Acabei a papelada muito mais cedo do que suspeitava, por isso fui para o andar de baixo assistir um filme.
Uma das coisas que mais gosto sobre esta casa, é que a fiz bem equipada. No andar de baixo há um pequeno corredor. Há 2 portas de cada lado, e a porta do fundo. Do lado direito, há a sala de cinema com 12 lugares, e um ginásio totalmente equipado. Do lado esquerdo há a lavandaria e uma pequena divisão com máquinas do aquecimento, da piscina e assim. E ao fundo está a garagem.
Viro na primeira porta à direita e coloco dentro do DVD o filme "Sexo Na Cidade". Gosto imenso desse filme porque se passa cá em Nova Iorque, e porque me faz lembrar do Phillip, haha.
*
O filme acabou e ainda só são 3 da manhã. Pode ser bom ter a liberdade de não dormir, mas também pode ser aborrecido, e temos tempo de fazer tudo.
Por alguma razão apetece-me sair de casa. Mas irei deixar Puki cá em casa, porque o vejo a acordar e adormecer.
Acho que vou a Manhattan, mas vou deixar o cão cá em casa. Apesar de adorar ter alguma companhia, não quero ter o meu patrão a perguntar-me o que é que eu fiz ao cão para ele estar sempre a dormir.
Subo as escadas muito cautelosamente até ao primeiro andar, por saber que o casal já está num sono profundo. Abro a porta da casota do cachorro, e aconchego-o na sua cama. Ele adormece assim que se deita.
Desço de novo as escadas até À garagem. De seguida, chego a uma das paredes de tijolo da garagem, e pressiono um tijolo específico com força para que a parede se abra, exatamente como no primeiro filme de Harry Potter.
Depois de entrar na garagem secreta, a parede fechou-se e eu entrei na minha nave.
— Boa noite nave — disse eu ao fechar a porta.
— Boa noite, senhora — diz a nave com a sua voz mecanizada — Onde deseja ir?
— Dirige-te à cidade, hoje apetece-me dar um passeio. Oh, e podes ser tu a conduzir, estou cansada.
— Com certeza senhora. Que disfarce pretende tomar?
— Não sei, podes por aquele jipe bonito da Mercedes.
— Com certeza. A transformar...
Em menos de nada, a nave está com a forma do meu carro desejado. Com o meu poder, abro o jardim da entrada ao meio para dar saída à minha nave. A minha sorte é que este bairro é quase desabitado, porque eu teria um grande azar em ter vizinhos que me estivessem sempre a sair de casa com um carro diferente.
A viagem à cidade foi calmíssima. Coloquei a transmissão do carro numa rádio de jazz, e acho que nunca me tinha sentido tão relaxada. Apenas quando estava a passar o Holland Tunnel, que é o túnel que liga Nova Jérsia a Manhattan, a ligação falhou um bocado, mas rapidamente se restabeleceu, uma vez que eram poucos os carros que iam na mesma direção.
Quando saio do túnel — que parece ter sido uma interinidade —, digo à nave para sair na saída que diz "uptown", pois tenho em mente ir beber um café no Starbucks da Times Square, e depois dar uma volta no Central Park.
Antes de entrar na loja, um polícia começou a reclamar comigo e a dizer que não podia estacionar o meu carro ali. A mim apenas me bastou um estalar de dedos para ele virar as costas como se eu não estivesse ali.
De seguida, conduzi a nave até às estradas internas dentro do parque, e depois encolhi-a de modo a caber no meu bolso, para eu poder andar e beber a minha bebida quente. Decido andar até encontrar o banco onde conheci Phillip.
Uma das coisas que mais gosto acerca dos parques de Nova Iorque, é cada banco tem uma placa em memória de quem costumava se sentar naquele ou simplesmente quis ser imortalizado. Eu requisitei uma placa a dizer "Em memória de Phillip Williams, que nunca deixará o coração daquela que mais amou"
Foram muitas as vezes que vim a este parque, e sentar-me no canto do banco, como que para dar espaço ao Phillip para se sentar ao pé de mim. Fico por longuíssimos e incontáveis momentos a olhar para os reflexos de luzes que este grande lago está a fazer. Mesmo à sua direita, está a Bow Bridge, uma ponte pequena mas muito famosa, nem eu sei porquê.
De repente, tenho uma ideia maluca: visitar a casa que primeiramente habitei quando cheguei aqui.
Ainda tive que andar um pouco para chegar até lá, mas com este frio agradável sabe tão bem passear. Quando cheguei na sua frente, nem podia acreditar no que via. Os meus olhos estavam a contemplar nada mais nada menos que o Museu Solomon R. Guggenheim, um dos mais famosos museus de arte do mundo.
Parece que todas habitações que já tive estavam destinadas a ser grandes coisas no futuro.
Realmente, às vezes passa-me ao lado como a cidade de Nova Iorque é tão fantástica e grandiosa. Uma cidade com milhões de turistas e luzes que nunca se apagam. Publicidades que vão e vem, mas os painéis de luzes parece ficarem mais fortes por cada ano que passa.
Justamente no momento em que eu me estava a lamentar pelo museu estar fechado, o sol começa a nascer. Fico por momentos a admirá-lo, pois está mesmo por cima do telhado do museu. Só quando olho para o relógio é que grito que nem uma doida, pois já são sete da manhã, e os meus patrões estão mesmo quase a acordar para o emprego.
Neste segundo, atiro a minha nave para o chão para voltar a casa. Conduzo-a com pressa, mas não valia a pena, pois a viagem durou 15 segundos. Mesmo assim, é uma chatice não poder-mos usar os poderes para nos teletransportarmos, apesar de podermos fazê-lo a outras pessoas. É algo deveras intrigante.
Assim que subo as escadas, tiro o meu sobretudo e começo a fazer o pequeno almoço com pressa. Não percebo porque é que esta gente se acorda tão cedo; obrigam-me a fazer o mesmo.
Ou não, haha.
Os meus patrões chegam à cozinha e eu já tenho a mesa posta. Sinto que acabei de correr a maratona e ganhei o primeiro prémio, por me sentir tão realizada.
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A Empregada Extraterrestre
Science FictionElizabeth Dunn conta neste livro a sua verdadeira história. A sua missão, enquanto habita no planeta Terra, é encontrar um herdeiro digno dos seus poderes: George Clark. Apesar de ser contra as leis do seu planeta, Elizabeth conta com a ajuda do se...