TWO.

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Lily e eu fomos no bar, quando chegamos lá havia uma galera. Bom, aquela galera era dela, eu fiquei um pouco afastada deles, acabei fazendo amizade com a garçonete. Eu sempre faço amizade com as pessoas. Recebi uma cantada, é claro, ele era alguém legal mas quando eu falei sobre o azar ambulante, quase disse que era eu diretamente, mas eu disse em palavras que acho que ele entenderia que era eu. Dançamos bastante e estávamos bastante bêbadas, consegui me ver com quatro mãos, ainda bem que no dia seguinte ou esse dia era sábado, pra mim o dia só acaba quando estou com a cabeça no travesseiro.
Estávamos na esquina da minha rua, havia caído uma chuva enquanto estávamos no bar, então tinha algumas poças na calçada e no gramado dos vizinhos.

— Você não ficou com ele, ficou? — perguntei curiosa, enquanto pulava algumas poças d'água.

— Fiquei, porque ele era um gato — disse ela fazendo um gesto obsceno.

— Você com certeza é a minha amiga mais pervertida que eu tenho, Lily. — dei uma risada, colocando a mão em minha boca.

Parei de caminhar e ela continuo á andar, sentei na grama dando gargalhadas sozinha. Levei minha mão até o sapato, tirando de meus pés. Joguei meu corpo lentamente pra trás e adormeci ali mesmo, na grama da casa desocupada, minha casa era alguns passos e eu acabei dormindo na grama e minha amiga, bom, ela não voltou pra me buscar.
Eu não sabia que horas eram, mas acordei com alguns homens de macacão em volta de mim. Sentei na grama rapidamente um pouco assustada, olhei em volta e passei a mão em meus olhos, coçando-os. Eram ajudantes de mudança, alguém estava vindo morar na casa ao lado da minha, espero que não seja um vizinho que curta ervas, porque se não agora eu não acordo.

— Você está bem? — um rapaz perguntou, ele saia de dentro da casa, se aproximava de mim lentamente.

— E-eu estou bem, to de boa. — gaguejei, me abaixei para pegar meu par de sapatos loboutains.

— Mora por aqui? — ele perguntou de forma curiosa.

Balancei a cabeça e dei alguns passos pra trás, esbarrando em um dos ajudantes. Caminhei ligeiramente até minha casa, ao lado, subi os pequenos degraus, abri a tela em seguida a porta, adentrei em casa. Eu nunca tinha bebido tanto, foi a primeira vez que eu entornei literalmente bastante álcool, minha cabeça doía fortemente, eu só precisava de um banho gelado e uma xícara de café.
Algumas horas depois eu já havia cochilado um pouco, me levantei e desci a escada, avistei a Lily jogada no carpete, foi engraçado, parecia uma almofada jogada no chão de qualquer jeito. Caminhei até a cozinha e liguei a cafeteira, passei a destra em meu pescoço e bufei.

— Parece que levei um coice de uma égua. — disse pra mim mesmo.

E sim, parecia que eu tinha levado um coice, mas se fosse um verdadeiro coice, não estaria aqui e talvez debaixo da terra, com um pouco de terra e madeira sobre mim. Olhei através da janela o novo morador do lado, parecia um pouco confuso e procurar alguma coisa. Dei uma risada, servi um pouco de café em três canecas. Peguei duas canecas e me virei, caminhando até a sala.

— Lily, levanta e vai tomar um banho e um café está toda acabada. — segurei na maçaneta da porta, girei e ela resmungou, empurrei a tela e caminhei até a casa ao lado. — Vizinho?

Aguardei um pouco na varanda, olhei algumas caixas empilhadas na varanda, havia uma outra escrito "ted", deduzi que fosse objetos de um possível filho. Ele se aproximou com um pano de prato em seu ombro e um sorriso largo e alegre em seu rosto.

— Olá, você está melhor? — ele perguntou, olhou as canecas e desviou seu olhar e me encarou.

— Estou, desculpa ser um pouco mal educada mais cedo, eu estava...

Antes de Irmos Onde histórias criam vida. Descubra agora