Chapter 4

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  Claire levou Eve até o segundo andar onde era a "área de lazer" dos funcionários. Havia uma cozinha e copa. Tinha tudo que era preciso, geladeira, micro-ondas, fogão, pia, bebedouro e na copa uma mesa grande até demais. Havia banheiro feminino, masculino e para deficientes físicos. E após um corredor que era ligado com a copa tinha uma sala de arquivos da empresa com aqueles computadores gigantes que controlam e armazenam tudo que Eve sequer sabia o nome. E ao lado dessa sala de arquivos havia uma enorme porta dupla de correr automática que se abriu assim que pararam em frente à mesma e isso intimidou Eve, todos os funcionários esticaram seus pescoços para fora de suas baias e encararam a nova funcionária.
-Bando de fofoqueiros -Claire disse baixinho e Eve olhou para ela tentando disfarçar seu desconforto. Sempre foi tímida demais perto de muita gente.
-Capa da invisibilidade, essa é a hora de aparecer -Claire riu e puxou Eve de volta para a copa.
-Ela não apareceria literalmente, você sabe, o lance de ser invisível -Eve balançou a cabeça contendo um sorriso.
-Tem razão, que erro terrível.
-Anos se passarão até você conseguir deitar a cabeça no travesseiro com a consciência limpa.
-Talvez décadas -Eve respondeu bem humorada ao entrarem novamente no elevador -Quarto andar? -perguntou reparando nos botões do elevador.
-Ah, nem me pergunte. Não faço ideia -Claire respondeu dando os ombros como se desculpasse. Como assim não fazia ideia?
-Pelo pouco que sei dele, imagino que lá seja onde ele abate suas assistentes -Claire riu tanto que jogou a cabeça para trás.
-Então a frequência é enorme. Desde que estou aqui, o máximo de tempo que uma assistente durou foram oito meses -Eve parou de sorrir. É claro que não seria fácil, o salário era bom demais, o lugar acessível demais.
-Vou providenciar meu testamento assim que chegar em casa -Eve tentou brincar mesmo se sentindo mal por saber ainda mais como seria difícil trabalhar com aquele homem.
-Tomara que fique pronto à tempo -Eve riu de verdade dessa vez. Claire era engraçada.
-Posso saber o motivo das risadinhas? -só então Eve percebeu que o elevador havia aberto no terceiro andar e o Sr. Bieber estava parado na porta e ele não parecia se divertir como elas. Eve olhou para Claire que fechou o sorriso de imediato e endireitou a pose.
-Peço desculpas, Sr. Bieber -Claire começou – Nós estávamos......
-Não quero mais saber. Venha Srta. Morgan -Eve saiu do elevador e olhou para Claire como se pedisse desculpas e quase que imperceptivelmente, ela deu os ombros. O Sr. Bieber saiu andando na frente e Eve apressou os passos para acompanhá-lo. Ele é um homem alto, mais alto que Eve mas não tão alto quando Cody e tem ombros largos como de nadadores e uma postura perfeita. Ao entrarem na sala dele, o sol que banhava o cômodo pelas enormes janelas atrás de sua mesa iluminou o cabelo loiro dele o deixando quase branco. Sr. Bieber era quase tão claro quanto Eve e provavelmente assim como ela, ficava um pimentão se tomasse sol. Marquinhas de biquíni? Só no bronzeamente artificial mesmo, mas Eve sempre detestou esses procedimentos estéticos -Eu te mandei por e-mail um exemplo de como gosto de manter minha agenda na planilha do Excel -ele disse despertando Eve.
-Sim, Sr. Bieber.
-Vou te ensinar algumas coisas sobre o Excel.
-Mas eu sei mexer no Excel -Eve aprendera isso de trás para frente fazendo os gigantescos trabalhos do ensino médio.
-Por acaso que cometer algum erro e ser mandada embora? Não tolero imperfeições.
-Não, Sr. Bieber -ela respondeu rapidamente. Levaria um bom tempo até Eve se acostumar à receber ordens. Isso se ela durasse esse bom tempo.

Ele mostrou a ela todas as coisas que ela mesma poderia ensiná-lo e ouviu tudo calmamente respondendo "entendi", "tudo bem", "ok".
Ao sair da sala do Sr. Bieber, Eve resolveu que poderia tentar bajulá-lo um pouco e foi no segundo andar preparar um café antes de reorganizar a agenda dele como havia pedido. A cozinha e copa estavam vazias assim como mais cedo quando Claire e Eveline exploraram o local. Havia café quentinho na cafeteira e Eve despejou uma boa quantidade no copo térmico de isopor, pôs as quatro malditas gotinhas de adoçante (qual a graça desse negócio?) e colocou a tampa. De volta no terceiro andar ela deu leves batidinhas na porta e entrou assim que foi autorizada.
-Eu trouxe café -Eve pronunciou a frase com cautela temendo a reação dele. O Sr. Bieber arqueou as sobrancelhas e pareceu surpreso, surpreso demais até.
-Obrigado, Srta. Morgan -ela deu um meio sorriso e levou o café até sua mesma.
-De nada -Eve respondeu já saindo da sala.

Eveline passou a manhã toda reorganizando a agenda do Todo-Poderoso (sim, era assim que Claire o chamava), ele disse que a antiga assistente se enrolou toda nos horários e locais e Eve precisava conferir com todas empresas o horário certo de cada reunião e os temas. A agenda dele era enorme, tinham videoconferências e reuniões presenciais marcadas para dali nove meses. Ela sequer sabia se duraria todo esse tempo para atualizar a agenda.
-Sim -Eve respondeu ao telefonema. Antes de qualquer pessoa ligar para ela repassar para o Senhor Bieber ou marcar (mais) alguma coisa era Claire quem atendia e conferia se poderia repassar para a assistente pessoal.
-O almoço dele chegou, estou subindo.
-Ok.
Por que diabos ela teria que avisar que estava subindo? Eve teria que pedir permissão para ir ao banheiro?
-Ele já te perfurou com algum objeto cortante? -Claire perguntou aos sussurros assim que parou em frente à mesa de Eve.
-Não -respondeu baixinho- Ainda não -corrigiu.
-Pelo menos você sobreviveu à meio turno.
-Pelo menos.
-Toma -Claire colocou um saco de papel em cima da mesa e ao lado, uma garrafa com suco que parecia ser de laranja -Você enfrenta ele, eu me livrei dessa com você aqui.
-Vou sobreviver -respondeu pegando o almoço dele e se levantou, Claire sorriu e deu os ombros.
-Se você diz.....-Eve balançou a cabeça de bateu na porta.
-Entre.
-Seu almoço -Eveline disse levantando o suco -Sr. Bieber -completou meio desconcertada. Eve não tinha o hábito de ser formal pois não costumava ir à lugares que exigiam sua formalidade e os contatos ricos de sua tia a conheciam desde criança, então, formalidade zero.
-Obrigado -ele respondeu sem tirar os olhos da tela do computador.
-De nada.
-Srta. Morgan?
-Sim -ela respondeu se virando para ele.
-Pode ir almoçar agora.
-Tudo bem. Obrigada Sr. Bieber.

Mas Eve não foi almoçar. Ela ficou em sua mesa terminando de organizar a agenda e preparando para enviar os e-mails que encaminharia para o Sr. Bieber mais tarde. Ela não fazia ideia de onde almoçar ou o quê levar para comer na copa, torradas e geleia? Sem chance!

-Ainda aqui? -Eve deu um pulo e sua cadeira e levou a mão ao peito. Olhou para Sr. Bieber por cima da tela do computador.
-Como?
-O que faz aqui até tarde? -ela olhou o horário no computador. Sete e vinte e um.
-Eu nem vi a hora passar, sinto muito.
Eve passou o dia todo organizando tudo que era preciso. Ela sequer viu que já anoitecera.
-Eu não te disse que está dispensada às seis? -ele perguntou arregaçando as mangas do paletó.
-Disse sim, Sr. Bieber. Eu sequer percebi que já havia anoitecido -se explicou desligando o computador e pegou sua bolsa -Desculpe.
Eles caminharam lado a lado até o elevador e não disseram mais nada. Ele sequer a olhava, obviamente a odiava. Eve reparou em seus braços agora visíveis, ele tinha diversas tatuagens, mas ela não conseguiu identificar nada além de um diamante. Era muitas e sombreadas e Eveline não fazia ideia de onde elas começavam.
Quando chegaram na recepção ele deixou ela sair primeiro do elevador e Eve agradeceu com um aceno de cabeça.
-Sr. Bieber -um segurança o cumprimentou quando chegaram na porta e a liberou.
-Boa noite, Sr. Hills.
-Senhorita -o segurança acenou a cabeça para Eveline e ela respondeu ao aceno.
Fora do prédio havia uma Land Rover estacionada e um homem parado ao lado, Sr. Bieber se dirigiu até o veículo e o homem quase tão alto e forte quanto o segurança da recepção abriu a porta para ele.
-Boa noite, Srta. Morgan.
-Boa noite, Sr. Bieber.
Eve resolveu ir caminhando para casa e respirou fundo ao perceber que seu primeiro dia não havia sido tão ruim assim.  

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