Lost And Haunted ||H.S

Shit

A casa não era mais a mesma dês do dia 7 de novembro. As paredes estavam gastas e eu realmente não sabia o motivo de tanto delírio vindo da minha parte. Os meus cabelos deixaram de ser lisos e sedosos e se tornaram pálidos perto do branco. Minha pele perdeu a melanina e meus  olhos afundaram em uma imensidão que podia-se ver o abismo formado em minhas pálpebras inferiores.
Meus pais haviam se separado. O grande motivo seria a enorme barriga formada por Elizabeth, empresária que dominava meu pai durante as noites no qual mamãe se preocupava com o possível desaparecimento dele.
Pode-se dizer que conheci alguém. Um ser no qual desconheço sua identidade, porém, conheço seu interior melhor do que o meu.
Minha mente não só está invadida pela circunstância de mamãe ter ido embora, mas sim, pelo motivo de tal loucura ter se apossado de mim.
Fazia semanas que ela não aparecia em casa, era perturbador o fato de não conseguir dormir a noite pensando em que diabos ela está fazendo. Ela esqueceu de mim? Literalmente o destino não está ao meu favor.
Jane havia se tornado minha amiga. Minha melhor amiga. Dês do caso dos papéis não havia encontrado nada mais assustador do que um assassinato cometido nesta casa. Não minto, eu senti medo, mas nada do que um mês Niall e Jane dormindo aqui em casa não viesse a tirar minhas perturbações.
Foram 3 meses esperando notícias de mamãe. Foram caralhos de 3 meses esperando ligações, esperando retorno, mas a única coisa que chegou aos meus ouvidos, foi que ela havia ido embora. Meu pai, eu não o considerava mais como alguém que participou da minha vida. Ele se foi, e com ele levou a mágoa, a dor, e a criança que ele havia posto dentro de Elizabeth.
Meu estado não está mais caótico, pense em uma palavra que defina caótico como a pior das hipóteses. Literalmente sou eu. Faz dois meses que não vou à escola, passaram mais de um mês ligando para casa, o que não resultou em nada. Chegaram a mandar inspetores, porém eu fugi. Fui embora, mas voltei. Voltei por que alguém me puxou de volta, voltei por que algo foi mais forte do que eu. E eu fiquei, e estou aqui. Estou fraca, estou suja, magra, podre, caindo aos pedaços, do jeito que o alguém que eu conheci me quer. Ele havia me dito que era para eu ficar. Nunca o deixar. Nunca fugir. Nunca fechar os olhos.  Porque ele me queria viva, por que este alguém me queria presa. Presa a ele, presa ao seu mundo. E como sou fraca aqui estou eu, aqui me encontro. Sozinha, pessoalmente, porém apossada insanamente.

.....

- Andy!!

- Andy!!!

Ouço uma voz feminina ecoar na parte inferior da casa

- Andy caralho abre essa porta sua surda!

Levanto- me dá cama de pressa e vou em direção a porta principal.

- Jane? O que está fazendo aqui está hora?

Já se passavam das oito, o que havia de errado?

- Ah meu Deus como és lerda, hoje temos a festa de inauguração do Spencer's, novo bar da esquina, terão muitos rapazes com chapelões e bons hálitos, para nós pagar bebidas.

- O que estas a pensar? Achas que sou rapariga como as putas do colégio?

-Oh Andy, como és ingênua, achei que fosse forte como dizias ser na biblioteca.

- Eu nunca disse que era forte.

- Que sejas, mas tu aparentavas, já não basta está cara terrível, mas ainda tens corpo, podes pegar alguns hoje e tirar tua companheira da seca.

- Desculpe-me Jane, mas hoje não posso ir, sabes que estou em uma fase difícil da vida e tenho que lutar contra isto.

- Achas que irá conseguir algo na vida largando a escola e ficando presa nesta casa terrível aparentando ser doente? Acredites amiga, tu não terás nada de bom se continuarem assim, a vida está lhe proporcionando muitas coisas boas ultimamente, tu que achas que ainda és uma perdedora e continuas nesta mesmice. Acordes Andy, tu ainda és bonita e inteligente podes conseguir o que quiser, basta ter ânimo.

As curtas palavras de Jane afetaram minha concepção da vida. Talvez eu esteja errada em querer ficar presa a um mundo no qual não pertenço. Se meus pais se foram e tiveram uma vida terrível no qual optaram por ter, quem sou eu para seguir o mesmo rumo? Talvez Jane esteja certa, ainda tenho inteligência, ainda posso ter algo perante a mim, literalmente o que me falta é somente a coragem.
A coragem que desconheço existir.