Hoje faz uma semana em que estou no manicômio, nada aqui me faz sentir melhor, passo o dia todo desocupado e cá entre nós ficar pensando sozinho o dia todo é perigoso.
Me recuso a sair do quarto e ter que viver, já que estou num manicômio posso me comportar como um louco não é?Dia 31 de outubro de 2015
—Hey acorda Rafael!—Meio sonolento abro os meus olhos me acostumando a claridade do quarto, vejo uma silhueta que logo depois ganha um rosto. Felps.
— O que é?—digo me tampando até a cabeça numa tentativa de não ter que sair da cama.
—Hoje é aquela super festa de Halloween! E você não tem fantasia—Fala empolgado enquanto arranca o meu cobertor e joga em um canto da sala— Então você tem que agora levantar sua bunda da cama para irmos comprar um roupa e socializar um pouco— Olha pra ele— vai te fazer bem cara...
O relógio marcava 16:35 quando cheguei na loja de fantasias, não tinha a mínima ideia do que vestir, olho para o lado e vejo o Felps empolgado mexendo em todas as araras de roupas procurando uma fantasia, —rio baixo— bom se não fosse para ir por eu iria por ele.
* * *
— TCHARAM— Felipe diz animado me mostrando um fantasia de um desenho animado— Melhor cosplay de Dipper que eu já vi
—Cara eu to incrível—rio me olhando no espelho— Mas isso não é bem uma fantasia de Halloween....
—Como não?!—olha pra ele fingindo estar ofendido— o Dipper é o maior detetive de terror que eu já vi na minha vida! Não ouse jamais falar que ele não pertence ao Halloween!
* * *
As 18:00 eu já estava na festa esperando o Felps chegar. 18:15, ainda não. 18:30 ainda não. Quando o relógio marca 18:45 decido ir pegar uma bebida, então é aí que tudo começa, através de uma janela cheia de enfeites macabros eu avisto uma linda ruiva, e como se ela soubesse que eu a estava observando ela me observa de volta, aqueles poucos segundos parecem durar muito, ela desvia o olhar e volta a falar com seus amigos, tento continuar o que ia fazer, pega um pouco de um ponche vermelho e quando o levo para a boca escuto uma fina voz:
—Ah não, você não vai querer beber isso— Diz uma garota ruiva baixinha enquanto pega o meu copo e joga fora, é a mesma garota que eu tinha visto pela janela, agora de perto percebi que ela está fantasiada de Wendy— É horrível... Hmmm pega isso aqui — serve um pouco de energético e me entrega.
—Gostei da sua fantasia—pego o copo e bebo.
—Obrigada! Gostei da sua também! Acho que estamos combinando — ri fraco da um empurrãozinho no meu ombro— você está sozinho?
—Bom... eu estou esperando o meu amigo.... Mas ele está atrasado demais— Olha pros lados meio envergonhado.
—Eu estou com uma amiga ali, e adivinha?! Ela está vestida de Mabel! E eu estou de Wendy você de Dipper! Fazemos um trio perfeito! Se eu fosse você viria comigo... —ela sai andando meio saltitante e olha para trás com os olhos brilhando.
Sem pensar duas vezes, como um imã sou atraído para perto dela, por um instante enquanto a sigo parece que só há nos dois ali, sua expressão sorridente enquanto anda e olha para mim, deixo um sorriso bobo em meu rosto e me deixo envolver pela vibe do lugar.
Chego em um espaço com um sofás onde o som da música está mais abafado, no sofá há apenas uma garota sentada com meias até a metade da canela, uma saia, é um moletom escrito "amazing" em cores brilhantes, a única coisa que saia da fantasia era o seu cabelo liso channel e um pequeno piercing no septo.
—Ah eu tinha me esquecido—a ruiva estende a mão— Meu nome é Flavia... Flavia Sayuri mas pode me chamar de Sasa!
—Ah eu também... Sou Rafael Lange—aperto sua mão e um eletricidade surge ali, rapidamente passa ao que nossas mãos se soltam.
—Aquela ali é a Gabs—aponta para a menina no sofá.
—Oi—fala desanimadamente se afundando mais no sofá, o seu vai olhar subindo dos pés do Rafael até a ponta do seu boné— AI. MEU. DEUS.—fala alto e pausadamente— ACHEI MEU IRMÃO DO MISTERIOOOOO—Se levanta muito rápido e corre e me abraça forte até demais, não consigo me controlar e solto um riso, Sasa ao meu lado também ri e ajeita a gola da blusa verde, depois de alguns segundos a Gabs me solta e me olha animadamente.
— Viu Flavia eu falei que alguém ia vir de Dipper!— Flavia responde alguma coisa que eu não escuto porque o meu olhar foca no Felipe chegando, ele esta fantasiado de Stan, fantasiado até bem demais, faço um sinal para ele vir até mim, as duas olham para o local que eu apontei e a Gabs fica ainda mais animada dando alguns pulinhos.
Felipe chega e nos cumprimenta logo em seguida ele a Gabs começam a falar sobre um assunto e claramente eu e a Sasa ficamos sobrando, o nossos olhares se cruzavam, desviavam, até que decido fazer uma proposta:
—quer ir dançar?
—Claro!— Ela se levanta e segura em minha mão o arrastando-me para a pista de dança, a música que tocava era Roses, ela dançava na minha frente com os olhos fechados, como se estivesse em seu próprio mundo, enquanto sorria e eu a fitava com os olhos, me permitia dançar um pouco também.
Eu mal a conhecia mas isso não me impedia de gostar muito dela, seu sorriso faz até as partes mais escuras da cidade se iluminar, ela é linda e no meio de toda essa bagunça ela deu um jeito de se acomodar.
* * *
Eram umas 4:00 horas da madrugada quando a última música tocou, Meus pés estavam calejados de tanto dançar e minhas bochechas doloridas de tanto rir e sorrir, mas essa dor valia a pena e a sentiria pro resto da vida se fosse pra me divertir assim.
Flavia estava sentada na calçada com a Gabs deitada em seu colo, Felipe estava ao meu lado em pé todo sorridente, algo tinha acontecido, provavelmente ele me contaria depois, observo a Gabs se levantar e se espreguiçar, logo em seguida a Flavia se levanta também.
—Bom já está tarde... Eu e a Gabs vamos indo para casa
—Ah claro eu e o Felps também já estamos indo—sorri para elas.
—Então tá—Ela se aproxima de mim e se despede— eu gostei de você!
—Eu também gostei!... Vamos nos encontrar de novo?—tento dizer num tom menos desesperado do que eu realmente estou.
—Só depende de você—dá os ombros, pega a sua bicicleta que estava apoiada em uma árvore e sobe nela.
—Tchau gentes—A Gabs acena enquanto sobe na garupa da bicicleta, eu e Felps acenamos de volta, vendo a bicicleta se afastar sou tomado por um pânico de talvez não vê-la mais, fico um pouco tonto, talvez fosse apenas o efeito do álcool, mas a mistura de ansiedade e medo dentro de mim crescia, tentando disfarçar coloco as mãos no bolso da calça e sinto um papel, ao pega-lo rapidamente o desdobro e leio "me chama quando quiser e se quiser XoXo" embaixo estava seu número de telefone, todos os sentimentos ruins foram embora como se esse papel fosse um antídoto para o veneno que me matava.(Se você gostou deixa aquele fav lindo ❤️)
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Sunset
RandomHistericamente. Histericamente caia a chuva, eu a observava através das janelas gradeadas do manicômio, estou frio em meu pequeno quarto com apenas um fino lençol me tampa, mas eu não me importo, esse frio me traz boas lembranças de quando eu espera...