Capítulo 1

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Eu estava sozinha naquela rua que sempre tive calafrios de passar. Mas bem, sozinha não é o termo realmente certo, tinha um homem alto, com cabelos morenos e olhos tão escuros quanto aquela noite atrás de mim.

Ele era realmente muito bonito, se não estivesse me seguindo com algo em suas mãos que eu ainda não sabia bem o que era mas sabia que não era coisa boa, quem sabe eu não o convidaria para tomar um sorvete?

Bom, como eu sou meio paranoica, comecei pensar que talvez não fosse nada demais, então desacelerei meus passos e deixei ele se aproximar um pouco. E foi aí que eu vi que não era paranoia, ele estava com uma faca!

Obviamente, me assustei e comecei a correr, porém, em vão, ele me alcançou, segurou a faca sobre minha cabeça e...

Acordo ofegante. De novo esse pesadelo? Olho o relógio e são 3 da manhã, então tento voltar a dormir, mas sempre que tento, acabo tendo esse pesadelo de novo. Não dormi direito essa semana inteira por causa desse pesadelo horrível.

...

Levantei as 10 horas e fui fazer minha higiene, tomar café da manhã e também fiz meus deveres. Acabei era 11:30, então fui tomar meu banho e me arrumar para escola, enfim, um dia normal, exceto pelo fato de que eu pretendia fazer um teste de teatro para ganhar um ano inteiro de curso grátis, que alias minha mãe não me queria deixar fazer, pois "talvez eu não passasse". Mesmo com essa mínima chance eu ia tentar, e nada ia me impedir!

Bom, essa é uma frase que ninguém deve dizer nunca, pois nossa querida Lei de Murphy adora estragar nosso humor, mas, por alguma razão desconhecida, isso não aconteceu, o que me deixou muito feliz, mesmo que brevemente.

Os testes eram na minha escola e na hora do intervalo e os resultados eram na hora da saída. A escola tem um palco, e foi lá que fizemos os testes. Fiquei muito muito muito muito muito realmente muito ansiosa, e quando me chamaram avisando que era minha vez eu quase tive um treco.

Tirando isso, estava indo tudo bem, até que vi o homem do meu sonho! Eu não sabia o que fazer, fiquei petrificada, não sabia se corria, se não ligava e ignorava os sonhos, mas, talvez ele quisesse mesmo me matar...

Mas, naquele dia, pelo menos naquele dia, resolvi deixar o "talvez" de lado, e fiz meu teste e passei!

Sai da escola completamente feliz, estava até andando em pulinhos e cantando. Fiz o mesmo caminho de todos os dias, mas as ruas, as casas, as árvores, enfim, tudo parecia mais bonito, mais colorido...

Cheguei em casa e vi que estava sozinha, então, não pensei duas vezes, e resolvi tentar cochilar um pouco. Mas bem na hora que deitei meu celular tocou, eu o peguei e vi que era número desconhecido, mas mesmo assim, atendi:

-Alô?

-Gabriela Singer?

-Sim?

-Bom, meu nome é Lucas, sou eu quem viu sua apresentação do teste - era o homem dos meus sonhos...- liguei pra falar que vamos apresentar uma peça daqui algumas semanas e temos um papel pra você. Os ensaios começam amanhã às 18:30, ok?

-Ah, ok.- respondi com a voz um pouco tremula, não se de felicidade ou de medo.

Pouco tempo depois dessa ligação, eu acabei adormecendo. Tive o mesmo pesadelo de sempre, mas quando o homem, ou melhor dizendo, quando Lucas ia me matar alguém o empurrou. Era uma menina baixa, com cabelos curtos e pretos, tão pretos que conseguiriam tirar o foco de qualquer um de tão magnifico que era. Depois de o empurrar, a menina me puxou, fazendo com que eu me levantasse e começamos a correr...

-Gabbie, acorde!

Abro os olhos e percebo que minha mãe está me chacoalhando vigorosamente.

-O jantar está pronto.

-Já estou indo-...-Ah, mãe?

-Diga, Gabriela...

-Eu fiz o teste, e passei!-digo animada, esperando o mesmo de minha mãe.

-Parabéns, filha - sua expressão era séria, não parecia que ela estava feliz, ela nem parecia estar tentando parecer feliz. Talvez algo nessa história toda de teatro não a agradasse...

Jovens EscritoresOnde histórias criam vida. Descubra agora