Os dias não se passavam no continente de Wehi, pois o sol nunca deixava de tocar aquelas terras. Os habitantes do reinado haviam composto um sistema para contar o tempo, aonde quando o sol passava de leste à oeste em um ciclo completo, se formava um ''alinhamento'', e as horas eram contadas a cada espaçamento que o sol dava, formando quinze no total. Aquilo não dificultava à nenhum habitante de Wehi, pois os mesmos se sentiam revigorados à cada alinhamento, sem precisar descansar os olhos ou praticar o habito de ''sonolar'', como os habitantes do reino obscuro faziam, para os habitantes de Wehi, fechar os olhos por horas com o corpo imóvel era loucura.
No final do quinto alinhamento após se separar do exército da capital, Slunce se aproximou das terras onde as Colinas Douradas se encontravam, cobertas por uma cachoeira que ao receber a luz do sol, adquiria um brilho dourado descendendo dos picos. Próximo aos picos, algumas construções podiam ser vistas, como se torres se formassem da rocha natural e se transmutassem em uma forma de pedra polida, diversas daquelas construções se encontravam pelas encostas, aparentando levar ao interior das montanhas e sumir entre a escuridão adentro. Slunce permaneceu nos campos de trigo próximos à base, mantendo uma distância relativamente grande, à qual o fazia ter de apertar os olhos para encontras as construções, que agora aos olhos do campeão pareciam tomar quase toda a montanha principal.
Slunce desceu de seu cavalo e deixou-o solto para correr pelos campos. O campeão aproximou-se um passo em direção as montanhas, deixando suas grevas tocarem o chão nu o qual seguia os campos de trigo. Suas mãos se ergueram à frente de seu rosto unidas, seguindo o silêncio com um assobio distante e agudo.
Ao trazer suas mãos de volta para próximo de seu peito, uma resposta distante foi dada, um guincho que aparentou ter vindo dos picos mais altos das montanhas. E então, cortando as nuvens douradas acima de Slunce, um animal descendeu com asas douradas, penas que dançavam com o vento e um bico que o mesmo cortava em um zunido.
- Falcão Dourado. - Slunce comentou quase que para si, como se fosse a primeira vez que tivesse visto aquele tipo de animal, de beleza tão pasma e com um grau de nobreza tão alto quanto o seu.
Acredita-se que os falcões dourados foram criados na primeira era pelo Deus solar Eluk'Wehi, pois em sua ausência os mesmos teriam a tarefa de observar cada ocorrido no reino. Enquanto os titãs dourados foram criados pelo mesmo Deus, na mesma era para cuidar dos exércitos e da segurança dos habitantes. O animal descendeu e foi de encontro ao antebraço erguido de Slunce, seu bico coberto por uma placa de ferro foi de encontro com a manopla do campeão três vezes antes de observar atento os furos do elmo dourado que levavam aos olhos. Um guincho foi seguido após um leve toque da manopla em seu peito.
- Diga à Zon Bouldgard que Slunce aguarda. - O animal fitou a máscara de Slunce por mais alguns segundos antes de bater as asas graciosamente e tomar as nuvens em segundos, sumindo em um turbilhão amarelado. - Agora é só aguardar. - O campeão se sentou no chão e sua montaria se aproximou do mesmo, se mantendo imóvel ao lado do mesmo. Slunce ergueu a mão esquerda para acariciar o focinho do animal enquanto observava uma pequena luz sair das nuvens douradas e circular por entre as torres da montanha, logo sumindo entre elas.
E sem demora, a tal luz novamente apareceu e tomou as nuvens próximas aos picos das colinas. Novamente o falcão descendeu das nuvens próximas aonde Slunce se encontrava, o campeão se levantou e ergueu o braço para o animal pousar e ajeitar suas penas soltas com o bico de ferro. Na pata esquerda do animal, próximo as garras mortais da criatura, um rolo de pergaminho havia sido amarrado, o papel era novo e o toque da manopla de Slunce facilmente o deformou.
O campeão abriu o pergaminho e tornou-se a ler o que nele estava escrito, uma letra bela e bem trabalhada, como se a pena conhecesse o toque do papel a séculos, e ambos tivessem sido feitos um para o outro.