3. Fuga das galinhas

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Mas uma vez sonhei com ela... como em todas as noites... vejo-a mas não consigo toca-la, ela fala mas não consigo ouvi-la, e ela anda até uma forte luz, sigo-a a um caminho que parece tão calmo, com um sorriso ela vai desaparecendo na luz  ao invés de mim que sou envolto por uma força negra e trazido de volta a esse frio e solitário quarto...
                              ***
Dia 15 de novembro de 2015 (quinta-feira)
Sonolentamente abro os meus olhos, tudo ainda esta meio embaçado, até que um rosto sorridente se foca na minha frente, me assusto, me jogo para trás e acabo caindo da cama de costas no chão.
—Tá tudo bem cara?—Felps me pergunta ainda sorridente.
—Mas que porra é... o que que você ta fazendo aqui?—Ainda meio confuso pois acabei de acordar— como você entrou aqui?—me sento no chão e mexo no cabelo.
—A sua mãe me deixou entrar—Ele ainda está mantendo o sorriso.
—Mas a porta tava trancada cara...
—voce ainda duvida dos meus poderes de ninja cara?—ele mostra uns grampos que provavelmente usou para invadir meu quarto.
—Tá, você já ta me assustando cara...—olho pra ele com aquele sorriso medonho— o que houve?
—Achei que você não ia perguntar nunca—sorri mais empolgado ainda— eu, beijei, a, Gabs.......AAAAAAA— ele grita enquanto ri.
—Comassim?—rio junto com ele— mas já? não é... cedo demais...?
—Você viu como ela é gata? cara antes cedo demais do que tarde demais.
—É realmente... mas você quer algo serio?
—Se ela quiser eu até caso— ele sorri.
—Iiiih ta apaixonado—debocho.
—ah cala boca— ele deita na cama com os braços cruzados embaixo da cabeça, me levanto e ponho uma blusa, vou para o banheiro, começo a escovar os dentes e não demora muito até que o Felps brota do meu lado e me interroga:
—E você e a Ruivinha? Já rolou algo?
—Você chamando ela de Ruivinha parece até uma atriz pornô
—Rá! Não tente mudar de assunto pequeno gafanhoto!
—Não to mudando de assunto...— volto a escovar os dentes.
—Pelo visto não rolou nada né?—Ele faz uma cara de desanimado, termino de escovar os dentes e respondo.
—Porque rolaria? Nós...—ele me interrompe.
—"Somos só amigos blá blá blá"—ele fala imitando minha voz e meus gestos— Quanta viadagem
—Eu prefiro ter ela só como amiga do que estragar tudo tentando alguma coisa—passo por ele e saio do banheiro, pego meu telefone, e vou vendo as notificações, havia uma mensagem da Sasa: "Hey sei que é de última hora mas eu vou passar o fim de semana fora com a minha mãe e meu padrasto num chalé, você gostaria de vir? Ps.: a Gabs vai, você poderia trazer o Felipe beijineos". Respondo imediatamente: "vou ver com o Felipe e minha mãe me passa os horários e tudo certinho ok?", enquanto ela não responde eu olho para o Felps e falo:
—Arruma suas malas cara, nós vamos viajar.
                                 ***
Desde que eu comecei a sair sempre acontece a mesma coisa: eu marco tudo, e quando eu tenho que pedir pra minha mãe ela não deixa.
                                 ***
—Mãezinha—Abraço ela por trás enquanto a mesma cozinha.
—Pra estar assim carinhoso só pode querer alguma coisa... O que é?
—Eu tenho uma amiga... E ela me chamou pra "viajar" com ela...—Digo meigamente.
—Melhor não.—ela diz seca, sem tirar os olhos da comida.
—Mas mãe o Felipe vai
—Você não é o Felipe, Rafael—Ela se vira de frente para mim e me olha severamente.—a resposta é: Não.
—Mas mãe...
—Não Rafael— Ela volta a cozinhar, me levanto calmamente e volto pro meu quarto, fecho a porta, pego meu telefone e mando uma mensagem pro Felps: "que comece a fuga das galinhas meu amigo".
Dia 16 de novembro de 2015 (sexta-feira)
Chego do colégio e me sento ansiosamente na mesa, junto com a minha mãe e minha irmã Isis, o tempo que sempre passa rápido agora parecia se arrastar, eu balançava a perna, olhava para os lados roía as unhas, tentava disfarçar mas eu nunca tinha enganado minha mãe antes. O almoço é servido e eu como rapidamente, o que até me deu um pouco de pena pois a comida estava tão boa.
        subo para meu quarto com a desculpa que tenho que organizar meu material pois iria na casa do Felipe fazer um trabalho, o incrível é que Felipe e eu sempre aprontávamos e minha mãe nunca desconfiava de nós dois.
Chego no quarto e tranco a porta, olho em volta, e vou escolhendo mentalmente o que eu vou levar, pego minha mochila e a encho com meus pertences e roupas, ah muitas roupas, tiro um pouco, o meu telefone apita, é a Sasa, abro a mensagem "Hey Rafa já são 14:00h as 14:30 a gente tem que sair, vem logo" respondo "Já estou no caminho" mas na verdade minha bolsa nem estava arrumada.
O relógio marca 14:05, e eu mal e porcamente tinha feito minha "mala", amarro-a numa corda e vou descendo-a pela janela, ela cai atrás de uns arbustos perfeitamente escondida, 1º passo da fuga foi completo. Passo perfume, talvez demais? É. Vou até a minha mãe e a beijo na testa.
—To indo pra casa do Felipe okay?
—Okay filho
—Talvez eu durma lá... Sem problema né?
—Se você for dormir lá me avisa
—Claro mãe— Saio de casa, 2º passo completo, 14:10, pego minha minha mochila atrás do arbusto, a coloco nas costas e subo na bicicleta, começo a pedalar o mais rápido possível, quase sou atropelado várias vezes mas chego a casa da Fla as 14:29, ofegante toco a campainha, espero uns segundos até que o Felps abre a porta.
—Eai?—Ele aperta minha mão e abre o portão para eu passar, entro com a bicicleta e a coloco do lado da do Felipe, 3º e último passo da fuga completo.
—Que desculpa você deu pra sua mãe?
—Eu falei que ia pra sua casa
—Eu falei que eu ia pra sua casa também cara—digo assustado.
—Relaxa eu bloqueei sua mãe em todas as contas da minha, e além do mais, acho que minha mãe vai pra aquele spar nesse fim de semana
—Tá... Vou relaxar tudo vai dar certo... É... Vai... Vai sim....— Vejo Sasa e a Gabs saindo de casa com suas mochilas, sua mãe e seu pai vem logo atrás, ela abre um sorriso contagiante, vem até mim e me abraça.
—Eu achei que sua mãe não ia deixar
—E ela não deixou
—como?—ela dá uma risada nervosa, vejo sua mãe vindo e faço um sinal tipo "depois eu falo" ela assente e se afasta dando abertura pra sua mãe.
— Você deve ser o Rafael né?—ela me abraça e me dá um beijo na bochecha— Sou a mãe daquela neném ali prazer
—Prazer é todo meu—sorrio, e olho pra Fla de canto de olho, ele está corada e logo vem na nossa direção.
—Tá já deu mãe—Ela abraça sua mãe de lado e vai indo pra uma mini-van preta, Felipe e Gabs vão atrás de mãos dadas, e eu vou ainda sem acreditar no que fiz vou junto.
De lado uns com os outros trocávamos olhares entediados, enquanto os pais da Fla estavam distraídos conversando nos bancos da frente, o meu telefone vibra e eu o pego, abro uma mensagem da Fla:
Sasa: "não aguento mais esperar, me conta logo como você saiu de casa!", com um resumido texto conto tudo o que aconteceu, assim que envio a observo lendo-o e soltando alguns risos durante. Não demorou muito até que o Felps e a Gabs se afastassem um pouco para se darem uns beijos, então eu me sentei de costas pra eles e não demorando muito a Flavia fez o mesmo, sentando-se ao meu lado. O sol batia em seu rosto, as sardas em seu rosto pareciam estrelas, ela é tão bela, como não se apaixonar? Seus cabelos alaranjados como o por do sol, suas sardas pareciam estrelinhas em suas bochechas, e os olhos serenos mirando no horizonte, ela vira o rosto lentamente e me fita com um pequeno sorriso nos lábios rosados.
—No que estava pensando?—Ela fala baixo.
—Em você...—Respondo no mesmo tom.
—Que coincidência—ela apoia a cabeça no meu ombro e fecha os olhos—Eu também estava pensando em você...

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Bjo bjo

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