Prostituta das palavras ( part III)

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Por quantas vezes serei vendida?
Minha boca secou
Minha garganta se abriu e meus
Tons desapareceram.

Por quantas vezes tentarei verbalizar esse sentimento?

Nessa caminhada, onde piso nos cacos deixados pelos que me deixaram.
Sendo apedrejada pelo pecado de amar a quem não devia.
Quando nos ombros, pesa a culpa de não ter sido capaz de fazer los ficar.
Pois nem o a palavra, nem o verbo, nem a carne e nem mesmo o sexo, foi suficiente para o amor.
Nem a lingua maliciosa e ágil, nem por um segundo, foi dona do seu querer.

A mesma língua que por anos me amaldiçoa
Busca nas entranhas...
Amor.

De prostituta a rainha, cada destino se encarrega
Pela queda da corôa ou da inocência.
Fazendo cada amante percorrer a sua própria caminhada da vergonha.

Dançando descalço sobre os cacos...
Chicoteada por correntes...
Que tanto aprisionam quanto ferem
Um tanto parecidas com o pecado que nos separa.

Mas gritando, direi...

Me arranquem os olhos, pele e cabelos...
Me encham de vergonha, medo e desprezo...

Mas nunca desistirei do amor que é meu por direito



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