Rose

Chapter 10 - Rose -

Quinta-feira, 24 de julho de 2014
Final da tarde.

    Sigo pela avenida e cumpro todas as indicações que me foram dadas. Quando chego, para meu espanto não há nenhuma casa com esse número naquela rua. Viro-me para trás para ir embora e... não está lá ninguém. Admito que estava com fé de lá estar alguém com um saco preto para me enfiar na cabeça como nos filmes, mas graças a Deus não me aconteceu. Saio daquela rua escura e a cheirar a peixe podre quando sinto um choque no meu peito, tremo e caio no chão até fechar os olhos.

   Passado algum tempo...

     Doí-me a cabeça e sinto o sangue a latejar. As minhas mãos estão geladas e as minhas unhas que estavam sem verniz, estão agora tratadas e pintadas de cor de rosa. Não me enfiaram um saco na cabeça mas levei um choque no peito, que bom.
    Olho em volta. Estou num quarto.  As paredes são cor de rosa com bolinhas brancas, sinto-me com dores nas perna, estou apertada. Claro, como é que não haveria de estar apertada?!?!, eu estou metida num berço! Num berço branco e minúsculo. Vejo quadros com o meu nome escrito a ponto cruz e outros com ecografias. Tudo o que desapareceu da minha casa de banho está neste quarto.
       Estou confusa e este quarto tresanda a cocó de bebé. Sinto saudades da minha mãe... quem me dera que ela ainda cá estivesse.
       Ouço alguém a respirar do outro lado da portane consigo ver a maçaneta da porta a rodar muito devagarinho.  Confesso que tenho medo e fecho os olhos para fingir que durmo.
       - Olá meu amor,  hoje dormis-te muito! Acorda amor, está na hora de papar!

         Meu amor? Papar? Mas esta mulher está parva? Reconheço esta voz mas ainda não estou capaz de ter certezas. Ela está a olhar para mim, as suas mãos estão apoiadas no lado direito do berço,  consigo sentir. Cheira a desodorizante de casa de banho e está a deixar-me enjoada.
          'Tou capaz de me levantar, apertar-lhe o pescoço e sair daqui, mas sinto uma dor forte no peito.
           Ouço uma campainha a tocar mas ela não vai lá,  ainda sinto a sua presença. Consigo ouvir passos... está cá mais alguém.