3 - Mundinho Pequeno

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Nathy

Acho que perdi meu carro. Meu pai foi buscá-lo com um socorro na mesma noite, mas ele já não estava mais lá, no local do acidente.

— Filha, você não devia ter deixado lá, sozinho. É um carro que você levou seis anos pra deixar com o seu jeito. Gastou muito dinheiro com ele...

— Eu sei, pai. Mas eu estava sozinha com a Cloe naquela estrada estranha e eu sequer sabia se ela estava realmente bem, depois daquela batida. Estava muito preocupada com ela.

— Se tivesse me ligado, teria ido te socorrer, mas quer fazer tudo do seu jeito...

— Eu nem estava raciocinando direito, pai. A imagem da Luísa frágil e sangrando naquela maca me deixou abalada.

— Ela está bem?

— Agora está bem melhor. Fazem cinco dias já, né?

Me apronto e vou dar minhas aulas matinais no mesmo colégio onde as meninas estudam. Gosto dessa proximidade que posso ter no ambiente em que estudam. A Isa ainda está afastada por conta do tratamento, mas a Cloe vem. Ela ama a escola, mas ainda não conseguiu entender por que não posso ser a "fefessora" dela.

— Nanathy, você deu seu carro pra aquele moço grandão? — ela sempre me pergunta isso quando saímos da escola e entramos numa van.

— Não, meu amor. Ele está no conserto.

Como explicar a ela que eu não tenho ideia se voltarei a ver meu "purpleberry"? Levo a ogrinha em casa e aproveito para almoçar com elas.

— Estou preocupada com o seu tio... — comenta Cris.

— Por que?

— Está daquele jeito de novo. Triste, arrependido do que fez no passado, falando que não quer morrer sem ter certeza que o filho se tornou um homem de bem...

— Eu entendo meu tio. Eles eram muito amigos, sabe? Amigos de pescaria, de futebol, de pipa! O tio Mauro sempre foi esse pai presente que você conhece. Ele sente muita falta do Cláudio.

— Eu sei...

Quando chego na academia, no final da tarde, a Nicole vai logo me avisando:

— Andaram te procurando ontem por aqui...

— Por favor, diga que não foi o Fábio! — imploro. Não estou com paciência nenhuma para as crises de arrependimento do meu ex-namorado.

— Não era ele mesmo! Era um cara alto, forte. Disse que você esbarrou no carro dele outro dia.

— Ah! — Suspiro. Não sei se de alívio, por finalmente descobrir se ele carregou meu carro como garantia ou se de desespero por descobrir a facada que será ter que pagar o conserto do dele. — Avisou os dias que eu estaria aqui?

— Avisei. Ele disse que retornaria hoje. Implorou pelo seu endereço, mas eu disse que essa informação eu não poderia passar...

— Fez bem.

— Devo te contar que eu quase dei o meu endereço? — ela brinca — Que homem lindo e cheiroso é aquele, Nathy?!

Rio dela. Nicole sempre nessa saga de arrumar um namorado...

— Ele tem algemas! — aviso e a vejo com os olhos ainda mais brilhantes — É policial.

— Jura?

— Pois é... Eu estava sem documentos, dirigindo com o dobro da velocidade permitida e acabei com a traseira do carro importado dele. Portanto, se quiser dar seu endereço ou o que mais achar que deve, fique a vontade. Quem sabe assim ele veja tudo isso como algo positivo e me poupe de um processo?

Doce Amizade (Completo Na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora