Capítulo 13

8.3K 1K 112
                                    


Eu tremia mais do que queria admitir. Aquela noite certamente entraria para o top três de piores noites da minha existência até o momento, e eu não sabia ao certo se era devido ao homem imortal extremamente alto e irritadiço sentado à minha frente ou à toda a confiança que eu não tinha escolha a não ser depositar nele.

Gilgamesh havia nos levado para um bar no centro da cidade, onde sentamos em uma mesa e Attina começou a contar tudo que havia acontecido sem muitos detalhes. Ela sabia o quanto falar de Caleb e de nossa história fazia minha cabeça doer, então deixou que eu apenas acrescentasse alguns detalhes à sua narrativa. O imortal ouvia tudo atentamente, seus olhos grudados em Attina, exceto algumas vezes que desviou sua atenção para mim quando eu falava.

"Então saímos de lá pela balsa e estamos viajando desde então." A morena completou, logo antes de tomar um gole da bebida que havia pedido.

"Você realmente acha que esse garoto pode ser Adramalec? Ou você está se deixando levar pelo fato de não ter tido um romance por um tempo?" Gilgamesh estudava minhas expressões, ele tinha o dom de me fazer sentir exposta mesmo em um bar praticamente vazio.

"Eu sei que não vivi tanto quanto você, mas é o suficiente para eu saber distinguir meus sentimentos." Debochei, ainda com o sentimento de estar pisando em ovos.

"Você ficaria surpresa." Ele disse, desviando seu olhar para Attina, que automaticamente parecia muito interessada no próprio copo, e não consegui conter uma risada irônica. "O coração é o primeiro a se intrometer, Siena. Não o subestime."

Assenti, cansada e com uma enxaqueca que normalmente me faria desmaiar, mas isso era mais importante que a dor. No entanto, Gilgamesh aproximou sua cadeira da minha, e com os dedos em minha têmpora, fechou os olhos e apertou levemente minha cabeça, antes de soltar juntamente com um gemido de dor. Após o choque, a minha dor diminuiu significativamente.

"Isso vai ajudar por um tempo, ruiva. Você tem muito aí dentro."

"Muito...?" Attina questinou.

"Amor. Você não entenderia, sereia." Ele disse, irritando a guardiã. Era complicado entender a dinâmica desses dois. Ambos se encaravam de uma maneira que era difícil distinguir de era ódio ou extrema atração.

"Então... O que você pode fazer por nós?" Desviei o assunto para evitar mais uma troca de farpas entre os dois. Eu estava extremamente cansada e precisava de algum tempo de confirmação.

"Vou precisar vê-lo para poder dar qualquer tipo de proteção à ele." Meu corpo ficou tenso diante da possibilidade de Gilgamesh interagir de qualquer maneira com Caleb. "Ou posso enviar alguém."

"Eu não confio em nenhuma das suas cobaias, Mesh." Attina disse. "Você vai."

"Isso é a maneira indireta de você dizer que confia em mim, sereia?" O imortal comentou, com um sorriso sugestivo no rosto. A morena apenas revirou os olhos antes de responder:

"Você sabe que eles não são estáveis. Não que você seja um exemplo de equilíbrio, mas é nossa melhor opção."

"Eles realmente tem suas limitações, mas estamos trabalhando nisso." Gilgamesh pegou o celular do bolso de sua jaqueta, digitando por alguns minutos antes de guardá-lo novamente. "Amanhã irei para Los Angeles no primeiro vôo, mandarei notícias assim que vir o garoto. Você tem pelo menos uma foto?"

Assenti e peguei meu celular, achando uma foto que havia tirado de Caleb: Seu cabelo estava bagunçado, como o usual, e ele possuía um sorriso no rosto. Tirei essa foto quando estávamos na casa de seus pais, logo depois de começarmos a cozinhar, o que explicava as bochechas coradas pelo calor. Enviei a imagem por e-mail para Gilgamesh, que recebeu a notificação e levantou da mesa, consequentemente nos fazendo levantar também.

SirenaOnde histórias criam vida. Descubra agora