Na 1º série, minha mãe me matriculou em um externato. Externato Nossa senhora de Fátima. Achava legal a farda azul e branca, cores da santa. Também achava legal formar fila antes de entrar na sala de aula para rezar o terço, e cantar o hino nacional. Mas a parte legal acabava por ai.
Não demorou muito para que minha dificuldade aparecesse. Copiava o assunto do quadro, mas não entendia nada. Minha caligrafia ruim não ajudava tampouco. Como não sabia ler, tirava notas baixas em matérias que precisavam de leitura, a única matéria que conseguia compreender melhor era matemática. Somava números simples, e mesmo assim de forma precária. Resumindo; não conseguia responder as tarefas.
O som do riso da professora ainda reverbera em minha cabeça. Sua zombaria me feria na alma, assim como a vergonha de ser humilhada em frente aos meus coleguinhas. No entanto nunca fiz queixa aos meus pais. Nunca contei que ficava de castigo durante os recreios, dentro da sala, enquanto as outras crianças brincavam e lanchavam.
Eu me sentia rejeitada, solitária.
Erika Alves
VOCÊ ESTÁ LENDO
Relatos De Uma Disléxica
Nonfiksi"Relatos de Uma Disléxica" é uma historia de fatos reais que tem como meta dividir experiências, superar preconceitos, e limites.