Capítulo 2

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6 de Abril de 1980, Quarta-feira

"Querido diário", aí meu deus, você gosta de ser chamado de "diário"? Que nome brega, vou chamar você de Henry, ouvi dizer que dar apelido às pessoas ou coisas traz intimidade, quem sabe possamos ser amigos, né? Aliás, esse é um nome que me traz lembranças, era o nome do meu irmão.
Enfim, tenho que lhe contar umas coisas que aconteceram comigo, que eu considero segredo, mas acredito que posso desabafar com você.
Na página anterior eu disse que uns anos atrás minha casa tinha pegado fogo com meu irmão dentro... até aí "tudo bem", acidentes acontecem... Contudo, os bombeiros pesquisaram, pesquisaram, e não acharam uma explicação para o incêndio, sem causas naturais, acidentais ou criminosas. Estava tudo em ordem na casa, o fogo simplesmente manifestou-se do nada, e pior, cessou de um momento para outro. Era uma escala enorme de fogo, queimou grande parte da casa, e de um segundo para outro, o fogo dissipou. Estranho? Um pouquinho, né?! Mas sabe o que mais preocupou a todos? Meu irmão tinha sumido, desaparecido, sem rastros vestígios, marcas de agressão, sem nenhuma pista. Ele tinha alguns meses de idade, o caso ficou conhecido por todos da minha pacata cidade e minha mãe ainda não se recuperou totalmente dessa perda.
A situação da minha mãe é deprimente, sinto muita compaixão por ela, me dá dor no coração ver ela todo dia chorando no quarto, não só pelo que aconteceu com o meu irmão, mas também pelo que aconteceu com meu pai, mas melhor eu te contar isso amanhã, já está bem tarde e eu preciso acordar cedo amanhã, beijos, Henry.

A Contagem Da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora