Capítulo 4

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Henry, perdoe-me pelo tempo que fiquei sem conversar com você, tem sido agitado meu cotidiano, por incrível que pareça. Andei me empenhando na escola, muitas provas, lições, trabalhos, sem contar que minha mãe está cada vez mais desabilitada, necessitando da minha ajuda para quase tudo, aliás, nesses 6 meses que fiquei sem falar com você eu evolui muito, inclusive meu vocabulário, tenho lido muitos livros.
Ah, esqueci de comentar sobre meu aniversário. 3 meses atrás completei 17 anos, sinceramente eu nem tinha criado expectativa para esse dia, o que foi bom, aliás, foi um tédio. Passei o dia com minha mãe e minha melhor amiga, a Julie, conversando sobre assuntos aleatórios.
Mas agora vou direto ao assunto, o principal motivo de eu ter me lembrado de você (Desculpa se isso soou como menosprezo). Tenho tido pesadelos ultimamente, o que é muito estranho, pois eu nunca fui de ter pesadelos, a última vez foi quando meu irmão morreu, tive sonhos hediondos naquela época. Mas voltando ao assunto, na noite passada meu sonho teve como protagonista a floresta vizinha, o que não é novidade, em quase todos meus pesadelos a floresta se intromete. No sonho apareceu minha mãe, de costas, andando vagarosamente na direção da floresta. Não é o tipo de sonho bom, aliás, ninguém entra na floresta com boa intenção, já que a floresta tem uma grande fama de lugar para suicídios, e no sonho eu corri atrás da minha mãe, e sua sombra se ofuscava na escuridão das árvores, até um ponto que ficou impossível vê-la.

Sempre acordo perturbada após esse tipo de sonho, e fico sentada na cama vários minutos pensando na vida, em como seria melhor minha vida se meu pai estivesse vivo... Ou não, até onde eu sei, meu pai era um pinguço nato, vivia em bares.

Mas quanto aos sonhos, estou tentando lidar. Comecei a ler um livro chamado "Os paradigmas da mente", tem um capítulo que fala como controlar os sonhos. Não que eu acredite muito nisso, mas não tenho outras opções, né?

Mudando de assunto, amanhã pretendo ir com a Julie na cidade, vai ter uma exposição da universidade de medicina e eu sou fascinada por esses assuntos. todavia, Julie prefere exatas, mas como ela é uma amiga e tanto, vai me acompanhar. Acho que nunca reservei algumas linhas pra comentar sobre ela, né?  Que grande amiga que eu sou... Ela foi essencial na minha vida logo após eu entrar na escola, eu me sentia excluída, ninguém falava comigo e eu nunca fui de fazer amizade facilmente. Porém, Julie criou um laço afetivo pulcro comigo. Uma amizade transparente, sempre compartilhei de tudo com ela, e ela sempre foi um ombro amigo para mim. Mesmo tendo suas imperfeições, ficando facilmente irritada por coisas simples, ela se fazia diferente de qualquer outra garota do colégio, em vários aspectos.

Já está começando a anoitecer, tenho algumas coisas para organizar ainda e tentar ter uma boa noite de sono, já estou sentindo falta disso. Amanhã a gente conversa mais, a propósito, arrumei um lugar ótimo pra você na minha estante, acho que vai gostar. 

A Contagem Da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora