Capítulo 5

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Stefani chegou à escola arrastando seu tubo de oxigênio pelas rodinhas e encontrou a sua

única amiga Nicole:

- Oi, Stefani, que cara estranha é essa?

- Sei lá. Acho que tive um pesadelo.

Nicole soltou risadas:

- Pesadelos?! Que monstros foram te sugar à noite? - seu tom de voz tinha um cáustico.

Stefani lançou uma risadinha tímida e não respondeu, pois estavam entrando na sala de

aula. De longe, observou seu vizinho exótico que usava uns óculos cujas lentes pareciam um

fundo de garrafa. Era um pouco mais alto que ela, mais ou menos 1,75 m de altura, com

cabelos muito pretos e lisos, compridos até a altura dos ombros, e seus olhos pareciam duas

vezes o tamanho de uma azeitona por causa daqueles óculos. Stefani não o discriminava pela

sua aparência estranha, pois ela mesma sofria preconceito por carregar um tubo de oxigênio, e

suas amizades se reduziam a uma única amiga. Ela nunca se achou atraente com seus 1,68 m

de altura, olhos esverdeados e cabelos castanhos escuros semi-longos quase sempre

bagunçados, pois não era nada vaidosa.

Usava sempre aquela camiseta da escola, embora não fosse obrigatória, e sua calça jeans

com seu tênis favorito estilo all star preto. Achava que carregar aquele tubo de oxigênio

apagaria qualquer informação de vaidade que ela quisesse transmitir. Mas nunca deixou que

qualquer brincadeira mal-intencionada de seus colegas a afetassem, e por isso, ao mesmo

tempo em que achava David estranho, sentia uma necessidade inusitada de protegê-lo dos

predadores da escola. Bateu a sineta para a hora do intervalo. Nicole nunca gostou da

merenda que a escola servia: todo o dia levava seu cupcake com uma caixinha de suco natural:

- Eca! - disse Stefani ao fixar o olhar no cupcake de Nicole.

- O que foi agora?

- Que cobertura é essa do seu cupcake?

- Receita minha, inventei tomates com azeitonas picadas!

- Ai, meu Zeus! Acho que vou vomitar!

- Você ainda invejará a grande empresária que serei com cafeterias especializadas em

cupcake!

- Anham - sua expressão era de incredulidade.

Duas mesas à frente, Stefani enxergou David com sua bandeja procurando um lugar

desocupado para sentar-se, e sua expressão era como se perdido estivesse no meio daquele

enorme refeitório.

- Ei, ei! - acenava Stefani com a mão. - Sente aqui conosco!

- Pirou?! - falou Nicole. - Por que está chamando o garoto?

- Percebe como ele está todo perdido e confuso?

- Tudo bem. Mas como vou explicar para Daniel que virei amiga de um esquisito sentado

aqui entre nós? Vai achar que escondo alguma esquisitice minha também!

Stefani não ligou para o comentário e continuou acenando para David, que se aproximava

STEFANI- E a casa dos jardineirosOnde histórias criam vida. Descubra agora