1 - Arrependimento

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Junho 2016, Recife-PE.

Tantos acontecimentos ruins ao longo desses meses, e confesso que eu poderia ter evitado que chegasse a esse ponto, mas a raiva e o  rancor me cegaram. Às vezes me pego pensando, como seria se eu tivesse resolvido tudo isso sem opniões de segundos ou terceiros? ou se nós tivéssemos resolvido tudo entre a gente, seria diferente, e evitaria todo esse caos, transtornos e sofrimentos que atingiram muita gente, principalmente as pessoas que mais amo, meus filhos...
Me culpo dia e noite por ter causado todo esse constrangimento, essa situação lamentável, como queria que tudo tivesse sido diferente. Mas ele que causou isso tudo, aliás, nós dois, confesso. Somos os culpados por ter deixado a nossa relação chegar a esse ponto.

-Mãe.- Ouço Yasmin me chamar, levanto-me deixando meus pensamentos que estavam tão presentes se afastarem aos pouco, deixando uma Joelma confusa.

-Oi meu amor.- Falo com uma voz meio embargada, Yasmin olhou-me preocupada.

-Tudo bem?! Que voz é essa?.- É, essa menina me conhece como ninguém.

-Estou bem,Myn. Apenas estou um pouco resfriada, nada de mais meu amor, não precisa se preocupar.- Vou até o meu anjo abraçando-a carinhosamente.

-Bom então, mas tem que se cuidar, tá?.- Esse olhar, mas que olhar cativante dessa menina,me passa paz, tranquilidade, graças a Deus que tenho esse anjo ao meu lado, minha princesa, fruto de um amor verdadeiro, que infelizmente não durou para sempre. - Abraçada a minha filha, deixo uma lágrima escapar, Yasmin solta-se de mim e me olha curiosa.- Mãe, é amanhã né? A audiência?
-Sim filha, é amanhã.- Dou um longo suspiro, ela me olha com um olhar vazio, meu Deus o que eu fiz com a minha própria filha?

-A senhora vai ficar cara a cara com aquele homem, não quero que a senhora passe por isso novamente.- Confesso que doeu ouvir isso dela, senhor, por que fui fazer isso? Colocá-la contra o pai?! Não me perdoo por isso. 

-Não fala assim, Myn, é o seu pai, querendo ou não.- Yasmin olhou-me confusa, como se não tivesse acreditado no que eu acabara de falar.

-Não estou entendendo a senhora, uma hora meu pai é um monstro pra você, outro você o "defende"?. - Me olha apreensiva pela a resposta, resposta essa que
nem eu mesma tinha.

- Eu errei Yasmin, errei em ter colocado vocês contra o Chimbinha, é difícil para mim falar isso, mas ele não merece o desprezo de vocês, sempre foi um pai carinhoso, amoroso e cuidava muito bem de vocês, apesar do que ele fez, que aliás, confesso que também tive culpa, ele merece o respeito e o amor de vocês independente de qualquer coisa.- Yasmin não falou nada, apenas virou-se de costas para mim e saiu, me deixando confusa e preocupada.

O dia passou-se rápido, jantamos nós duas, Natalia ainda estava em São Paulo. Yasmin depois da nossa conversa não me dirigiu mais a palavra, isso me doeu, tentei por diversas vezes falar com ela, mas era em vão, respeitei o espaço dela e não tentei mais, depois do jantar a dei um beijo e subi para ler e refletir um pouco. Entre  pensamentos e dúvidas adormeci.

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