Prólogo

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   O som das ondas quebrando era relaxante para a jovem morena. Ela estava se despedindo da bela cidade onde morava, pois acabara de descobrir que havia sido aceita na faculdade de Manchester.

   Ainda não tinha contado a ninguém sobre sua aprovação. Estava com medo da reação dos pais, temendo que não a deixassem ir para uma nova cidade, um novo país. Seu maior receio era a reação da mãe, que não aceitou bem quando a filha decidiu desistir do curso de Direito. Após dois anos de estudo, a jovem nunca amou o que fazia, sentindo-se influenciada pelo ex-noivo e pela mãe.

   Cansada de tudo, a única pessoa que a entendia estava longe. Ele sempre apoiou suas decisões, assim como ela estava sempre disposta a ouvi-lo se queixar do pai. Lizzie sabia que Leon precisava tomar uma atitude e se opor às ordens do pai, mas ele tinha medo, mais medo do pai do que Lizzie tinha da mãe. Leon a ajudou com seus problemas familiares, mas Lizzie nunca conseguiu retribuir o favor.

   Sentada na areia fina da praia, observava o mar negro como o céu, como se tudo estivesse unido. Não gostava muito de praia, exceto à noite, quando tudo parecia tão calmo. Gostava da Califórnia e estava triste por estar se mudando, mas estava disposta a enfrentar a mãe se ela não a deixasse ir.

   A jovem veio ao seu refúgio em busca de coragem para contar aos pais na noite seguinte. Estava voltando para San Fernando para comemorar seu aniversário de 20 anos. Já estava de férias, mas permaneceu em Santa Clara, onde fica sua faculdade. Não iria sozinha, sua amiga Jolie estava indo para dar apoio.

   Ao ouvir vozes, levantou-se. Alguém havia descoberto seu esconderijo. Sabia que era arriscado ficar na praia até tarde da noite. Limpou a parte de trás da roupa e saiu de trás de um barranco alto de areia.

   Três jovens caminhavam em sua direção, fazendo seu coração acelerar e o nervosismo tomar conta. Dois dos homens estavam fumando algo que não parecia tabaco. Um deles sorriu para ela, que olhou para o chão, nervosa, mas sem querer demonstrar.

   — Boa noite — disse ele.

   — Boa noite — respondeu por educação.

   A morena de olhos claros sentiu alívio quando os três homens passaram por ela. Dirigiu-se ao acostamento onde havia estacionado seu carro. No trajeto, passou por quiosques onde jovens bebiam e dançavam, e tudo tinha cheiro de fumaça. Não entendia o motivo disso, pois era mais caseira. Iria à festa, mas não consumiria álcool.

   Entrou no velho SUV do pai, presente de aniversário de 16 anos. Criou um vínculo com o carro, gostava de dirigir por aí, sentindo-se livre e feliz ao volante, poderosa e até invencível. Mas sabia que isso estava prestes a acabar. Tinha medo de se mudar para outro país, onde tudo seria diferente, mas sabia que ele estaria ao seu lado.

   Mal podia esperar para contar que havia sido aceita. Queria que ele fosse o primeiro a saber, mas quando ligou, o telefone estava desligado. Entendia que ele era um homem ocupado, mesmo com pouca idade. O pai cobrava muito dele, mais do que o necessário. A diferença de idade entre os dois era pequena, Leon era apenas dois anos mais velho. Mesmo com toda a responsabilidade, pressão e estresse, ele conseguia ser um garoto. Enquanto outros rapazes da mesma idade festejavam e bebiam, ele lia relatórios e participava de reuniões chatas. Tentava ver o mundo de outra forma, e mesmo odiando o que fazia, encontrava uma maneira de se sentir feliz.

   O toque do telefone interrompeu todos os pensamentos da morena. Nervosa, seu coração disparou ao ver o nome de Leon na tela. Demorou um pouco para atender, pois queria contar as novidades pessoalmente. Sorriu como uma boba e atendeu a ligação.

   — Acordei você? — A voz suave dele fez um sorriso se abrir no rosto da morena.

   — Não — respondeu ela, estacionando o carro no acostamento e verificando se as portas estavam travadas.

Sonhei Que Amava Você 》 Book OneOnde histórias criam vida. Descubra agora