As pessoas, desde o começo dos tempos, tinham opiniões que divergiam. Algumas pessoas gostavam de certas coisas que outros achariam repugnantes.
Mas todos, sem excessão nenhuma, após passar alguns poucos minutos na Of Human Gallery poderiam concordar: Louis Tomlinson era, com certeza, um artista de gostos excêntricos.
Suas telas eram, em sua maioria, escuras. Uma mistura de realismo com um estilo diferenciado, marca registrada do homem. Era, naquele tempo, algo tão fora do comum, do usual.
Algo novo, alternativo, como diziam alguns dos os críticos, a mais baixa porcentagem. Outros 92% usavam adjetivos como grotesco, desumano e até mesmo uma afronta à arte e ao pudor.
Apesar de tudo, Louis só tinha de agradecer à esses críticos. Eram aqueles, e apenas eles que, com seus comentários negativos, faziam com que sua galeria vivesse sempre cheia de pessoas, animadas para verem aquilo com os próprios olhos.
O artista sorriu, satisfeito, enquanto percorria a sala lotada com seus olhos azuis.
Era uma imagem quase sobrenatural ali, parado no canto mais escuro da sala, com seu terno preto e o cigarro queimando, aceso, em seus dedos.
Olhava, com satisfação no olhar, quando as pessoas soltavam suspiros de indignação ao olhar o quadro principal daquela galeria, pendurado alto numa grande parede branca, para que todos pudessem vê-lo.
Aproximou-se do quadro, empurrando as pessoas que se afastavam para dar passagem ao artista, que parou na frente de sua obra, observando-a com o cenho franzido, enquanto tragava seu cigarro. Não era sua melhor tela, e muito menos uma obra prima. Não merecia realmente um lugar de destaque, ou pelo menos não na mente dele. Porém, ele tinha de colocar algo como destaque principal, e aquele havia sido considerado, por alguns dos mais famosos críticos de arte, sua obra mais chocante. E ele estava exatamente ali para isso. Para chocar.
No quadro duas mulheres, ambas nuas, sentavam-se sobre uma cama de lençóis vermelhos que escorriam em grossas gotas para o chão, como uma gota de cera escorre de uma vela parcialmente derretida, manchando as duas personagens centrais da tela de vermelho. A maior, de cabelos escuros, erguia-se, de joelhos, sobre a companheira, que permanecia deitada sobre os lençóis. As duas tinham os rostos próximos, com os lábios quase a se tocarem, as mãos manchadas de carmim pousadas sobre o corpo alvo uma da outra. O fundo era negro, como se nada mais existisse além das duas, ali, deitadas sobre seus lençóis de sangue.
"Uma desgraça, isso sim!" ele ouviu um homem sussurrar para a esposa, um pouco atrás dele. Louis girou nos calcanhares, encarando o homem com as sobrancelhas arqueadas em questionamento.
"Algum problema, senhor?" Louis perguntou, aproximando-se do homem a passos lentos, enquanto o mesmo agarrava o braço da esposa, mantendo-a afastada.
"Meu único problema são essas telas. Completamente imorais, é o que eu digo!" o homem disse, cuspindo as palavras. Era corajoso, Louis tinha de admitir, apesar de ser até mais baixo do que ele. Mais baixo até do que a própria esposa, que se erguia elegantemente em saltos que pareciam desconfortáveis como o inferno.
"Lamento se o romance lhe insulta, senhor. Pois, veja bem, a saída é logo ali" o artista disse, com descaso, enquanto jogava seu cigarro acabado na lata de lixo e tirava a caixa do bolso do paletó, puxando mais um e o colocando entre os lábios, com as sobrancelhas arqueadas.
"Romance? Isto não é romance!" o homem disse, com uma veia saltando da testa e o cenho franzido em irritação. "Isto é uma aberração!" ele exclamou, alto, atraindo a atenção das pessoas ao redor, enquanto apontava para o quadro atrás de Louis.
"Se você diz" o de olhos azuis respondeu, com desprezo, enquanto assoprava a fumaça para longe, encarando o homem, com um olhar tão afiado quanto uma faca.
"Diga-me, senhor Tomlinson, o que quer mostrar com essa... Coisa?" o homem perguntou, com o maxilar travado. Não sabia lidar com o descaso, era bem verdade, e, no momento, era tudo o que estava recebendo do pintor. "Duas mulheres, nessa intimidade tão... imprópria! O que está insinuando? Que concorda com este tipo de comportamento contra a lei de Deus?"
"Deixe-me explicar algo, senhor" Louis respondeu, com o máximo de veneno possível, começando a irritar-se com o comportamento daquele homem. "Eu faço arte para quem sabe apreciar. Não vou mudar nada em meus quadros apenas para agradar uma maldita parcela da população de analfabetos funcionais que não consegue nem entender o significado de uma tela. Você chama de abominação, pois bem, eu chamo de amor. O quadro não se trata de sexualização de mulheres ou qualquer coisa do tipo, se trata de amor e dor, seu estúpido" o homem disse, com o maxilar trancado, jogando o cigarro no chão e pisando no mesmo com força. "Além do mais, eu não pinto sobre pessoas, eu pinto sobre sentimentos. E, caso não esteja satisfeito, a saída existe para isso" cuspiu as palavras em direção ao homem, que o encarava, chocado, assim como a maioria das pessoas ao redor.
O artista virou-se, passando pela multidão em direção à saída de sua galeria, pisando duro, seguindo para casa, respirando profundamente enquanto caminhava.
Por que, se tinha algo que ele odiava mesmo era um maldito homofóbico.
🌟🌟🌟
Antes que vocês perguntem, sim, os capítulos são curtinhos assim mesmo, sorry 'odshfjzgbd
Provavelmente no futuro os capítulos vão ficar maiores, já que os primeiros são meio que uma ''introdução " aos personagens e a época em que eles vivem.
Então sim, vai ter MUITO personagem homofóbico na fanfic por que isso era o que mais tinha nos anos cinqüenta, infelizmente.Até a próxima att, amorzinhos ❤
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Pin Up || Larry Stylinson
Fanfiction{AU} Onde Harry é um transexual nos anos cinqüenta e Louis é um artista de reputação duvidosa.