*Capitulo 14*

815 53 9
                                    

  Edward on

"Eu vi a barriga de minha mãe ficar cada vez maior. Eu vi com meus próprios olhos inocentes um borrão numa tela esquisita que fez minha mãe chorar dizendo que era uma menina. Senti ciúmes quando começaram a comprar coisas só pra ela, e a chamarem só ela de amorzinho. Eu não queria dividir meus pais. Eu não queria dividir a minha atenção.

A cada dia, a barriga ficava maior e o quarto cor de rosa mais bem decorado. O nome Isabella era estampado na parede cor de rosa como o nome da vitória. Eu já não tinha mais o que fazer... Ela viria, e não havia esforços pra impedi-la.

Cogitei a idéia de jogá-la pela janela, jogá-la na lata do lixo, ou dar ela pra um cachorro comer... Mas nada daria certo, nada! Quem sabe eu pudesse arrumar outros pais pra ela?

Num dia de sol, minha mãe começou a sentir dor e me disse que sua barriga iria explodir e de lá, finalmente, Isabella iria sair. Mandou eu ligar pro papai e pedir ajuda. Mas eu não queria que ela saísse! Pensei muito antes de pegar o telefone e discar o numero do papai que ela gritava atrás de mim. Eu podia deixar mamãe ali, sem ajuda, e quem sabe a menina não chegasse a nascer?

Quando dei por mim, estava numa sala azul com papai, que me chacoalhava feliz de um lado pro outro, cheio de orgulho me dizendo que sua “menininha” iria nascer. E nasceu. Eu vi a enfermeira no final do corredor vindo na nossa direção trazendo um embrulhinho cor de rosa. Era pequenininho demais. Papai se adiantou em vê-la... E depois me ergueu no colo, afastou a cobertinha pra eu poder ver.

Era muuuito pequena, e branquinha! Cabelinhos ralos e castanhos... Olhos fechados, mas que no momento em que a olhei, se abriram pra mim.

Ok, eu passei a odiá-la profundamente, ignorá-la, não querendo de jeito nenhum saber daquela coisinha pequenina que desde que chegara em casa no colo da minha mãe começara a me atazanar.

Mas havia um problema...

Quando ela chorava, quem conseguia a fazer ficar quieta? Eu. Quando queria comer, quem tinha que alimentá-la? Eu. A primeira palavra dela fora qual? “Ed”, meu apelido. Quando deu os primeiros passos, na direção de quem ela foi? Na minha. Seus sorrisos eram pra quem? Pra mim. Pra passear ela pegava na mão de quem? Na minha... Aos três anos, quando entendeu o propósito do primeiro pedaço de bolo, pra quem ela o entregou? Pra mim.

Ela me amava, e eu não sabia por quanto tempo mais eu resistir a ela.”

Lembrança I

Bella: Ôh Ed... – eu suspirei quando a ouvi chamar o meu nome de novo. Virei o rosto na direção em que ela estava, e a vi deitada no tapete de barriga para baixo, pitando alguns desenhos. Era bem pequena pra quatro anos e meio.

Não consegui olhar pro rosto dela. Os cabelos castanhos, lisos e longos tapavam sua pequena face, enquanto seus olhos estavam vidrados no desenho. Havia lápis de cor espalhados pelo tapete, assim como giz de cera. Seu pezinho descalça chacoalhava no ar, e ela cantarolava. O vestido rosa estava um pouco curto, mostrando a calcinha cheia de bichinhos.

Edward: que foi agora? – esparramado no sofá ao lado dela, eu resmunguei, tentando prestar atenção na TV a minha frente.

Bella: Ed, olha pra eu! – choramingou. Eu olhei de novo – a mamãe e o papai vão demorar pra voltar? – Bella meigamente apoiou as mãozinhas no queixo, e fez biquinho um pouco triste – não quero que eles demorem, Ed.

Edward: Ah Bella, sei lá... – dei de ombros, e voltei a olhar pra TV – eu já te disse que a mamãe tava dodói. O papai foi levar ela pra ver o médico... Fica quieta ai com seus desenhos e me deixa ver TV.

Sangue do meu sangue {Edward & Bella}Onde histórias criam vida. Descubra agora