Freedom?

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Já faziam oito semanas que estivera fora daquela casa. Junto a James pude provar de momentos incríveis, momentos que sentia falta em minha vida que estivera sufocada por mim mesma.
Eu havia me sufocado. Cheguei a esta conclusão quando vi que era tão fácil sair por aquela porta e ir para outro lugar tão simplesmente.

Harry já não era mais um perigo a minha pessoa. Ele havia sumido. Ainda humano acredito que esta a aproveitar de teus créditos. Créditos no qual eu acidentalmente os dei.

Por outro lado a cidade andava em frequente alerta. Havia um homem, mais especificamente um maníaco, no qual estivera matando cerca de duas mulheres por dia. A pequena e serena Hampstead Heath nunca esteve em tanto perigo.
James não me deixa sair nem se quer para jogar o lixo fora. Disse-me que era perigoso uma moça tão bonita sair desprotegida com um homem desses vagando por aí.
Certamente não tenho medo deste, o que deveria existir da minha parte, pois incrivelmente a minha aparência condiz com a das vítimas.
Porém algo faz a minha espinha dorsal gelar ultimamente. Sinto-me estranhamente observada. Certo, poderia muito bem ligar isso ao maníaco que se encontra a solta por aí, porém tento ignorar este fato. Já estou acostumada a me sentir assim.

James anda a me proteger intensamente, o que se torna sufocador durante um tempo.
Já o disse que não precisava de tanto, mas o mesmo não entende que também preciso viver. Viver o que não vivo a tanto tempo.

....

- Me promete que não irás sair daqui Andy?

James repete a mesma frase pela milésima vez.

- Sim James, o prometo.

Digo rolando os olhos.

- Trancas-te todas as portas? As janelas? Eu não quero lhe assustar, mas é preciso quando se trata de um louco a solta pelas ruas de nossa cidade.

James rola os dedos em minha bochecha mostrando-me uma singela expressão de preocupação.

- Já o fiz James, agora vá, não se preocupe comigo, estou a salvo aqui em tua casa. Preocupas-te com teu teste, ele é mais importante no momento.

Digo o confortando em meus braços.

- Nunca um teste sera mais importante do que você. Mas fique bem, volto logo. Amo-te muito Andy!!

James beija-me os lábios levemente.

- O meu sentimento é recíproco ao teu! Amo-te!

James sorri largamente e logo a porta que separa a rua do interior de sua casa se fecha levando o mesmo consigo.

Não digo que estamos namorando, ou algo do tipo. Mas um sentimento grande existe entre nós. James e eu havíamos nos aproximado muito ultimamente, não digo apenas sexualmente, mas sim emocionalmente. James dizia-me que me amava, e digo que de mim o sentimento é igual. Me sinto protegida em teus braços e isso é algo bom que houvera sumido da minha vida a um longo tempo.

....

Sento-me na beira de "nossa" cama e observo o pequeno pé de amora a balançar diante do vidro transparente a minha frente.
Era algo bonito de se ver, porém não podia sentir o vento contra a minha pele e o barulho do mesmo a bater contra as folhagens. Eu precisava sair. Eu houvera saído daquela casa para viver e não me encontrar presa em outra. Entendo James, mas não posso viver com medo de tudo a minha volta.

....

Desço as escadas rapidamente, repensando no que iria fazer, porém logo me dou conta da porta em minha frente e  sem hesitar puxo a maçaneta dourada da porta principal. Observo a rua a minha frente e vejo que o carro de James já não se encontrava nas proximidades.
Dou um passo para a varanda de sua casa e posso sentir o vento gelado a bater contra a minha pele.

" Céus como é bom sentir isso. "

Digo a mim mesma.
Desço a pequena escadaria da varanda e vou em direção a calçada feita de pequenas pedras.
Eram nove da manhã e o céu cinzento dava sinal de uma possível chuva. Eu estava apenas de short e um casaco preto, podia resistir ao tempo frio.

Ando até aquela árvore que tanto me chamara a atenção ultimamente. Aquele pé de amora me lembrava momentos com papai. Em nossa antiga casa havia um pé de amora em nosso jardim e sempre colhiamos os pequenos frutos toda manhã de sábado.

Olho para o topo da árvore e logo vejo um galho cheio de amoras maduras.
Eu não ia perder aquele galho por um temporal nunca. Observo o céu e um trovão soa contra meus ouvidos.

" Ainda há tempo, irei pegar-te gracinha"

Digo a mim mesma.

Arregaço as mangas do meu moletom e logo me preparo para subir naquela árvore média que tanto me prendia a atenção no momento.
Subo em seu tronco e viso aquele galho incrivelmente saboroso, porém quando estico a mão para poder alcança-lo ouço uma voz vinda de trás de mim.

" Acho que não seria uma boa idéia fazeres isso Andy"

Antes que pudesse virar o corpo para encarar o dono daquela voz, piso em falso em algum galho e meu corpo é levado ao chão com brutalidade.

.....

Abro lentamente os olhos, minha visão estava turva, mas logo consegui reconhecer aquele rosto familiar que se encontrou distante de mim a dois meses.

" Harry?"

" Olá Andy"

Pude ver embaçado em um pequeno intervalo de tempo aquele sorriso assustador e tua camisa manchada de amora. Mas logo a escuridão tomou conta dos meus olhos deixando-me cheia de perguntas que talvez nunca fossem respondidas.

Lost And Haunted ||H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora