Hooker

Cinco.

    
         Depois de quatro dias com o jogo, criamos uma certa intimidade para nos chamarmos de amigos. Ele era legal, todos os mistérios dele foram embora. Descobri coisas sobre ele. Como: Ele é rico, tipo muito, o que era óbvio, porque alugou um quarto no hotel de luxo só pra mim (o que é estranho de se dizer depois que viramos meio que amigos.), ele não tem um pai, e não convive com a mãe. E que ele passa a maior parte do tempo com prostitutas.
   Também contei pra ele sobre a minha vida, o que eu gostei, porque ele pelo menos era um bom ouvido.
    Só me liguei que já era a hora de ir embora quando o sino bateu e eu vi todo mundo arrumando as coisas. Olhei pra trás e lá estava Justin sorrindo maliciosamente. Virou uma tradição em menos de três dias que eu iria embora com ele agora, o motivo era óbvio.
    - Eu vou na frente. - Disse tirando minha jaqueta e deitando pra fora uma blusa com um decote pra fora. Percebi que ele olhou, sorri pra mim e sai da sala. Fui até a lanchonete da frente e comprei  um salgado, ia ser a minha janta. Justin apareceu com o carro me pedindo pra entrar e fomos a famosa rua.
    - É estranho. - Ele soltou quando eu tava mastigando o salgado, então só arregalei os olhos como se eu perguntasse "o quê?" - Eu nunca virei "amigo" de uma menina que eu pego.
    - Eu nunca virei amiga de um menino que podia ser meu cliente e que eu pego. - Eu disse limpando a boca.
   - Você acha que deveríamos parar? - Ele disse, sério.
   - Sendo sincera? Acho. Eu tenho um fogo dentro de mim que acende quando sabe... Nos beijamos, e acho que isso não seria bom pra nossa amizade
   - Eu também acho. Você é legal, Selena. E pela primeira vez eu quero manter amizade pra não me distanciar de uma menina legal que eu tenho o maior tesão.
    Eu sorri, nós éramos sinceros um com o outro, eu gostava disso, mas também gostava das nossas pegações cotidianas que acabaram. Mas acho que era melhor assim. Ele me levou pro prédio.
    - Só uma coisa Selena. - Ele me puxou quando estava saindo do carro. - Se você não se sente bem com esse trabalho sai. Você pode arranjar coisas melhores.
   Eu assento e forcei um sorriso. Como ele sabia? Eu não tinha contado pra ele que não gostava mais de trabalhar assim, nem que eu me sentia insegura, mesmo respeitando muito. Estava tão na cara assim?