3-Passado

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New Jersey- 2008

Tentar explicar a uma criança de 6 anos memórias de um passado distante carregado de história e fatos, sobrepostos de uma camada de devaneios de homem cujo a cabeça estava inundada pela nostalgia se tornava impossível naquele momento, tudo que pude dizer entre meus dentes semi cerrados foi :

--Você nem pode imaginar

Foi então que as lembranças vieram ainda mais átona e a saudade daquele passado então me abateu, eram tantas recordações, tantos pensamentos e sentimentos que não tive ideia de como me livrar daquele momento de nostalgia melancólica. Eu tenho a vida que sempre quis então porque o passado me afligiu tanto aquele dia? Sempre uma pergunta vaga sem respostas. Num respirar meus olhos se encheram de lagrimas e tentando omitir minha reação a pergunta inocente do meu filho bebi a ultima gota de suco, com os olhos vidrados nas ranhuras do beiral da porta para tentar me conter, levantei-me e caminhei em direção as escadas e com a voz engasgada disse em tom nada comum :

--Vou pro banho! - e o silencio ecoou na cozinha enquanto meus lábios se contraím, ate que Sofia rompeu aquele momenti com toda sua gentileza e afeto dizendo :

--Filho é melhor você tomar banho também,caso contrario vai se atrasar pra escola.

Ruan então se levantou da cadeira e passou correndo por min antes mesmo que eu pudesse alcançar o corrimão  das escadas, em um instante ele estava no topo das escadas e antes de chegar ao último degrau ele parou e me olhou de relance com um sorriso confuso, e de maneira ainda mais rápida ele se virou e saiu em direção ao seu quarto.

Prosseguindo a caminhar logo lá  estava eu, parado dentro do meu quarto encarando com o olhar marejado a minha velha parede marrom, e alguns passos cansados depois, sem nem mesmo perceber, eu já estava dentro do banheiro de baixo do chuveiro, de olhos fechados, pois até o brilho dos azulejos brancos estavam ofuscando minha vista, a aguá caia sobre minha cabeça e então parecia que um pouco das minhas lembranças começaram desaparecer e minha mente que a pouco parecia uma tempestade agora se acalmava em uma leve maré.

Finalmente, alguns instantes depois eu estava trocado, com meu tradicional terno preto,  pronto pra ir trabalhar e tudo que acontecera aquela manhã parecia ter não acontecido, então estava pronto para recomeçar o dia dali em diante. Depois de me despedir da família, la estava eu guiando meu carro em direção a  minha empresa, eu já não estava mais pensando no passado, a única que passava pela minha cabeça era como me redimir com meu filho pela situação estranha daquela manhã, um sorve  seria o suficiente, um brinquedo, uma pedra de diamante talvez..

Depois de chegar na empresa eu comecei a trabalhar e então não me restava tempo para nada, meu cérebro estava focado, então de repente  o telefone do escritório toca e com a mesma voz serene de sempre  minha secretaria Amanda me diz:

-- Senhor Semenzin tem um homem aqui que quer falar com você, posso mandar entrar?

-- Quem é? E a respeito de que ele quer falar comigo? - Respondi eu, e ela me disse então:

-- Ele disse que se trata de um assunto importante, que tem haver com sua Família.

-- Diga logo a ele pra entrar  então - disse eu

Quando a porta se abriu num suspiro de espanto eu silabei:

--Ga...........

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