Prólogo

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 14 anos atrás...

— E aí? Você quer ou não ser a minha namorada? — Cláudio me perguntou, sentado ao meu lado, à beira do rio onde adorávamos passar as tardes, brincando, nadando, ou simplesmente fazendo o dever da escola. Aquele era o nosso lugar favorito no mundo!

Eu estava muito chateada com ele. Nascemos e crescemos ali, um do lado do outro, separados apenas por uns poucos metros. Minha casa no lado esquerdo da rua, a dele, no direito. Uma de frente para a outra.

Fazia uma semana que ele havia me dado um beijo na boca. Um selinho bem rápido, na verdade. Mas fiquei com raiva. Como meu melhor amigo ousava me beijar assim?

Mas então ele deixou uma cartinha pela fresta da minha janela. Não era um pedido de desculpas como pensei, assim que acordei e vi aquele papel perfumado. Desdobrei com o coração aos pulos, morta de saudades dele.

" — Naná, eu sei que ficou brava comigo por causa do beijo, mas eu te amo e também fiquei bravo quando você virou amiguinha daquele moleque chato da sua sala.

Faz as pazes comigo? Estou com saudades...

Estou no rio, esperando você. Beijos. Cláudio."

E pronto, foi o suficiente para eu sair desembestada atrás dele. Éramos assim, inseparáveis.

Quando cheguei lá, ele segurava um buquê de flores coloridas que provavelmente havia colhido do jardim de alguma vizinha nossa. Ele me sorriu, enquanto eu me aproximei e disparou:

— Quer ser minha namorada?

Levei outro susto, não sabia se saía correndo de novo ou se esperava ele me explicar que espécie de brincadeira nova era aquela.

— Cláudio, a gente ainda é criança!

— Não sou mais criança. — Me respondeu contrariado e um tanto ofendido — Tenho 13 anos. Sou um adolescente!

— Eu também sou uma adolescente, então? — Perguntei, meio confusa.

Ele sorriu aquele sorriso lindo, de dentes perfeitamente brancos. Apertou meu nariz, coisa que sempre odiei que ele fizesse, mas não adiantava brigar porque ele continuava fazendo.

— Não. Meus pais disseram que a gente vira adolescente quando faz doze anos. Você ainda tem onze... É uma pré-adolescente.

— Ah! — Respondi, desapontada.

— Mas não me importo, te amo desde que você era um bebê. Acho que vou te amar para sempre!

— Pra sempre? Até a gente ficar bem velhinhos? —

— Eu disse pra sempre! E aí? Quer ou não namorar comigo? — Insistiu, me dando as flores.

Peguei as flores, encantada, cheirei e olhei para ele.

— Mas a gente é amigo! Eu não quero deixar de ser sua amiga nunca.

Ele sorriu outra vez.

— Nem eu. Quem disse que a gente precisa deixar de ser amigos? Quer ser minha namorada e minha melhor amiga ao mesmo tempo, Naná?

Eu queria. E queria muito!

— Sim! — Respondi, tímida. Podia sentir minhas bochechas corando, pelo calor do meu rosto.

— Legal! — ele se aproximou de mim — Então agora você não pode mais ficar brava comigo quando eu te beijar, hein. — Me avisou — Combinado?

Assenti e ele me deu outro beijo breve nos lábios. Eu gostei.

— Você já tinha beijado alguém? — Meu lado ciumenta começou a entrar em ação.

Doce Amizade (Completo Na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora