Prólogo

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   Henri olhava para o rapaz atraente e sexy sentado na cadeira à sua frente com extrema atenção, tentando captar e reproduzir seus traços perfeitos na folha de papel em branco. A Fonte dos Quatro Rios estava à sua direita, o som de suas águas embalando o ritmo de seus traços precisos e firmes. Dezenas de outros artistas disputavam lugar junto a ele na famosa Praça Navona — desde desenhistas de caricatura e retratistas profissionais a malabaristas de todos os tipos. Aos poucos, um rosto de feições fortes foi tomando forma, o traço sensual dos lábios e os cabelos lisos e negros que caíam sobre a testa davam grandiosidade ao retrato.

— Pronto, está terminado — disse pegando a folha de papel e estendendo-lhe ao rapaz.

— Quanto custa? — Dom perguntou arqueando a sobrancelha, dando um meio sorriso ao contemplar os traços na folha. Sou mesmo muito bonito — pensou convencido.

Admirando o jovem, Henri constatou que ele deveria ter cerca de dezenove anos, assim como ele. Ele vestia uma calça justa e um sobretudo preto e longo, sob sua camiseta clara havia um cordão de prata, e em seus pés um resistente par de botas pretas.

— O quanto seu coração mandar — respondeu simpático. — Pelo menos dez euros, por favor — completou depois, provocando uma curta risada em Domenico.

— Aqui — Dom disse esticando a mão com o dinheiro, virando-se de costas em seguida e se afastando a passos largos. Comendo-o discretamente com os olhos, Henri sorriu. Roma era mesmo um lugar de muitas belezas.

O restante da tarde passou rápida e tranquilamente, porém conforme as horas corriam o céu se fechava cada vez mais, as chuvas de outono ameaçando chegar. Guardando suas folhas, estojo e suas pequenas cadeiras dobráveis em sua imensa mochila, Henri caminhou para fora da praça, em direção a sua pequena e humilde casa, que não ficava muito longe dali.

Após virar algumas ruas, os seus passos já apressados se tornaram mais velozes, à medida que uma chuva fina e gelada começava a cair, molhando seus cabelos negros e cacheados. A estranha sensação de que estava sendo seguido o acompanhava, causando-o um grande desconforto.

Dobrando uma esquina, Henri adentrou em uma pequena viela não movimentada — o que era um milagre na conturbada e cheia de carros, Roma. Em seguida, correu alguns passos e se escondeu atrás de algumas latas de lixo, esperando ver finalmente quem o perseguia.

Tentando controlar sua respiração já acelerada, Henri escutou quando um rastejar pesado se aproximou da entrada da viela. Os sons da pele em atrito com o solo se tornavam mais altos conforme a criatura se aproximava, e uma sombra estranha e assustadora se espalhava pela rua asfaltada. Pegando um pedaço de madeira jogado no chão, Henri soltou um grito e saltou de trás das latas de lixo, o braço direito estendido para cima segurando sua nova arma.

Assim que viu a criatura que o encarava, Henri deixou o pedaço de madeira cair no chão. Seu rosto ficou pálido subitamente, enquanto seus pés o conduziam cambaleante para trás. Diante dele, uma serpente imensa o encarava pronta para dar o bote.

A serpente devia ter cerca de dez metros, ela sibilava e o fuzilava com seus gigantes olhos amarelos. Sua pele completamente vermelha era marcada por estranhos símbolos, e sua língua bífida atingia facilmente o tamanho do tronco de Henri.

De repente, sem aviso ela se atirou em direção a ele. Fechando os olhos, Henri colocou um dos braços em frente ao rosto esperando pelo impacto, quando inesperadamente Domenico apareceu diante dele, o empurrando e caindo no chão junto a ele.

Assim que abriu os olhos, Henri viu Dom rolar para o lado, saindo de cima de si e segurando um pingente de prata em formato de cruz em uma das mãos. Como ele apareceu aqui? — pensou, olhando-o confuso, a respiração acelerando ainda mais com a proximidade de seus corpos.

A cobra os encarava com ódio, e sibilando ameaçadoramente atacou-os novamente. Henri pensou que iria morrer, mas faltando poucos centímetros para a serpente acertá-los, Dom se ajeitou e apontou rapidamente o crucifixo para ela.

— Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, eu ordeno que volte para os confins do Inferno! — gritou, apontando a cruz para a criatura e fazendo com que uma luz vermelha saísse da pedra incrustada no pingente, cortando o ar e indo em direção ao demônio, que explodiu em centenas de pedaços, sujando suas roupas com uma gosma nojenta e fedorenta.

Pondo-se de pé elegantemente e tirando um pedaço de carne de demônio da jaqueta, Dom olhou para ele.

— Olá — disse, cumprimentando-o com um sorriso.

Sem entender nada e sentindo a cabeça girar, Henri perdeu os sentidos, mergulhando de cara na escuridão.

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