Dois.

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     Depois de ouvir a Carla falando mil vezes no meu ouvido pra eu nunca mais fazes isso, pensei no que eu fiz. Aquele dinheiro ia me ajudar na faculdade e na minha própria casa, não é legal morar no prédio do seu trabalho, e querendo ou não, o trabalho de prostituição não é uma coisa respeitada em nenhum lugar, eu já deveria saber disso.
    Resolvi repor o meu trabalho. Me arrumei novamente e peguei minha bolsa. Desci pra baixo e ao chegar na Carla pra pedir o endereço, dei de cara com Justin, o cliente que recusei a fazer virar meu cliente. Ele deu uma risada cínica. Fiquei com cara fechada. Tentei sair da frente dele mas ele entrava na frente.
   - Com licença. - Disse, perdendo a paciência.
   - Peça desculpa. - Como ele ousa? Ele me chama de puta (Eu meio que era.) e eu que tenho que pedir desculpas?
   - Nunca. - Empurrei ele e fui até Carla. Ele me seguiu.
   - Qual seu nome? Sem ser o seu nome falso, de prostituta, claro. - Ele entrou na minha frente.
   - Como você sabe que nossos nomes são falsos? - Acabei falando que era verdade. - Aliás, pra que? - Ele fechou a cara.
   - Não interessa. Qual seu nome? - Ele continuou insistindo.
   - Não interessa. - Falei dando o troco e saindo de lá, ja estava atrasada.
   - Tá se fazendo de difícil é? - Ele veio até mim novamente.
   - Por que quer saber o nome de uma prostituta, como você mesmo diz? - Perguntei, pra dar a resposta final.
  - Quero me divertir com você. - Ele sorriu malicioso. - Digo, espero me divertir com você, você aparenta ser legal.
   - Se eu te disser você para de encher o saco? - Já estava nervosa. Ele assentiu.
  - Selena. - Dei um sorriso falso e sai de lá. Carla ficou me olhando.
  - O que foi? - Perguntei já dando o papel para ela anotar o endereço. Ela escreveu e me deu.
  - Nada.
       Carla era como uma mãe pra mim, ela me adotou quando eu tinha sete meses ainda, disse que se sentia sozinha, ela odiava que eu trabalhasse nisso, mesmo ela sendo a chefe. Ela me amava e só queria meu bem, então quando eu me metia em encrenca, ela ficava com medo por mim, mesmo que eu não precisando. Ela odiava o fato de não ter dinheiro suficiente para parar minha faculdade, e tentava me recompensar com coisas simples,  mas eu sempre recusava.
    Sai do prédio, recuei e olhei pra trás pra ver se o garoto ainda estava lá. Ele era irritante, mas eu gostaria de saber muito mais sobre ele.

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