Capítulo 6

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Assim que me vi naquele lugar algo aconteceu. De repente, não era tudo estranho como era em meus sonhos, era familiar, como se eu tivesse passado minha infância toda ali, embora não houvesse nenhuma casa por perto...

Arthur me disse que muitas almas se perdiam ao caminho do que conhecemos como céu-ou seja, eram 4 realidades- e paravam ali, exatamente onde estávamos, onde havia criaturas que tentavam impedir as almas de irem ao seu destino. Muitas vezes elas se travestiam de pessoas que conhecíamos para tentar conseguir o que queriam (nos impedir de ir ao céu).

Acabei descobrindo também que poderia ir aquela realidade a hora que quisesse, mas nunca ao céu ou ao inferno. Estava tão assustada e ao mesmo tempo tão entusiasmada, não conseguia nem compreender o que estava sentindo. Me sentia importante, mesmo sabendo que não teria reconhecimento ou sequer as pessoas seriam cientes de minha existência, eram sentimentos únicos que nenhum outro ser que não tivesse esses "poderes" poderia sentir.

E, como era esperado, Arthur convenceu-me à aceitar aquilo, era simplesmente fantástico, não tinha como não aceitar, e isso, fez minha vida nunca mais ser a mesma...

Alguns messes depois...

Já havia salvado tantas almas, que se tornaram incontáveis - isso pode parecer estranho, mas sim, no começo eu tentei contar-, já me sentia experiente, era como se eu fizesse aquilo à anos, ou até décadas, já era até uma rotina.

Eis que então, surgiu algo diferente, do nada, as almas que estavam naquela realidade - a única que eu poderia ir- e tentavam atrapalhar as outras, ficaram mais fortes, incontroláveis, e meu próprio pai, que conhecia aquele lugar mais do que ninguém me dissera que nunca havia visto aquilo, era tão estranho e desesperador, boas almas estavam indo para o inferno, onde seriam castigadas mesmos que sem motivo, e depois se tornariam algo que poderia fazer mais estrago do que 5 guerras nucleares juntas, não podíamos deixar isso acontecer, de jeito nenhum!

A úncia coisa que poderia salvar, ou pelo menos melhorar isso seria salvar a alma de um homem, o qual não me lembro o nome, que havia sido tão bom quando vivo que havia grandes chances deste virar um dos "líderes" do céu- o que na única realidade que eu tinha ciência da existência chamam de anjo. Estávamos quase lá, mas infelizmente, o perdemos, o que devastou qualquer pingo de esperança que um de nós- que sabíamos o que estava acontecendo- poderíamos ter.

Arthur estava tão desesperado que me revelou o que mais temia, embora naquele momento, ele me contou de uma profecia, na hora me pareceu engraçado na hora, com essas coisas de céu, inferno, almas, profecias, era como se fosse filmes ou séries, mesmo sabendo que não deveria rir ou fazer algo do gênero.

Aquilo, aquela grande devastação de boas almas, estava previsto e somente o escolhido - esse momento me pareceu mais filme ainda- poderia deter isso, mas teria que combater com guerra, uma guerra lendária, como nenhuma outra que já existiu ou viria à existir, seria uma guerra entre o céu e o inferno, em que o "escolhido" lideraria o lado do céu, o que só ele poderia fazer, já que seria o único capaz de viajar à realidade a qual as boas almas estavam destinadas a ir, e convencer todo o céu, inclusive todos os líderes a "topar" aquilo, mas em troca, doaria sua alma, inteiramente à salvar as pessoas, o que a faria deixar de existir na realidade "comum", se falhasse, mesmo que fosse a menor das falhas, seria severamente punido, e era assim que estava destinado a passar o resto de seus dias, que pareceriam eternos. Não sei bom se isso seria ruim, afinal, gostava muito mais do mundo das almas do que do mundo que já conhecia, mas ao mesmo tempo, talvez entediasse quem o fosse fazer. 

 Havia uma série de testes que deveríamos fazer para sabermos quem é o escolhido, e assim foi, durante um bom tempo, estávamos fazendo testes e testes- que pareciam milhares, embora nem chegassem à 30.

E, mais uma vez, minha vida muda drasticamente, eu era a escolhida, não conseguia acreditar, e, me esquecendo totalmente do que teria de abrir mão, apenas por ser "a escolhida"- mesmo que sem mérito algum- fiquei completamente feliz, eu era a única ali que poderia viajar ao céu, mesmo sem estar morta, eu sempre quis ver como era lá, e eu poderia, e só eu, poderia, aquilo era tão fascinante, entusiasmante, não pude controlar meus sentimentos, estava realmente muito feliz, muito mesmo, pelo menos no primeiro momento, e foi aí que tudo desabou, eu era a escolhida, dali, eu era a única que poderia fazer o que tínhamos que fazer, eu não era nem de longe a melhor, e não poderia falhar, de jeito nenhum, todo mundo precisava de mim, e todo aquele vestígio de felicidade que havia, foi embora, completamente, e substituído por preocupação. Como eu era a escolhida? Deveria ser alguém bom, realmente muito bom em salvar almas e não eu! Não conseguia entender, estava tudo tão confuso, a única coisa que conseguia pensar naquela hora era como e porque eu era a escolhida, aquilo não fazia o menor sentindo, esperava que qualquer um fosse, menos eu, me sentia tão incompetente.

-Gabbie!- uma voz interrompe meus pensamentos, esperava que fosse Arthur- a voz era bem parecida-, mas era Gabriel, um menino que me ensinou muito sobre aquele mundo.

-Diga...

-Se te conheço bem, você deve estar preocupada, não a julgo, em seu lugar também estaria, mas, em nenhum momento se sinta menos do que capaz ou algo do gênero, você, ao contrário do que deve estar pensando, é a melhor pessoa para ir ao céu, e liderar essa guerra, e, não é porque você é a escolhida que tem que fazer isso sozinha, estaremos todos aqui, ao seu lado, - ele faz uma pausa e abre um enorme sorriso- agora vamos parar com esses conselhos clichês e vem aqui me dar um abraço.

Aquele foi um dos melhores abraços que já recebi, e, naquele momento me senti preparada para enfrentar tudo aquilo, tinha que encarar meu destino, e não me parecia tão ruim assim fazê-lo, e assim, minha "jornada" ao céu, havia começado...

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