Capítulo 3

140 14 0
                                    

7 de abril de 1980, Quinta-feira

Bom dia, Henry, desculpa ter te deixado embaixo da cama, não quero que minha mãe te veja, quero que tudo que eu escreva em você seja apenas para eu ler. Bom, você deve estar querendo saber o porquê de eu ter acordado essas horas... Seis horas e eu já estou acordada, que milagre, hein. Bom, é que eu queria te contar da história do meu pai, aliás, fui dormir pensando nisso, não dormi muito bem, toda vez que eu penso neste acontecido eu fico triste, chorosa.
Já era noite, estava eu em meu quarto, já tinha uns 6 anos, ou 7, já havia passado alguns anos desde o pesadelo que houve com meu irmão, minha mãe já estava até superando. Um pouco antes de eu ir dormir, eu tomei meu chá, deitei na cama e fiquei olhando as estrelas, no meu quarto tinha uma janela enorme, e como a cidade possuía bem pouca poluição luminosa, era possível ver as estrelas com muita perfeição. De repente eu escuto alguma coisa quebrando, logo em seguida um grito da minha mãe... Desci as escadas correndo, até que cheguei na sala, vi meu pai sangrando no chão, com 9 facadas pelo corpo, cortes bem profundos, chegavam quase a atravessar o corpo. Minha mãe estava desmaiada do outro lado da sala, por incrível que pareça, eu mantive a calma e consegui comunicar a polícia rapidamente.
Tínhamos câmera de segurança em toda entrada da casa, e em nenhum momento a câmera filmou alguém entrando na casa. A polícia até chegou a suspeitar que teria sido minha mãe que cometeu essa atrocidade, mas depois que não conseguiram provar nada, nem mesmo a arma do crime, ela foi liberada.
Já se passaram quase 10 anos, não tem um dia que minha mãe não se lembra disso, ela já passou por tratamentos psicológicos, foi até internada, mas é impossível, isso ficou tatuado na mente dela.

Bom, mudando de assunto, já estou com saudades da escola, essas férias parecem eternas, por sorte segunda já tem aula, estou com saudade da Julie (minha melhor e única amiga) e da minha professora de português, ela é um amor de pessoa, sempre me anima a escrever histórias, sem contar que ela foi a pessoa que mais me deu apoio depois de tudo que aconteceu na minha vida.

Agora já são quase sete horas, tá na hora de eu ir lá colher os tomates. Hoje vou ter que fazer uma caminhada longa até o centro, vou levar algumas verduras para o velhinho da feira, ele me dá uns trocados por eles, uma boa quantidade de dinheiro até, e eu passo no mercado comprar comida para casa. Essa semana a comida acabou bem rápido, só sobrou uns ovos e um pouco de arroz. Não estou com nem um pingo de vontade de sair de casa, queria ficar o dia inteiro em casa lendo, andar até o centro é bem cansativo. Vou parar de enrolar e ir logo, tchauzinho, Henry, se eu tiver tempo, mais tarde eu falo com você.

A Contagem Da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora