Capítulo 14 - Quarto Vermelho

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*

Oliver

– Droga!

Me encosto na parede do corredor enquanto penso no quão fraco eu fui.

Por quê eu a soltei? Por quê?

Eu estava tão perto de tê-la, de possuí-la, e... Eu me afastei.

Talvez a culpa tenha sido daquelas malditas lágrimas.

– Inferno! – Dou um soco na parede.

Desde quando eu comecei a ser tão sentimental?

Eu nunca me importei com lágrimas, palavras ou até mesmo gritos de mulheres que eu possuí ou estava possuindo. Eu sempre liguei para o meu prazer, e nada além disso. Compaixão nunca foi um sentimento que eu quis sentir, pelo contrário, eu sempre preferi a autossatisfação.

Agora eu me vejo em uma quebra de ideais. Como se eu não estivesse sendo eu mesmo. Em pleno sentimento de fraqueza, eu me vejo querendo dar meia volta, e continuar o que esse maldito sentimentalismo parou.

Sentimentos idiotas e inúteis. Que mesmo não identificados, conseguiram interromper o meu plano.

Sim, tudo aquilo foi um plano. Desde o jantar, até o céu estrelado.

Um plano que tinha como função iludir Heloise, para que ela entregasse a sua pureza a mim. E mesmo que ela recusasse, eu estava disposto a usar todos os métodos possíveis para fazê-la ceder. Desde os mais simples, até os mais sujos.

Afinal eu sou o Príncipe Infame do mundo inferior. E não seria a primeira vez que eu influenciaria uma mulher a se deitar comigo. Porém Heloise resistiu como nunca havia feito antes. Era como se ela estivesse com nojo de mim. No começo eu neguei, e coloquei na minha cabeça que ela estava só dando uma de difícil. Mas ao vê-la se derramar em lágrimas de sofrimentos, eu perdi toda a excitação.

– Maldita! A culpa é dela, toda dela!

Dou outro soco na parede, e ergo a cabeça, para continuar o caminho até o meu quarto. Porém no final do corredor me esbarro com Hector.

– O que você está fazendo aqui? – Pergunto.

– Eu que devia dizer isso.

Ele me olha dos pés a cabeça, e franze o cenho.

– Aconteceu alguma coisa?

– Não. – Digo rude. – Não aconteceu nada.

Ele me observa por alguns segundos, e depois dá de ombros.

– Se você diz.

Bufo ao passar por ele, e nisso penso em Heloise que ainda está no quarto. Porém na minha situação de frustração e raiva, eu a mando para "puta que pariu" mentalmente.

– Tomara que ela chore até apodrecer os olhos. – Murmuro antes de entrar no meu quarto.

Logo arranco as minhas roupas, e me jogo na cama. Em seguida passo horas e mais horas me remexendo na cama, coberto por pensamentos envolvendo Heloise, o que só aumenta mais a minha raiva.

No final acabo passando a noite em claro, e somente caio no sono, quando vejo o sol nascer, e a exaustão me atingir.

*

 Heloise

Abro os olhos e percebo que estou enrolada em vários lençóis, todos brancos e limpos.

Ao me virar, vejo que já está de manhã, pois o sol bate brilhante nas janelas do quarto.

Isso me faz sorrir. Por algum motivo Hector me consolou ontem a noite, não com palavras, e sim com um longo abraço. Em seguida ele me levou até esse quarto. Que diferente dos anteriores, era calmo e brilhante.

O Doce Aroma da TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora