O Rio Do Tempo

1-Despertar

New Jersey -2008

Era uma manhã escura de inverno, quando acordei não conseguia ver nada pela janela, nada além de neve e gelo, mas mesmo assim eu conseguia sentir uma alegria que me dava vontade de sair correndo do quarto, porem eu estava me sentindo tão aconchegante ali deitado na minha cama macia e cheirosa, na qual me encontrava cobrindo meu corpo descamisado com um fino lençol vermelho, que então resolvi passar mais alguns minutos ali olhando para as paredes marrons cujo eu mesmo pintei de maneira nada profissional. Foi então que ouvi vários passos em direção a escada e no mesmo instante uma cortina de odores incessantes e maravilhosos invadiu o quarto, entre eles o que mais me chama atenção era o aroma de café. Em menos de segundos eu já estava de pé com meu robe sobre o corpo e comecei a caminhar a passos lentos em direção a porta apenas apreciando o cheiro doce de café da manhã.

Descendo as escadas, a cada novo degrau todos os aromas foram ganhando mais cor. No ultimo degrau eu pode alcançar com os olhos a cozinha e nada podia me fazer mais feliz na quele momento do que ver minha família ali, prontos para começar o dia. Logo que entrei na cozinha uma pequena pessoinha estava a me devorar com seus grandes olhos castanhos, Ruan é o mais velhos dos pequenos da casa, ele estava a me encarava com um olhar profundo e sério, porém não conseguia mantê-lo por muito tempo bastava eu o encarar de volta que num subto suspiro ele caia na gargalhada. Ao seu lado estava sentada Clary, a casula, que mesmo sem dentes já ria como se fosse gente grande, e ao fundo estava a pessoa que da razão a minha vida, ela estava encostada no balcão de mármore cinza , com seus longos cabelos escuros e ondulados ela me observava com um olhar que ate mesmo deus não podia duvidar que se tratava de um olhar de amor. Nem eu nem Sofia conseguimos esconder o olhar de felicidade ao nos vermos, é como se o mundo se transforma-se em uma sala vazia apenas com nós dois, e tudo ao nosso redor parava de ser relevante, e isso me orgulho em dizer nunca mudou nos últimos 8 anos de casados .

O café da manhã sempre foi o único momento que realmente a família se encontrava, pois raramente eu estava em casa e Sofia estava a trabalhar muito, então Clarissa e Ruan passam quase o dia todo na escola ou na creche, porem aquela manhã era diferente, havia algo mais, alguma coisa que estava fazendo tudo diferente.

Sentado a mesa com as crianças enquanto Sofia terminação de arrumar a cozinha, Ruan, cujo a curiosidade é infinita, me veio com uma pergunta que levou a uma conversa a respeito do passado

-- Pai - disse ele.

Eu respondi apenas com um aceno de cabeça e uma levantada nas sombrancelhas. E ele proceguiu :

-- Porque eu morando aqui na América e não pareço com as crianças daqui?

E eu com o tom mais calmo de voz que pude respondi:

-- É que mesmo que você tenha nascido aqui, nossa família não é originária daqui.

-- E de onde nos somos então? - disse ele com uma curiosidade maior ainda.

-- Bem, eu nasci no Brasil e sua mãe é nascida aqui em New Jersey mesmo, mas a origem da nossa família, tanto por minha parte quanto por parte da sua mãe veio da Itália- respondi eu, então ele foi mais fundo no assunto.

-- Mais a Itália fica longe pai?

-- Sim fica, bastante- disse eu enquanto mastigava um pedaço de torrada.

-- Mais longe que a casa do vovô?- retrucou ele na maior inocência.

-- Sim Ruan, muito mais longe que a casa do vovô- respondi eu enquanto escuta Sofia rir atrás de mim da inocência do garoto, porém ele ainda não estava satisfeito com aquilo é me perguntou:

-- Pai como você sabe que a Itália é longe? Você já esteve la?

-- Sim meu filho! Eu morei la por quase 2 anos antes de conhecer sua mãe- respondi eu, querendo saber ate onde ia isso porém com um leve tom de nostalgia.

--Serio!! Como é lah?

Antes mesmo de responder minha mente começou a divagar sobre o passado....