Second

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Fairhope, Pennsylvania.


Liam acordou, mas não demonstrou.

A música no rádio estava mais baixa do que quando ele dormiu, não lembrava o título dela, mas sabia que aquela era a inconfundível voz do vocalista da The Killers. Abriu minimamente os olhos e por entre os cílios viu as imagens através da janela levemente embaçada: a noite já havia caído e junto uma possível garoa que deixara as ruas molhadas e a temperatura mais baixa, a neve começava a se acumular nos canteiros da estrada e cada vez mais que o carro avançava ele começava a notar a neve que caia do céu.

Não sabia quanto tempo havia passado desde que tinha dado o braço a torcer, mesmo ainda não crente na teoria de Malik e Greenhand, mas aceitando. Sua mãe tinha um ditado bom para resumir sua situação atual: Já que está no inferno, abrace o diabo. Era isso que ele estava fazendo, abraçando o diabo Malik. Ao menos era o que queria desde o encontro deles que deu errado e o outro se afastara transformando a relação entre eles em companheirismo de trabalho. Mesmo sabendo que não era totalmente sua culpa, sentia-se responsável pelo acontecido, e dá mesma forma como quando colocava algo na cabeça Malik era orgulhoso e ter ouvido aquelas palavras na frente de várias pessoas só o fez se afastar mais.

– Agente Payne? – A voz que o chamava parecia ter sido programada na mesma altura do som do Cadillac. Baixa, mas audível.

– Sim? – Levantou a cabeça do vidro agora embaçado para fitar o rosto de Malik. A barba que moldava seu rosto era aparada e combinava com o corte de cabelo, isso junto ao terno preto o fazia parecer um ator ou homem de negócios.

– Já estamos chegando a casa na montanha dos Anderson, passamos pelo posto policial há meia hora, mas não quis te acordar por não ter precisão. – Explicou com os olhos ainda fixos na estrada.

Liam agradeceu mentalmente por isso já que aparentemente uma nevasca se encaminhava para a direção em que eles seguiam.

– Tudo bem, você falou com o delegado local? – Perguntou, pigarreando em seguida, a voz ainda pesada pelo sono.

– Sim, comentou rapidamente sobre os casos e disse que ficaria a postos caso precisássemos.

Olhou em volta e percebeu que não tinham casas ou comércios a beira da estrada nem mais adentro, eram vastos terrenos cobertos pela neve e árvores altas, em sua grande maioria, pinheiros antigos. Não podia negar a beleza do lugar, morando no centro de Georgetown ele não tinha costume de ter essa vista, por outro lado ela o incomodava. Preferia o conforto da cidade e as ruas que conhecia do que as histórias soterradas por aqueles campos de neve e pinheiros altos. O desconhecido sempre era assustador, isso era fato, na maioria das espécies.

– Ali. – Payne apontou para um lugar entre as árvores onde havia luz. – Acho que é ali, deve ser a única casa da região.

Malik apenas assentiu desligando o rádio e dando sinal para entrar na próxima curva.

Logo a luz que Liam Payne havia visto da estrada se transformou em uma casa grande de dois andares envolta por mais pinheiros. Há madeira que revestia a construção parecia descuidada, mas firme.

– Finalmente chegamos, e eu vou ter que ver a reprise de How to Get Away with Murder, então espero que realmente valha a pena, Agente Malik. – Provocou sem se conter, mas segurou o riso quando viu que tinha conseguido atingir o parceiro que bufou audível e revirou os olhos em uma atitude infantil.

– Não sei onde estava com a cabeça quando fui designado para trabalhar com você e não protestei. – Resmungou de volta e saiu do carro.

Liam o seguiu.

SCARY MONSTERS. (AU! Ziam Mayne)Onde histórias criam vida. Descubra agora