❀Capítulo 2❀

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   Sinto um aperto em minha mão, mas não consigo me mexer. Por que não consigo me mexer? Por que dói cada pedacinho dos meus músculos? Por que simplesmente não consigo abrir meus olhos? Por que não consigo falar?

   — Que sua coragem seja mais forte do que seu medo — sussurram ao meu ouvido. Não consigo reconhecer a voz, mas será que estou com medo? Medo de quê?

   Lembro-me de estar em um carro com a Jolie e...? Por que não consigo me lembrar do que aconteceu? Forço a mim mesma a lembrar do ocorrido, mas nada, nem mesmo um flash. "Que sua coragem seja mais forte do que seu medo." As palavras do desconhecido invadem minha mente. Mas que medo?

   É como se estivesse em um túnel sem fim, onde a única coisa que posso fazer é correr, mesmo sabendo que talvez nunca chegue ao fim. Meu pai sempre dizia que, se lutarmos por aquilo que realmente queremos, sem nunca desistir, poderemos alcançá-lo. Então, a esperança será a última coisa que vai morrer em mim.

   Sinto que estou andando em círculos. Ou talvez alguém esteja brincando comigo e, toda vez que penso que estou chegando ao fim, algo me puxa para o começo. Mas não vou desistir enquanto houver esperança.

   Sinto como se as paredes estivessem se fechando, me deixando sufocada. Começo a entrar em pânico, minha respiração acelera. Será que esse é o meu fim? E não tenho mais nada o que fazer para evitar.

   Cada vez resta menos ar.

   Sinto como se alguém estivesse em cima de mim, me sufocando. Não sei como, mas de um momento para o outro, finalmente abro meus olhos, ou acho que os abri. As luzes brilhantes e as paredes brancas tornam difícil manter meus olhos abertos.

   — Não... para com isso... não foi... não... — ouço, mas não consigo entender o que ele está falando e não reconheço a voz. Não consigo me mover para ver quem é.

   Tento falar, mas algo na minha garganta me impede. Passo minhas mãos pela cama à procura do pequeno controle que chama o médico. Quando o acho, começo a apertá-lo. Não demora muito e escuto a porta abrir, mas por que não consigo me mexer?

   — O que houve? — a voz do mesmo homem é ouvida mais uma vez. Só que seu tom de voz é diferente, numa mistura de cansaço e medo.

   — Você não chamou? — dessa vez ouço uma voz feminina.

   Escuto passos e vejo uma mulher morena de olhos verdes à minha frente. Ela mostra um pequeno sorriso e começa a puxar algo que sai rasgando pela minha garganta, mas não sei se consigo falar. Ela verifica a prótese ao redor do meu pescoço.

   — Tente falar alguma coisa — diz ela.

   Abro minha boca algumas vezes, mas não sai nada. Só consigo fazer sinal de negação com a cabeça.

   — Vou chamar o médico — ela me avisa e olha para o outro lado. — Você a olha? — tento olhar na direção, mas uma dor em meu pescoço se intensifica, impedindo meus movimentos.

   Ouço os passos pesados vindo em minha direção. Por alguma razão, meu coração começa a acelerar. Escuto o barulho da porta se fechando, indicando que a enfermeira se foi.

   Meus olhos azuis encontram os seus castanhos caramelo. Ele parece confuso quando leva a mão e acaricia meu rosto. Meu coração começa a acelerar mais uma vez, os bips das máquinas começam a ficar mais altos. Rapidamente, lembro quem ele é.

   — Le... Leo — tento falar seu nome e ele sorri. Seus olhos têm um brilho natural e hipnotizante.

   — Não faça muito esforço — diz quando tento me sentar na cama. Gemo um pouco com a dor e ele tenta me ajudar a sentar.

Sonhei Que Amava Você 》 Book OneOnde histórias criam vida. Descubra agora