ONE.

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     Me espreguicei na cama feito um gato, tendo seu sono da tarde atrapalhado. Abri tanto a boca enquanto bocejava que se alguém estivesse ali, seria capaz de ver minha garganta. Me levantei da cama grande com algumas almofadas em volta de mim, e caminhei até a janela, afastei as cortinas, fechei rapidamente meus olhos quando a luz do sonho invadiu meu quarto, iluminando. Ainda era difícil acordar e não lutar por uma vaga no banheiro, como eu fazia com meu irmão, Joe. Brigávamos por quase tudo, às vezes ele até ganhava quando o cereal estava numa prateleira maior, fora isso as outras vitórias eram minhas. Me virei para o armário e peguei uma peça de calça, uma blusa regata branca e um terninho. Ao terminar de me arrumar, desci a escada e caminhei até a cozinha. Minha mãe estava lá, me olhou por cima do óculos como o normal, balançou a cabeça e voltou a ler o jornal.

— Não vai me desejar um bom dia?
   
    Ela permaneceu em silêncio, ergui minha cabeça para trás e suspirei. Minha relação com a minha mãe estava bastante sinuosa, desde do falecimento do meu pai e do meu irmão, além de eu me culpar e entrar um pouco na depressão, por eu ser bem próxima de ambos. Ela também me culpa por tudo, até por ela não conseguir brigar por um saco de batatas no supermercado.

— Olha, estou indo pro trabalho, volto mais tarde, espero que o gato devolva sua língua até lá! — exclamei. Peguei o copo com o café, me virei depositando um beijo na cabeça dela.

    Eu gostava de morar em Chicago, as casas combinavam, porém em cores diferentes e formatos também, mesmo assim combinavam, as gramas bem aparadas e nos finais de semana um cheiro agradável de churrasco sempre invadia meu quarto, e claro que tem os vizinhos que soltam a famosa fumaça da maconha, o que me deixa bem zen e me faz dormir rápido, devo agradecer eles algum dia. Eu trabalhava como publicitária em uma pequena empresa que publica livros de escritores recente, era bastante entediante, não negarei, mas.. Eu fiz bons amigos, como a Tayla, Garcia e Ian. Bom, Lily é uma das minhas melhores amigas, nos conhecemos na faculdade e desde então ela tem me ajudado a esquecer o meu lado depressivo e isolado do povo. Dei um gole calmo em meu café, que já estava morno e adentrei no escritório. Desejei bom dia para recepcionista, Tayla, e segui para minha sala.
     Ao entrar na mesma, avistei Lily sentada em minha cadeira, girando como se fosse um peão.

— O que você está fazendo? — perguntei curiosa.

— Eu também estava morrendo de saudade, que forma mais carinhosa de receber a melhor amiga. — ela disse esboçando aquele sorriso travesso.

— Você sempre vem com seus problemas amoroso, então.. — entortei os lábios, em seguida abri um sorriso alegre.

— O que tem na bolsa? Estou com tanta fome que poderia comer um boi! — disse ela de maneira excessiva.

— Minha vontade é de tacar um boi inteiro em você, pra você devora-lo.

— Se estiver temperado, assado e vier com um guaraná gigante, eu topo. Falando nisso, vamos sair hoje à noite, assim que sair. — ela levantou-se da cadeira e me deu um abraço apertado, saindo da sala em seguida.

    Era difícil dar não pra uma pessoa tão insistente como a Lily.

— Combinado, nos vemos à noite. — esbocei um sorriso, prendendo meu lábio inferior entre os dentes.

    Lily era aquela amiga que namora durante 3 meses e logo depois termina, vem até mim e chora, enchendo o rio Nilo, dias depois ela acha uma nova "paixão" e aí tudo começa de novo, parece que apertaram um play na vida dela e puseram pra repetir. Havia muito trabalho, então foquei para não ser demitida. Algumas horas depois deu a hora do almoço e eu saboreei minha maçã, em seguida voltei ao trabalho para acabar logo e curtir uma noite de sexta com minha melhor amiga problemática, assim como.
    Era tarde da noite quando eu terminei todo o relatório. Me levantei da cadeira, peguei o terninho e o joguei em meu ombro, peguei a bolsa e sai da sala. A empresa estava fazia, não havia os empresários, só o pessoal da limpeza, meus fiéis companheiros, podemos dizer. Peguei um táxi na porta do trabalho e aguardei o mesmo encontrar meu endereço, tocava 'Paradise - Coldplay'. Eu não costumava sair para os bares do centro, só a Lily mesmo pra me retirar de casa e animar minha sexta-feira. Quando o taxi parou, entreguei o dinheiro e agradeci. Desci do automóvel e caminhei ligeiramente até a porta de casa, abri a tela em seguida a porta.

— Mãe? — perguntei olhando por volta da casa, á procura dela.

    Acho que ela não estava em casa, talvez tenha ido jogar bingo com as amigas da vovó. Subi a escada e caminhei até o banheiro, tomei uma ducha rápida por já está atrasada, vesti um vestido preto básico com decote em V, peguei minha outra bolsa e desci a escada. Era a primeira vez em 3 meses que eu iria sair, que eu iria ver outras pessoas sem ser a mesma galera do ônibus e do trabalho. Pra ser bastante sincera queria um botão que me fizesse voltar no tempo, impedir o trágico acidente do meu pai e irmão que de certa forma eu deixei acontecer,  eu estava me achando feliz, não sei porquanto tempo. Eu só queria mais tempo com eles, que provavelmente iria ter. 

☁️ Espero que tenham gostado, isso é só um começo, creio que vão gostar. Deixem um comentário do que acharam e vote/favorite, é muito importante pra mim. ☁️

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