham chapéus de coco. Já as mulheres usavam saias longas e tinham curvas super definidas, penteados engraçados, muitas vezes apanhados em coques ou com chapéus. Como está muito frio, eles estão a patinar num lago grande que está congelado. Saio da minha nave já com tudo o que preciso. Mas algo me apanha de surpresa. Estou a caminhar com a mala que tirei à europeia, e de repente, viro-me para trás e reparo que a nave está a encolher. Está a encolher tanto que a luz existente no parque não é suficiente para ver alguma coisa que seja. Involuntariamente, a minha mão estende-se, para depois a minha nave lá aterrar tão pequena que se confunde com um porta-chaves. Depois, algo ainda mais estranho: a mini-nave abre uma escotilha minúscula, saindo dela depois uma espécie de feixe de luz púrpura, que se propaga no ar como um circulo aumentando de tamanho. Seguidamente, todas as pessoas que estavam a olhar para mim viraram costas, como se eu tivesse desaparecido de repente. Foi com certeza a forma que a nave arranjou de apagar a mente às pessoas.

Sigo o mapa dado pela nave.

As nossas coisas não são como na Terra: O mapa dado pela nave era uma lente de contacto, que me indicava todas as direções que faltavam até à casa onde iria ficar. Enquanto estava a andar no meio das ruas, também apareciam pequenos pop-ups, a indicar o que era cada casa e a quem pertencia. Podia também fazer perguntas em voz alta, que apareciam as respostas por escrito na lente. É óbvio que como estava a fazer isto no meio da rua, as pessoas olhavam-me com olhares estranhos, especialmente pelo facto de estar em 1895. Tudo que não respeitasse a cultura deles era rebaixado ou preso.

Depois de muito ter andado, cheguei a uma casa igual a tantas outras: feita de tijolo do lado de fora, com umas pequenas escadinhas para a porta, e um canteiro com lindas flores por debaixo da janela do lado esquerdo da entrada. Abri a porta com a chave que me deram e a grande e pesada porta de madeira guinchou ao abrir; dando-me a entender da época onde estava. O vestíbulo era aquilo que estava na moda na altura. Um candelabro com francas luzes amarelas, escadas para o andar de cima, e todas as paredes estavam pintadas de amarelo claro.

A casa estava vazia, fazendo com que me sentisse abandonada, e sem ninguém, alguma coisa que nunca havia sentido antes. Largo as minhas coisas e vou tomar um banho. Espera. Não existem banhos! Ah, mas que época nojenta, como é que esta gente se sentia limpa?

— Quem me dera poder tomar um banho agora — disse eu encolhendo os ombros.

De repente, enquanto estou na entrada, oiço um barulho numa divisão ao fundo do corredor. Vou lá cautelosamente, e vejo que lá está uma banheira de imersão, totalmente nova: como se tivesse acabado de sair da loja. Aproveito o facto de ter uma torneira e ligo-a.

— Gostava imenso de ter gel de banho e shampoo — desta vez, o meu desejo não se realizou. Tento desta vez dizer da mesma forma que disse no desejo anterior — Quem me dera poder ter gel de banho e shampoo — mesmo assim; o desejo não se concretizou. Que posso eu fazer? — Transforma o tapete da entrada numa árvore — digo, encolhendo os ombros.

Imediatamente, abro a porta, e olho para a porta de entrada. À sua frente está uma árvore grande e verde. Só penso no quão incrível isto está a ser.

— Tenho de encolher os ombros! — gritei — Gostava de ter a poção de comunicação na minha frente — encolho os ombros.

Uma mesa rústica apareceu á minha frente, ficando-me pelos joelhos. Nela de repente surgiu um frasco de laboratório e dentro dela um líquido castanho. Presumo que seja isto. Levo-a aos lábios. Tem um sabor horrível.

— Gostava que a poção tivesse um sabor ótimo. — desejei. "Hmm", saboreei eu. Mas que belo gosto a morango que aquele estranho líquido tinha — Agora que já sou mulher e falo inglês, tenho que arranjar um nome. Gostava de ter uma lista de potenciais nomes americanos.

No ar, surge um pergaminho manuscrito, como se tivesse sido escrito pelos melhores duques das antigas cortes.

— Deixa ver. Mary, Tabitha, Katherine, Christiana, Elizabeth, Natalie... Espera, Elizabeth! Gosto bastante. Escolho este. Agora apelidos — encolho os ombros — Johnson, Francis, Benson... Benson, Hm. Gosto deste. Elizabeth Benson. Hum, não me parece. Williams, Wilson, James, Mars, Brown, Smith... — Ah, a lista é interminável — Dunn, Phillips, Campbell... Dunn! Elizabeth Dunn. Escolhido — encolho os ombros.

O místico documento manuscrito desaparece do ar, e toma lugar um bilhete. Acho que é aquilo que dá aos americanos uma identidade. O documento está vazio, no entanto, este faz um grande "puff" e todas as informações aparecem erradas, com certeza. Neste documento diz que tenho 19 anos e na idade dos humanos já tenho 29. Do teto cai uma pena de escrever, e esta escreve no bilhete Elizabeth Dunn, em letras lindas e românticas, parece-me. Parece que esta aparenta ser a minha letra a partir de agora.

Vou até à sala e sento-me no sofá, e com os meus recém-descobertos poderes, acendo a lareira à minha frente, tornando o seu calor numa sensação confortável. O sofá era duro e desconfortável, no entanto rapidamente desejei um novo, fazendo aparecer um sofá exatamente igual mas mais acolhedor.

Ponho-me a pensar. Esta morada foi-me dada pela nave. Isso quer dizer que mais cedo ou mais tarde eles vão saber que a nave me deu informações para eu ficar a salvo. Isso significa que voltarão. Virão matar-me, sei lá.

— Desejo ser imortal, e não haverá nada nem ninguém no mundo que tenha o poder de contrariar este desejo, a não ser a alguém a que eu tenha dado estes poderes de livre vontade. — encolho os ombros.

Pronto. Agora não existe ou existirá nada ou ninguém que me conseguirá matar, mesmo com todas as armas e torturas de Veramer. Ficarei neste mundo para sempre. Talvez até possa salvá-lo de ataques futuros, quem sabe. Por agora vou dormir. Amanhã tenho de por novamente a minha lente de contacto e pedir um passeio numa carroça, para conhecer a cidade.

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