Por um pequeno momento Eveline desejou poder ligar para Jace e despejar em cima dele todo seu desespero. Mas o momento não foi pequeno o suficiente para deixar de vir à sua mente o motivo de tê-lo deixado sem sequer olhar para trás. Eve ajeitou a mochila no ombro mais uma vez e respirou fundo. Respirou novamente e entrou no velho prédio de quatro andares e foi direto para seu loft, claro. Para onde mais ela iria? Já tentou ficar fora por horas e não deu muito certo pois sequer sabia para onde ir e sem comentar que tudo isso só no primeiro dia que estava na nova casa (se é que aquilo poderia ser chamada de casa). A garota deixou sua mochila no sofá verde-musgo de dois lugares e foi direto para o que era considerado seu quarto e se jogou na cama de madeira rangente.
Não vai ser tão ruim. Tentou se convencer por alguns minutos mas logo desistiu. É claro que seria ruim, já estava sendo ruim.
Eve foi tomar banho mas rapidamente já pulou para fora da ducha. Gente, tinha como a água ser mais fria?Eve tateou o celular que estava embaixo do travesseiro e desligou o alarme. Ela precisava encontrar um emprego com urgência, sua tia a prometeu que ajudaria mas não dá para confiar na memória de Leslie. Claro que ela foi uma boa tia nesses treze anos, ou pelo menos deu seu melhor. Mas sua praticamente a expulsara de casa e agora Eve realmente precisa se virar, não que fosse um problema.
O bar do leste da cidade com certeza estava descartado, servir bebidas baratas e consolar solteirões, viúvos ou babacas tarados não estava na lista de desejos de Eveline, nem mesmo em uma situação desesperadora. A sorveteira que ficava à quadras dali estava fora da lista também, além de gastar metade do salário só no transporte o lugar mais parece um porão do que uma sorveteria e ficar de pé quatro horas por dia vestida de pizza para a pizzaria do centro da cidade não parecia tão entusiasmante assim, não com aquele salário. A boate de striptease estava descartada com certeza absoluta e uma forte riscada com caneta preta de ponta grossa no anúncio do jornal. Sobrou apenas o último lugar que Eve circulou, assistente pessoal do gerente de uma Editora. O anúncio não informava o salário mas o lugar era acessível, apenas quinze quadras de distância de sua toca/casa e nos seus melhores dias Eve poderia ir a pé.
A construção não era as das mais novas mas o lugar parecia ser aconchegante, Eve percebeu isso assim que a recepcionista permitiu sua subida até o terceiro andar, onde estava acontecendo a entrevista. Eve pegou o elevador e sentiu um súbito desânimo ao chegar lá em cima, havia duas fileiras de cinco cadeiras longarinas e todas lotadas, e claro que aparentemente naquela cidade aquele era o único anúncio descente de emprego.
Eve resolveu tentar e ficou encostada na parede ao lado da cadeira mais próxima e cruzou os braços na altura do peito. Só naquele tempinho entre sair do elevador, se encostar na parede cruzando os braços Eve mudou completamente de ideia sobre o lugar aparecer aconchegante, o ar parecia estar pesado e todas as pessoas, sete mulheres e três homens agiam como se estivessem tendo o pior dia de suas vidas (não que o restante da população daquela cidade agisse ou parecesse diferente dessa classificação).
Naquele andar só havia o elevador, as cadeiras e uma porta de madeira no fim do corredor, o que deixava o lugar ainda mais vazio e abandonado. A porta abriu chamando a atenção de Eve e de todos os outros ali; um homem de meia idade saiu com expressão irritada e passou pelo corredor em cinco segundos e começou a espancar o botão do elevador com o indicador até o mesmo se abrir e logo ele sumiu quando a porta se fechou.
-Próximo -Eve deu um leve sobressalto ao ouvir a voz exigente. A mulher sentada na outra ponta se levantou rapidamente e ajeitou a saia lápis antes de se dirigir à porta. Todos os outros pularam uma cadeira quando a porta se fechou e Eve se sentou na cadeira ao seu lado, mas desejou se levantar, cadeira aquecida demais por outras nádegas. Mas se poupou desse mico.Ninguém mais apareceu depois de Eve para a entrevista e isso foi um alívio, menos competição para ela. Duas pessoas desistiram durante o tempo que ela aguardava, e dava para entender perfeitamente o motivo, cada entrevista durava de meia hora à quarenta minutos, somente uma delas durou cinco minutos e Eve deu graças à Deus, pelo menos agora ela é a próxima. Ao contrário do que esperava a pessoa de dentro da sala não a chamou assim que o outro concorrente saiu (que assim como todos os outros parecia frustrado e nervoso). Eve ouviu barulho de persianas sendo fechadas e logo a luz da sala foi apagada, um homem loiro e alto saiu da sala e trancou a porta, ele nem a tinha visto. Ao se virar ele fechou a cara e caminhou lentamente passando por ela e chamou o elevador.
-Desculpe, mas....-ela começou a falar se levantando e foi até ele.
-O que é? -ele perguntou ríspido e se virou para ela a fazendo dar um passo para trás. Ele parecia irritado, tipo, mais irritado que todos os outros concorrentes pareciam ao sair da sala e caminharem frustrados até o elevador.
-Eu vim para a entrevista e....
-Não está vendo que já acabou? -Eve agarrou a alça da bolsa que estava em seu ombro e arqueou as sobrancelhas.
-Olha, eu não sei qual é o problema das pessoas que entram e saem daquela sala mas tudo que eu quero é a merda de um emprego e estou aqui desde as duas horas da tarde e agora já é mais de oito da noite e tudo que eu quero é sair da merda desse prédio e pegar a merda do metrô e ir para a merda da minha nova casa para eu....
-Pare -ele falou revirando o olhos e Eve respirou fundo. Merda, havia dito merdas demais-Contratada -Eve parou de respirar por um momento e arqueou ainda mais as sobrancelhas.
-Como é? -o elevador abriu e o homem entrou.
-Vou precisar da merda do seu currículo -ele disse com um sorrisinho de canto deixando Eve ainda mais confusa e entregou à ele o envelope já amassado de tanto segurá-lo e o elevador ia se fechar mas o homem o segurou com o pé, abriu o envelope e puxou apenas um pouco do currículo para cima.
-Tem certeza que você vai me contratar? Eu nem mesmo fi....
-Boa noite, Eveline -dito isso a porta se fechou e Eve ficou sozinha no andar e com certeza com aquela expressão quer tanto odiava, a expressão confusa.
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Wake Me Up Inside | Justin Bieber FANFICTION
RomanceJá era ruim o suficiente ser e estar sozinha. Era ruim o suficiente morar em um loft que mal cabia ela mesma. Era ruim o suficiente começar do zero em uma cidade completamente desconhecida. Era muito ruim, mais que o suficiente, ter que lidar com o...